O Mundo dos Negócios

O governo Bolsonaro e as relações comerciais com a China

Sócio-diretor da UNQ Import e Export explica a relação comercial entre os dois países

Por Redação Engeplus

Em 22/11/2018 às 13:38
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A China representa um grande parceiro comercial do Brasil em importações e exportações. Com Jair Bolsonaro eleito como novo presidente do país, a perspectiva é de que ocorram mudanças em diversas áreas da administração pública, inclusive em relações comerciais internacionais. O sócio-diretor da UNQ Import e Export, Marcelo Raupp, explica de forma fácil como deve ficar a relação Brasil-China no futuro. Confira:

Portal Engeplus - É verdade que atualmente a China é um dos maiores parceiros comerciais do Brasil.

A China é o país que representa o maior número de negócios tanto em exportações como em importações. Hoje, conforme dados acumulados até out/2018 do MDIC, 26% das exportações e 19% das importações brasileiras têm a China como parceiro. Em segundo lugar estão os EUA com 12% e 16%, respectivamente.

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Em SC, segunda dados da Fiesc até julho, a China se mantém em 2º nas exportações e 1º nas importações. Com as barreiras impostas pelos EUA à China, a tendência é de aumento de oportunidades de negócios. Neste último mês, por exemplo, vimos a soja bater recordes de exportação para a China.

Portal Engeplus - A China por sua vez, fez um alerta ao presidente eleito Bolsonaro por meio de uma publicação em seu principal jornal estatal. Ela afirmou que o Brasil tem muito a perder em caso de rompimento de acordos. Como fica a economia do Brasil caso o país desfaça esses vínculos com a China?

A repercussão deste tema foi um pouco diferente do que se viu na realidade do editorial do jornal. Lendo o mesmo na íntegra, a minha impressão não foi de um alerta ou recado. Mas sim de uma análise do novo presidente brasileiro e os riscos caso a atuação fosse parecida com o do presidente norte-americano, Donald Trump. Culturalmente, não seria essa forma de manifestação da China.

De qualquer forma, o anúncio do novo ministro das relações exteriores, Ernesto Araújo, embora com bastante capacidade técnica pela experiência, preocupa um pouco pela posição de extrema direita manifestada em seus artigos antes da nomeação. Nos números de exportação, temos como os três principais produtos a soja, óleo bruto e minério de ferro. Produtos básicos, negociados principalmente pela demanda, sem diferenciação. Ou seja, quem tem mais a perder é o Brasil nessa interrupção de negócios, já que a substituição de compra é muito mais fácil do que a de venda.

Por outro lado, nas importações, são produtos com baixo custo e de tecnologia, que possibilitam maior capacitação de concorrência global à indústria nacional. Estes produtos diferenciados geram uma dependência maior e uma possível dificuldade de substituição de fonte de mesma condição. Por isso, caso o país se desfaça destes vínculos, a economia sofrerá diferentes prejuízos a curto e médio prazo, certamente, gerando graves consequências para o cidadão brasileiro em geral.

Portal Engeplus - As áreas de Agronegócio, energia e mineração seriam as mais prejudicadas? Se sim, porque? Se não, quais as áreas que seriam mais prejudicadas?

Pensando na exportação, sim, já que são os segmentos de maior poder para isso. Entretanto, se avaliarmos a condição que o produto chinês fornece às empresas brasileiras, todo segmento será afetado a curto prazo. No final das contas, todo cidadão sofreria desta perda de relacionamento, já que a inflação, pelo fim da concorrência externa, deve disparar. Além, é claro, da redução de empregos pela diminuição da capacidade competitiva das nossas indústrias.

Portal Engeplus - As declarações de Bolsonaro tem causado efeito no país, na área comercial, quando se tratando da China?

Antes das eleições, as declarações sempre foram muito bem pontuadas e bem-vistas, abrindo espaço para o diálogo pela importância de mercados como a China e os EUA. A indicação do novo ministro gerou uma nova condição e a expectativa é de novas declarações de aproximação para que a tensão não se desenvolva. Não podemos querer nos posicionar como os EUA fizeram. O Brasil é um país dependente, sem a capacidade tecnológica, mercadológica e a estabilidade americana.

É preciso reduzir a dependência nessa vantagem comparativa com a China, sim. Ou seja, aumentar a capacidade de exportação de produtos manufaturados, equilibrando essa condição técnica, já que hoje só levamos o que é basicamente primário. Entretanto, deve haver uma ponderação nas ações, evitando qualquer ato extremo que possa levar a consequências muito difíceis de se reverter.

UNQ Import Export trabalha a revista “O Mundo dos Negócios”, que aborda temas gerais sobre comércio exterior e desmistifica os conceitos de negócios internacionais como um todo. Para receber a versão impressa da revista, basta solicitar pelo e-mail  imprensa@unq.com.br. O material é gratuito. Além disso, o acesso também pode ser feito no portal O Mundo dos Negócios, com o download da versão digital.

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