Entre Lidas e Vindas

Você precisa ler 'Cem anos de solidão' pra já

Depois que percorrer toda essa jornada por Macondo, vamos conversar!

Por Amanda Ludwig - entrelidasevindas@engeplus.com.br

Em 15/06/2020 às 09:00
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Foto: Divulgação

Recentemente participei de uma leitura coletiva de Cem Anos de Solidão, a obra prima de Gabriel Garcia Márquez. Pensei em diversas formas de trazer um pouco deste mundo aqui para a nossa coluna - já chamo de nossa porque é minha e de vocês. Tenho recebido os e-mails!

A vastidão dos materiais disponíveis sobre essa obra não dá muita graça em tentar trazer algo novo pra cá. Então me ocupei em, basicamente, tentar reunir algumas informações que talvez te convençam que você precisa ler esse livro. De preferência na quarentena, pra amenizar o clima ruim em que vivemos.

A história começa assim:

"Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo."

Esse é um dos começos de livros mais famosos da literatura mundial. Mas eu vou acrescentar que o final também é um dos melhores já escritos - pelo menos de tudo o que já li até hoje.

A primeira coisa que você precisa saber: o Gabriel Garcia Márquez (Gabo para os íntimos) é nosso. Latino-americano nascido na Colômbia, ele é considerado um dos autores mais importantes do século 20. Ganhou, inclusive, o Prêmio Nobel pelo conjunto da obra.

De início, Cem anos de solidão parece uma leitura difícil, principalmente porque tem uma linguagem um pouco diferente da 'facilitada' dos best-sellers que encontramos nas prateleiras das livrarias. Mas depois que você pega o ritmo percebe que a história é bastante divertida. 

Mais um argumento para tentar te convencer: no ano passado a Netflix comprou os direitos da obra e pretende transformá-la em série. Estamos no escuro sobre isso, apenas esperando novidades, mas estou tentada a achar que será algo bom. O próprio Márquez não deixava suas obras serem adaptadas, pelo medo de que a história fosse estragada, mas a família de Gabo decidiu acreditar no projeto. Aguardemos.

Se já conversamos pessoalmente ou se você chegou a assistir a algum episódio do saudoso Galhofando, já me ouviu dizer que para alguns livros e filmes, a gente precisa aceitar a história. Com isso eu quero dizer que se você já começar a história sem querer aceitar possíveis loucuras que ela traga, vai achar ruim. 

Em Cem anos temos de tudo... ciganos, borboletas amarelas que perseguem uma pessoa, uma família toda com alguns nomes sendo revezados (é bom ler com a árvore genealógica em mãos), uma chuva que durou anos e uma estiagem ainda maior. Enfim, uma série de coisas diferentes que você precisa aceitar a la Chicó (não sei, só sei que foi assim). Isso basicamente é o que faz com que a coisa seja parte do realismo mágico em que estão inseridos os livros de Gabo.

Trecho

Desconcertado, sabendo que os meninos esperavam uma explicação imediata, José Arcadio Buendía atreveu-se a murmurar: 

- É o maior diamante do mundo.

- Não - corrigiu o cigano. - É gelo.

José Arcadio Buendía, sem entender, estendeu a mão para o bloco, mas o gigante afastou-a. "Para pegar, mais cinco reais", disse. José Arcadio Buendía pagou, e então pôs a mão sobre o gelo, e a manteve posta por vários minutos, enquanto o coração crescia de medo e de júbilo ao contato do mistério. Sem saber o que dizer, pagou outros dez reais para que os seus filhos vivessem a prodigiosa experiência. O pequeno José Arcadio negou-se a tocá-lo.

Aureliano, em compensação, deu um passo para diante, pôs a mão e retirou-a no ato. "Está fervendo", exclamou assustado. Mas o pai não lhe prestou atenção. Embriagado pela evidência do prodígio, naquele momento se esqueceu da frustração das suas empresas delirantes e do corpo de Melquíades abandonado ao apetite das lulas. Pagou outros cinco reais, e com a mão posta no bloco, como que prestando um juramento sobre o texto sagrado, exclamou:

- Este é o grande invento do nosso tempo...

Vou deixar aqui pra vocês um vídeo da professora Tati Feltrin, que tem um canal de leituras no YouTube (se você é leitor assíduo já viu o TLT em algum momento). Ela resume muito bem o que é Cem anos de solidão

Leitura conjunta

Vamos falar um pouquinho sobre a leitura conjunta que comentei no começo desse texto. A jornalista Isabella Lubrano, que tem o canal Ler antes de morrer no YouTube, tem feito leituras conjuntas desde o início da pandemia.

No mês passado ela fez um cronograma muito legal sobre essa obra. Ainda que já tenha acabado, você pode utilizar um cronograma adaptado para o mês atual, dividindo a leitura como ela fez (foto aqui ao lado).

Para te ajudar, Isabella fez uma leitura em vídeo do primeiro capítulo da obra. Confere aqui nesse vídeo:


Decidiu ler? A Isabella também já fez a live de discussão sobre a obra completa. Vou deixar o vídeo aqui embaixo. Depois que percorrer toda essa jornada por Macondo (um dos melhores lugares da ficção), te convido a conversar comigo sobre ela. É só enviar um e-mail pra entrelidasevindas@engeplus.com.br.  Bora! ;)

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