Saúde Mental

Brain rot: como o excesso de consumo digital afeta o cérebro

Países e escolas intensificam proibição de celulares como alternativa de redução de danos

imagem do colunista

Por Roberta Mânica

Em 12/12/2024 às 21:51
imagem da noticia
Foto: Pinterest

Quanto tempo você passa diariamente nas redes sociais? Que tipo de conteúdo consome? A sensação de exaustão mental após horas online ganhou um nome: brain rot, ou “cérebro apodrecido”. Eleita a palavra do ano pelo Dicionário Oxford, a expressão descreve o impacto negativo do consumo excessivo de telas e de conteúdos triviais e rasos no cérebro humano. Pesquisas recentes comprovam que esse comportamento pode comprometer a atenção, a memória e até a estrutura cerebral, principalmente entre jovens e crianças.  

Impactos reais na estrutura cerebral

Um estudo recente conduzido por pesquisadores da Universidade de Hong Kong revelou que o uso crônico de telas prejudica a neuroplasticidade em crianças, afetando a formação e reorganização das redes neurais — processo essencial para o aprendizado, desenvolvimento cognitivo e adaptação a novas experiências. Essa alteração pode limitar as habilidades de resolução de problemas e tomada de decisões no futuro, além de comprometer o desenvolvimento da memória e atenção.  

Resultados semelhantes foram demonstrados em adultos. Uma pesquisa publicada na National Library of Medicine constatou que o uso prolongado de dispositivos digitais pode reduzir a massa cinzenta do córtex — região cerebral responsável pelo controle de impulsos e escolhas conscientes. O vício em redes sociais também foi associado a prejuízos nas funções executivas, como planejamento, organização e memória de trabalho.  

Superficialidade e a modernidade líquida

O fenômeno brain rot não é apenas um problema neurológico, mas também sociocultural. O sociólogo Zygmunt Bauman teorizou sobre a modernidade líquida, caracterizada pela superficialidade e pela busca por gratificação imediata. Esse comportamento, intensificado pela rolagem incessante de feeds, dificulta a capacidade do cérebro de interpretar informações complexas e profundas. Essa tendência de falta de aprofundamento e superficialidade, embora intensificada pela era digital, já era criticada no século XIX pelo autor Henry David Thoreau. 

Especialistas em neurociência e saúde mental afirmam que é possível minimizar e até reverter os danos causados pelo uso excessivo de telas. Algumas recomendações incluem:  

- Limitar o tempo de tela: Definir períodos específicos para o uso de dispositivos digitais;

- Priorizar conteúdos desafiadores: Consumir leituras e atividades que exijam reflexão e pensamento crítico;  
- Eliminar distrações: Desativar notificações e reduzir o uso de aplicativos de entretenimento raso;  
- Estimular a neuroplasticidade: Praticar atividades como leitura, meditação, exercícios físicos e hobbies criativos que fortalecem as redes neurais; 

- Promover desconexão digital: Valorizar momentos offline, com contato direto com a natureza e o mundo físico.

 

 

Receba as principais notícias de
Criciúma e região em seu WhatsApp.
Participe do grupo!

Clique aqui

Confira mais de Empatizeme por Roberta Mânica