Por Amanda Ludwig - entrelidasevindas@engeplus.com.br
Em 09/06/2022 às 17:52Em algum momento da vida você já deve ter ouvido falar no livro Crime e Castigo ou em seu autor, Fiódor Dostoiévski. O livro é um clássico tanto da literatura russa quanto da literatura mundial, e vale a pena ser conhecido. O tema central do livro está justamente descrito no título: na história temos um crime, e teremos também um castigo.
Nas primeiras cem páginas do livro, somos apresentados a Rodion Românovitch Raskólnikov, um ex-estudante que se afastou da vida acadêmica e acreditava, honestamente, na superioridade intelectual de determinadas figuras - incluindo ele próprio. É neste período, inclusive, que entendemos que um crime será cometido por ele, uma vez que ele busca uma grandeza que, em sua cabeça, merece. Esta primeira etapa da obra é bem construída, mas um pouco parada para aquele leitor que busca emoção.
A partir do momento em que não apenas um, mas dois assassinatos acontecem, o leitor passa a tentar entender a mente do criminoso. Raskólnikov decide matar uma velha agiota gananciosa com o objetivo de roubar seu dinheiro. Durante o crime, no entanto, ele acaba por assassinar também a irmã da velha, que estava em casa no momento do crime. Ao mesmo tempo que ele parece ter escapado imune ao ato, a paranóia e obsessão constantes parecem entregá-lo para o restante da sociedade como o verdadeiro responsável pelos crimes. Para mim, é neste momento em que passamos do Crime ao Castigo.
Apesar de o verdadeiro castigo chegar apenas na parte final do livro, eu considero que o tempo que Raskólnikov passou martelando isso em sua mente torna-se, por si só, um castigo pessoal e interno. É neste momento que ele sente dificuldade em lidar com a vida de forma normal, sem conseguir acreditar que de fato sua família e seus amigos não suspeitam nem por um minuto de seu envolvimento no crime. Sua mente se torna, de certa forma, sua prisão.
Muito particularmente, eu tive alguma dificuldade em ler Crime e Castigo. Apesar de ser uma leitura sem grandes complicações e de fácil entendimento, eu demorei a chegar até a última página. Para mim, o livro não fluiu muito bem, tanto que demorei alguns meses para ter certeza sobre escrever esse texto.
É interessante entender como Dostoiévski se expressa em cenas bastante descritivas. O autor trabalha muito bem a questão psicológica de seus personagens e a descrição dos locais onde a história se passa. Acredito que o que me afastou um pouco do livro foi o fato de não conseguir me conectar muito ao personagem principal, Raskolnikóv.
Ao mesmo tempo em que ele parecia uma pessoa fria e calculista, se mostrava extremamente passional, o que para mim é muito confuso. Quando li Crime e Castigo, o fiz com um grupo de meninas, e uma delas brincou que Raskolnilóv parecia uma espécie de "Coringa". Você não consegue prever o que ele fará. Mas, enquanto para mim essa é uma situação confusa, para outros é justamente o que traz a genialidade do livro.
Também me deixou confusa o fato de que um só personagem tem diversos nomes diferentes ao longo do livro. Acredito que na língua russa isso seja comum, assim como no Brasil um personagem chamado Rafael, por exemplo, possa ser tratado como Rafa ou Rafinha. Mas a coisa por lá é um pouco mais confusa: Avdótia também é chamada de Dúnia, por exemplo.
Espero que os fãs de Crime e Castigo entendam o que quis dizer e não fiquem chateados comigo, mesmo que tenha sido confuso. É um livro nota 10, e é palpável a genialidade e complexidade da escrita de Doistoévski. Mesmo. Não à toa Crime e Castigo está entre as obras-primas mundiais. E sugiro que todo mundo a leia. Porque a leitura é isso: um universo muito particular.
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