Cachorro Velho, de Teresa Cárdenas | Resenha

Cachorro Velho é um livro escrito pela cubana Teresa Cárdenas em 2005. Nessa obra, ela conta a história de um velho escravo que passou a vida toda a serviço um senhor de engenho de açúcar. Particularmente, achei a história bastante parecida com o que escutamos, lemos e aprendemos sobre os escravos no Brasil. E tão chocante quanto.

“O pai do senhor do engenho foi quem o chamou assim: Cachorro Velho, e ninguém mais voltou a se lembrar seu verdadeiro nome.”

Apesar de ser curto, o livro é forte e marcante. Ao longo das 141 páginas, acompanhamos os pensamentos de Cachorro Velho já idoso, trabalhando como porteiro do engenho, uma vez que não servia mais para “pegar no pesado”. Enquanto a idade vai tirando aos poucos suas memórias da cabeça, ele começa também a entender melhor seu relacionamento com os outros escravos, com o próprio patrão (a quem sempre achou que devia respeito) e consigo mesmo.

No início do livro, conhecemos tanto Cachorro Velho quanto outros escravos com quem ele convivia e se relacionava. Descobrimos que ele foi tirado dos braços de sua mãe logo ao nascer. Vemos um pouco mais sobre a mulher por quem ele se apaixonou à primeira vista, e por quem nutriu sentimentos durante toda uma vida. E também conhecemos Beira, uma escrava que no dia a dia cuidava do idoso, que aos poucos sentia o corpo ficando velho e cansado.

A mudança na rotina de sua história acontece quando Beira sugere a Cachorro Velho que a ajude a fazer com que uma menina de dez anos consiga fugir do engenho. Cabe então a ele decidir entre seguir uma vida devota ao patrão até o fim de seus dias ou lutar pela liberdade junto  daquela que sempre esteve a seu lado no engenho.

Este livro de Teresa Cárdenas ganhou o prêmio Casa de las Américas, a mais alta honra literária de Cuba e um dos prêmios mais importantes do mundo de fala hispânica. Cachorro Velho é um retrato forte da escravidão cubana, que foi abolida apenas em 1886, e que deixa marcas ainda atuais naquele povo.