Cultura em Cena

Um amor chamado... Teatro!

Doriana Búrigo “respira” arte há mais de 20 anos

Por Milena Nandi - culturaemcena@engeplus.com.br

Em 17/02/2021 às 19:23
imagem da noticia
Foto: Divulgação

“Na época em que eu fazia Educação Artística na Fucri, a Fundação Cultural de Criciúma entrou em contato com o curso e a professora Valentina, que lecionava a disciplina de Artes Cênicas, indicou meu nome. Quando a Tina me avisou sobre essa vaga nas Oficinas de Artes, lembro que disse: ‘Trabalhar com teatro? Nada a ver comigo, meu negócio é desenho’. Ela insistiu dizendo que era a minha cara e que pelo que via dos meus trabalhos da faculdade, tinha tudo para dar certo. E foi com o Teatro que me encontrei como profissional”. A fala é da professora e atriz Doriana Búrigo, que há mais de 24 anos “respira” teatro. E é ela quem estará na edição de fevereiro do projeto “Um amor chamado...”. Fique com a gente e conheça mais da história desta profissional da arte.

Ao longo de mais de duas décadas, Dori dá vida a dezenas de personagens como Doriska, Carmen Fogosa, Senhorita Historieta e Dona Literatura, trabalha nos bastidores, dirige espetáculos, dá aulas com foco em arte educação e marca a vida de centenas de crianças, adolescentes e adultos em suas oficinas de Teatro.

Ao iniciar em 1997 como professora nas oficinas de Artes da Fundação Cultural de Criciúma, ela não imaginava bem o direcionamento que sua carreira tomaria. Cerca de dois anos depois, estreava como atriz em uma leitura dramatizada do clássico “O pagador de promessas”. Formada em Licenciatura em Educação Artística, ela investiu em uma pós-graduação na área de Informática e Desenho – na época ainda tinha dúvidas com relação ao teatro, e pensava que o desenho ainda seria sua atividade profissional. Mas na metade da especialização, “a ficha de vez” e ela decidiu pelo teatro. A paixão é tão grande que ela até iniciou os estudos no Mestrado em Artes Cênicas.

Para você saber mais desta artista e educadora, a Coluna Cultura em Cena fez as perguntas abaixo:

Cultura em Cena – Qual a importância da arte como instrumento de educação (tanto no âmbito formal como em espaços não formais?)

Dori Búrigo – O teatro, através de suas ferramentas, proporciona ao ser humano condições de se redescobrir e de se melhorar, ampliando o autoconhecimento e trazendo grandes benefícios para a vida do indivíduo, seja no campo social, profissional ou acadêmico. Quantas vezes recebemos alunos, das mais variadas idades, com uma imensa dificuldade em se comunicar porque é extremamente tímido. Isso pode causar uma série de dificuldades a esta pessoa. Pode se isolar, perder oportunidades e às vezes, até desenvolver algumas fobias.

O teatro com suas atividades no campo da expressão corporal, oral, técnicas e exercícios que ensinam o indivíduo a lidar com os medos, as inseguranças, mostram para esse aluno, uma nova forma de ver o mundo, transformando o ser em um indivíduo que consegue controlar os sentimentos, descobrir os gatilhos que o impedem de seguir adiante, além de aumentar a autoestima e a segurança.

Em termos de educação, é uma ferramenta que proporciona apresentar diferentes assuntos, utilizando-se de uma linguagem poética, o que pode facilitar a compreensão e a fixação de determinados assuntos.

Já se falarmos sobre a apresentação de um espetáculo, ele proporciona ao espectador uma imersão que mostra o “mundo real” com outros olhares, outras formas de sentir, ver e ouvir. Estimula os sentidos e abre um campo de conexão entre o espectador e os atores em cena, que nem a linguagem mais nobre conhecida pelo homem é capaz de conseguir descrever apenas com algumas palavras.

Cultura em Cena – O que o teatro significa para você?

Dori Búrigo – Me considero muito rica, não por conta do dinheiro, mas por poder trabalhar com aquilo que amo. Obviamente que encontro dificuldades, momentos bem difíceis, outros um tanto mais fáceis de lidar, como qualquer outra profissão. Como acredito que nessa vida nada é por acaso, me considero muito abençoada por ter acontecido tudo isso comigo. O teatro me transformou, tanto pessoal quanto profissionalmente.

A liberdade de colocar minhas ideias, explorar a criatividade, experimentar, errar, refazer, descobrir infinitas possibilidades de se montar um espetáculo, compartilhar com os alunos, com o público e acender nem que seja uma fagulha  em cada aluno, para que eles se descubram e vejam o mundo através de uma outra perspectiva, é o maior presente que a vida profissional pode me dar.

O que é essa vida, senão um imenso palco onde nós interpretamos vários personagens, muitas vezes sem nem nos darmos conta disso? É o papel de professora, o papel de aluno, de esposa, de filho, e por aí vai...

Cultura em Cena – Quais os desafios de viver da arte e como está sendo este período de pandemia?

Dori Búrigo – Historicamente, viver de arte no Brasil, seja qual for a modalidade, nunca foi muito fácil. Acredito que um dos maiores desafios para qualquer fazedor de arte, é lidar com o preconceito dos que falam e desdenham a arte e o artista por falta de conhecimento ou porque não se permitem experimentar e praticar a empatia. Por outro lado, encontramos as dificuldades entre os próprios fazedores de artes. O que chamamos de estrelismo, destrói a arte e o artista.

Em tempos de pandemia, buscar um novo fazer artístico tem sido uma luta constante, porque fazer teatro implica em um contato físico e presencial com o público. E como lidar com isso se é necessário o distanciamento físico? Muitos grupos têm tentado, através das mídias digitais, da internet, em formato de vídeos manterem essa arte em movimento.

O ano de 2020 foi bem difícil, pois as atividades em grupo foram suspensas, e só foram permitidas oficinas que atendiam um aluno por vez, o que não é possível com o teatro.

Mas essa pausa me fez investir em pesquisas e na escrita de projetos, o que acabou rendendo três premiações em editais: Edital 01/2020 - Cultura de Criciúma, com o projeto de vídeos de contação de histórias com a personagem “Doriska, a caçadora de histórias”; Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura do Estado de Santa Catarina 2020, com o projeto “Nos tempos da Nonna – pesquisa e dramaturgia da história da imigração italiana na região sul catarinense”; e o Edital FCC 02/2020 - Lei Aldir Blanc, com o projeto “ Nos tempos da Nonna - pesquisa e desenvolvimento de uma identidade visual”.

Leia mais sobre:

TEATRO,

projeto,

cultura,

Coluna,

cultura em cena,

um amor chamado,

dori burigo.

Receba as principais notícias de
Criciúma e região em seu WhatsApp.
Participe do grupo!

Clique aqui