Saúde mental

A ansiedade no ambiente de trabalho e seus impactos

Em 2024 mais de 100 mil trabalhadores foram afastados por transtornos mentais no país

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Por Roberta Mânica

Em 21/02/2025 às 09:13
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Foto: Freepik

A ansiedade no trabalho tornou-se uma preocupação crescente que afeta diretamente a saúde mental dos trabalhadores e a produtividade das empresas. Medo, angústia e esgotamento são cada vez mais frequentes no ambiente corporativo, prejudicando a qualidade de vida e resultando em afastamentos laborais.  

O Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking global de transtornos de ansiedade, com 18,6 milhões de pessoas afetadas — cerca de 9,3% da população. Além disso, a ansiedade já é a terceira maior causa de afastamentos trabalhistas, representando aproximadamente 51% dos casos de licença médica em 2024. Esse cenário alarmante tem impactos diretos na economia: estudos indicam que os transtornos mentais, incluindo depressão e ansiedade, geram um custo global superior a 1 trilhão de dólares por ano devido à perda de produtividade. Estima-se que 40% das pessoas economicamente ativas sofram de burnout, síndrome ocupacional surge do estresse crônico no trabalho, manifestando-se não apenas pela exaustão, mas também por uma visão negativa da própria atividade profissional e pela queda no desempenho.

Diante dessa realidade, a partir de 26 de maio de 2025, empresas brasileiras terão a obrigação legal de identificar e mitigar riscos psicossociais no ambiente de trabalho, conforme atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Essa mudança reforça a necessidade de ações concretas para prevenir e tratar transtornos mentais no ambiente corporativo .  

O que são crises de ansiedade?

As crises de ansiedade são episódios intensos e súbitos de medo e preocupação, frequentemente acompanhados por sintomas físicos e emocionais, como:  

- Palpitações e sudorese excessiva 
- Falta de ar e sensação de sufocamento
- Dores no peito  
- Sensação de perigo iminente ou de perda de controle  
- Despersonalização (sensação de estar desconectado da realidade)  

Muitas vezes, esses sintomas são confundidos com um infarto, levando o indivíduo a procurar atendimento de emergência. Embora a ansiedade seja uma resposta natural ao estresse, quando persistente e intensa, pode comprometer significativamente a vida profissional e pessoal .  

A ansiedade no trabalho afeta não apenas o bem-estar individual, mas também a produtividade e a estabilidade organizacional. Um estudo realizado pela plataforma Vittude em 2023 revelou que 33% dos profissionais avaliados apresentavam transtornos mentais severos ou extremamente severos. Esse dado reforça a urgência de abordar a saúde mental como prioridade estratégica dentro das empresas .  

Além disso, quando não tratada, a ansiedade pode levar ao afastamento pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), aumentando os custos para empresas e governos. Em 2024, mais de 100 mil trabalhadores foram afastados por transtornos mentais no Brasil, evidenciando a gravidade do problema .  

As principais causas da ansiedade no trabalho  

Dentre os principais fatores que contribuem para o aumento da ansiedade no ambiente corporativo, destacam-se:  

- Sobrecarga de tarefas, levando a exaustão mental e emocional.  
- Multitarefas constantes, que sobrecarregam a capacidade cognitiva.  
- Pressão excessiva por resultados, criando um ambiente de medo e insegurança.  
- Falta de suporte organizacional, aumentando o isolamento dos colaboradores.  
- Desvalorização profissional, minando a autoestima e a motivação.  

Outro fator é o desequilíbrio entre vida pessoal e profissional. A falta de tempo para descanso e lazer intensifica os sintomas de estresse e esgotamento, tornando essencial que empresas repensem suas práticas de gestão .  

O que muda com a atualização da NR-1 em 2025? 

A partir de 26 de maio de 2025, todas as empresas brasileiras deverão incluir a avaliação de riscos psicossociais na gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST). Essa mudança exige que empregadores gerenciem fatores como estresse, assédio e carga mental excessiva .  

De acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2023, o Brasil possui 4,5 milhões de estabelecimentos com empregados, sendo que 56,93% dessas empresas têm até quatro funcionários. Isso significa que a nova regulamentação precisará ser aplicada a diferentes realidades empresariais .  

O papel das empresas na promoção da saúde mental 

Com a nova NR-1, as organizações precisarão adotar medidas concretas para garantir um ambiente de trabalho mais saudável. Algumas estratégias incluem:  

- Treinamento sobre saúde mental e gestão do estresse para capacitar os funcionários.  
- Criação de um ambiente de trabalho positivo, onde o bem-estar seja prioridade.  
- Programas de apoio psicológico e incentivo ao autocuidado.  
- Gestão equilibrada das tarefas, evitando sobrecarga.  
- Cultura de feedback construtivo e reconhecimento do esforço dos colaboradores.  

Empresas que investem na saúde mental dos funcionários não apenas cumprem suas obrigações legais, mas também colhem benefícios diretos, como maior engajamento, produtividade e retenção de talentos.  

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