Após a repercussão na internet do caso envolvendo um aluno do Grupo 2 do Centro de Educação Infantil (CEI) Beato Aníbal Maria di Frância, no bairro São Francisco, em Criciúma, o Poder Executivo analisa duas mudanças na rede de ensino municipal. 

Uma delas é um aumento no salário dos estagiários da educação, como forma de tornar a função mais atrativa, já que há vagas para serem preenchidas, conforme destacou em sessão ordinária, o vereador Antonio Manoel, líder de governo. A outra, é aumentar o número de vagas para professores auxiliares.

Sobre o salário dos estagiário, o Executivo estuda uma proposta da Secretaria de Educação. “O RH vai estudar o impacto financeiro disso, mas teve essa conversa de melhorar os salários dos estagiários”, relatou a secretária de Educação Geovana Benedet Zanette, sobre a reunião que tratou do assunto no Paço Municipal na quarta-feira, dia 5, com a presença do prefeito Vagner Espíndola, do vice-prefeito Salésio Lima, e do secretariado municipal.  

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A proposta é aumentar R$200 no vale transporte. Atualmente o estagiário recebe por 20 horas: R$539,05, mais R$150 de vale transporte, que dá o total de R$689,53. Por 30 horas, o estagiário recebe R$917,20, mais vale transporte, recebendo no total: R$1.067,20. 

Para ser estagiário é necessário estar no ensino médio ou ensino superior, cursando dentro da área da educação, podendo ser, por exemplo, psicologia, pedagogia ou letras.

Professores auxiliares

A Prefeitura de Criciúma encaminhará para a Câmara de Vereadores Municipal analisar uma proposição para abrir mais vagas para professores auxiliares, que são aqueles que ficam com as crianças especiais, que possuem algum tipo de deficiência. Atualmente a lei permite a ocupação de 50 vagas. A iniciativa é aumentar para 300.

“A gestão anterior já tinha chamado 30, e nós chamamos mais 20. A gente consegue chamar mais 70, que estão na fila, que seriam para essas vagas”, pontuou. Posteriormente, ela explicou, que a ideia é pensar num concurso para os auxiliares. “Porque daí vai diminuindo essa questão de que sempre precisa", enfatizou. O professor auxiliar é um profissional formado na área da educação.

Professores

Conforme Geovana, no início do ano foram chamados 70 professores de todas as áreas de ensino da educação e serão chamados mais 15, devido algumas exonerações e aposentadorias que surgiram nos meses de fevereiro e março. 

Como funciona o atendimento às 'crianças especiais’

Hoje, Criciúma possui na rede municipal cerca de 1.200 crianças com necessidades específicas. “Nós precisamos trabalhar em torno dessas vagas, e com isso são chamados auxiliares de sala ou estagiários”, afirmou a secretária.

Ela explicou que a Secretaria de Educação possui uma equipe multiprofissional, com psicólogos, médico neurologista entre outros profissionais, que vão in loco avaliar a necessidade do aluno.

“Dependendo da deficiência tem um acompanhamento, têm crianças que é necessário ser o auxiliar de sala, que é um professor formado, tem criança que é o estagiário. Fazemos todo esse crivo, eles conferem os laudos, porque tem criança que não precisa nem de acompanhamento. Eu, por exemplo, tinha um aluno que era autista e não precisava de acompanhamento. Então, depende de cada criança, cada caso é um caso", afirmou. 

Geovana disse ainda que as crianças especiais também recebem atendimento educacional especializado, que é um atendimento diferenciado no contraturno. 

Sobre a quantidade de alunos nas turmas, ela informou que cada série possui uma legislação, exemplificando que no ensino fundamental são de 20 a 25 alunos, porque estão em fase de alfabetização. “A gente sabe que dependendo, se tem criança com necessidade específica na turma, colocamos menos alunos, já que a professora também tem aquela atenção individual para o aluno com necessidade especial”, enfatizou.

Criança estava sozinha

Um aluno foi flagrado sozinho, sem supervisão, no Centro de Educação Infantil (CEI) Beato Aníbal Maria di Frância. Segundo a Afasc, a direção e a coordenação do Departamento de Educação Infantil foram até a creche para levantar informações acerca do ocorrido. O aluno é do Grupo 2, que possui a supervisão de duas professoras no período da manhã.  

“Analisando as imagens das câmeras, observou-se que a criança saiu engatinhando, conseguindo chegar até as grades, que ficam nos fundos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA). A equipe do Centro de Educação Infantil (CEI) entrou em contato com a mãe, para que ela fosse até o CEI para que fosse esclarecido o ocorrido”, disse em nota. 

A Associação Feminina de Assistência Social de Criciúma (Afasc) informou que abriu uma sindicância e afastou as duas professoras envolvidas. Logo em seguida, o prefeito de Criciúma, Vagner Espíndola, informou que solicitou a exoneração dos responsáveis. 

O caso aconteceu na quarta-feira, dia 5. Nesta quinta-feira, dia 6, a Afasc emitiu uma nota oficial. Confira na íntegra: 

Desde a quarta-feira (05), a Associação Feminina de Assistência Social de Criciúma (Afasc) segue preocupada em resolver da melhor forma o caso registrado no CEI Beato Aníbal Maria Di Francia. De imediato, assim que tomou conhecimento dos fatos, a Direção se preocupou em prestar todo o suporte necessário à criança e aos seus familiares.

Ainda na quarta-feira, as duas professoras responsáveis pela turma do Grupo 2 foram afastadas e uma sindicância foi aberta para que todos os detalhes fossem apurados. As informações foram coletadas e chegou-se à confirmação de que realmente houve um caso de negligência. Por este motivo, as duas professoras foram demitidas na manhã desta quinta-feira (06). 

A Afasc reforça que segue rigorosamente as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Municipal de Educação de Criciúma e que as duas professoras em questão são devidamente formadas. Na quarta-feira, ambas supervisionavam 14 crianças no momento do ocorrido. 

Atualmente, o Departamento de Educação Infantil da Afasc possui 1025 professoras contratadas para atuação nos CEIs, além de 146 estagiárias. O quadro de profissionais segue aumentando, tendo em vista que ainda há um processo seletivo em aberto para a contratação de mais 28 professoras e ao menos 30 estagiárias. 

Esse número já representa um aumento de quase 10% na contratação de professores, um cenário que a Afasc quer continuar melhorando. 

A Associação também segue preocupada em melhorar o trabalho desempenhado nos CEIs e, por isso, tem proporcionado aos colaboradores, formações e capacitações com frequência. Além disso, também está em busca de outras soluções para melhorar as condições de trabalho de forma geral.
A Direção da Afasc reforça que casos como o registrado nesta quarta-feira não devem se repetir, que segue atenta e que fará de tudo para garantir o bem-estar de todas as crianças que, diariamente, frequentam os CEIs.