Por Denis Luciano - denis.luciano@engeplus.com.br
Em 15/03/2017 às 21:28“Ole, ole, ole, ole, Têgre, têgre”. O canto, em um português arrastado para o tetun, ecoou nas montanhas de Aileu na manhã de quinta-feira, enquanto o Criciúma enfrentava o Fluminense no estádio Giulite Coutinho, no Rio de Janeiro. Fruto do fuso horário, que coloca o sudeste da Ásia doze horas à frente do Brasil.
O curioso triângulo transoceânico teve como pivô o professor Ricardo Medeiros, 38 anos. Criciumense, Medeiros reuniu 22 meninos de um projeto social e esportivo no Timor Leste para ouvir o jogo do Tigre pela Rádio Eldorado. “Eles não conhecem narração esportiva aqui, então colocamos a transmissão da Eldorado para as crianças”, conta Ricardo, enquanto o narrador Mário Lima transmitia as emoções da partida.
São meninos de 12 a 14 anos, bastante carentes, como muito carente é a grande maioria da população do Timor, antigo território da Indonésia que tornou-se país em 2002, após sangrenta guerra civil. “Aqui falta tudo. Eles não tem água tratada, nem saneamento básico”, conta Medeiros.
Pela Associação Projeto Montanha, que é a obra social de uma ONG do Timor fundada pelo casal brasileiro Eduardo e Gisele Trucco, os meninos conheceram, faz pouco, itens básicos da nossa rotina. “Essas crianças nunca tinham tomado banho quente em um chuveiro elétrico. Conheceram isso faz pouco”, relata o criciumense.
Inclusão e
dignidade
No projeto, a meninada do Timor, com instrutores e voluntários brasileiros, conta com alimentação, aulas de português, higiene e entretenimento com jogos de tabuleiro, além dos treinos de futebol ministrados por Ricardo Medeiros.
“A subnutrição é infelizmente frequente aqui, e as aulas são necessárias pois, embora o português seja o idioma oficial, a maioria fala tetun, e os jogos usamos para desenvolver o raciocínio deles”, conta o criciumense. E tem talentos no futebol também. Como Ércio, de boné, que é professor de Educação Física sem formação e aparece no lance abaixo filmado por Ricardo orientando os meninos. "Estamos preparando ele para ajudar como técnico", conta.
Faz um ano que Ricardo deixou Criciúma, com a esposa e os filhos, para se dedicar à nova vida, ajudando na construção do Timor Leste. “Com saudades aí, mas felizes por servir aqui”, conclui. E a meninada lamentou a eliminação do Tigre. Mas aprendeu mais sobre nós, e o Brasil.
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