Por Lucas Renan Domingos e Rafaela Custódio
Em 01/09/2021 às 09:15Não é incomum a ligação do termo sustentabilidade com o cuidado com o meio ambiente. Experimente pesquisar a palavra no seu navegador da internet. A maioria das imagens, certamente, estará relacionada à preservação das árvores, da água e dos animais. Ser sustentável tem, sim, relação com o bom funcionamento do planeta, mas não é só isso.
Repita a experiência de realizar uma busca na internet, mas, agora, além de colocar na pesquisa a palavra sustentabilidade, acrescente a sigla ODS. Você será redirecionado para links e imagens que abordam os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, o significado da sigla.
Desmembrados em 169 metas, os 17 objetivos são discutidos no mundo inteiro. Criados em 2015 pela Organização das Nações Unidas (ONU), junto com chefes de Estado e de Governo, a finalidade foi desenvolver uma agenda a ser cumprida até 2030 para promover ações com o intuito de atingir o verdadeiro significado de sustentabilidade: impulsionar o desenvolvimento econômico, a inclusão social e a proteção ao meio ambiente.
“Quando foram definidos os ODS, 191 países, incluindo o Brasil, assinaram o compromisso da agenda de 2030 para que, em 15 anos, a partir daquela data, fosse implantado o maior número possível de metas desenhadas dentro dos 17 ODS. Desta forma, queremos melhorar o mundo em que vivemos, satisfazendo as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazerem as suas próprias necessidades”, cita o coordenador-geral do Movimento ODS para Santa Catarina e superintendente Institucional e de Operações na Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc), Gilson Zimmermann.
Uma ação global que cresce localmente
Em qualquer lugar do planeta em que você esteja, alguém estará engajado em aplicar os 17 ODS. “O Movimento ODS é, seguramente, o maior projeto em andamento liderado pela ONU. O que falamos em português no Brasil sobre esta agenda está sendo discutido também em alemão e em inglês em diferentes países do mundo, todos seguindo as mesmas metas”, destaca Zimmermann.
Em Santa Catarina, o movimento vem ganhando força e sendo acelerado. No Estado, a ação é liderada pela Facisc. “A federação reúne hoje 148 entidades, que são as associações nos municípios. Elas representam 35 mil empresas de diferentes tamanhos e setores. Estamos envolvidos neste movimento há dez anos, desde quando eram os ODM (Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, que antecederam os ODS)”, detalha o coordenador-geral.
As ações da entidade no Estado estão firmadas em quatro pilares principais: engajar mais pessoas e entidades, fortalecer os comitês locais, dar visibilidade ao movimento e ampliar os números, alcançando cada vez mais catarinenses. “Nós temos uma coordenação estadual, os 13 comitês locais nas principais cidades do Estado. Isso compreende mais de 850 signatários em toda Santa Catarina”, afirma Zimmermann.
Um compromisso que todos podem assumir
Mesmo com a Facisc liderando o Movimento ODS em Santa Catarina, isso não significa dizer que apenas as empresas podem contribuir para o avanço da agenda de um mundo mais sustentável até 2030. Além do setor privado, podem ser signatários órgãos do Poder Público, organizações de classe, organizações de sociedade civil (ONGs, por exemplo), instituições de ensino e até mesmo pessoas físicas.
Os signatários são avaliados anualmente. Uma vez ao ano, eles devem apresentar um relatório de quais ODS cumpriram no período. Após uma avaliação dos comitês locais, com aprovação do movimento estadual, aqueles que atingiram as metas são agraciados com um reconhecimento, conforme explica Zimmermann:
Comitê Local Criciúma do Movimento Nacional ODS SC: entenda a função e os objetivos
O Sul de Santa Catarina conta, atualmente, com 54 signatários entre empresas, pessoas físicas, organizações de classe, organizações da sociedade civil (ONG), poder público e instituição de ensino, que são representados pelo Comitê Local Criciúma do Movimento Nacional ODS SC, atuante nas Associações dos Municípios da Região Carbonífera (Amrec) e do Extremo Sul Catarinense (Amesc).
O comitê iniciou em fevereiro de 2019 com cinco pessoas. Atualmente, a coordenação geral é de Regina Freitas Fernandes, representante da instituição Satc. Representantes do Bairro da Juventude, Associação Empresarial de Criciúma (Acic), Indústria Carbonífera Rio Deserto, bem como pessoas físicas engajadas ao movimento também compõem a gestão do Comitê Local.
Membros do Comitê Local Criciúma do Movimento Nacional ODS SC Abel Corrêa de Souza Associação Empresarial de Criciúma Ana Carolina Tomazi Casagrande Appso Tecnologia Associação Beneficente Abadeus Associação Caixa Solidária Associação Empresarial de Cocal do Sul Bairro da Juventude dos Padres Rogacionistas Câmara Municipal de Forquilhinha Camila de Jesus Souza Camila Colossi Felippe Camila Nascimento Carbonífera Catarinense Colégio Marista Criciúma Colégio Murialdo Araranguá Confecções Vanelise Cooperativa Pioneira de Eletrificação Del Priore Coach Dotfile Soluções Ecofaq Gerenciamento de Resíduos E-licencie - Azteca Software Eloverde Sistemas Fundação de Meio Ambiente de Criciúma Farben Indústria Química Fernando Barbosa dos Santos Francisco de Jesus Simba Buangi Fundação Ambiental Municipal de Forquilhinha Fundação Municipal do Meio Ambiente de Nova Veneza Gabriela Miguel de Medeiros GCA Gestores Associados Giovanni Dagostin Marchi Gislaine Cardoso Monteiro Vieira Hospital São José Indústria Carbonífera Rio Deserto Instituto Felinos do Aguaí Ismael Bento de Souza Jhonathan Thomaz João Peruch Felício Jonas Heerdt da Silva José Carlos Virtuoso Librelato Implementos Rodoviários Lívia Mattos Brighenti Lutz Michaelis Marcilei Elias Besen Natalia Gabriel Silva Paula Guollo Plasson do Brasil Plurall Coworking Rafael Bianchini Glavam Ricardo Lopes Satc Secretaria de Desenvolvimento Econômico do município de Forquilhinha Sônego Construções Unesc
O que é o movimento ODS?
"O movimento está se fortalecendo e crescendo todos os dias. Ele existe há dois anos e nós triplicamos o número de participantes, pois foi feito um trabalho de formiguinha dia após dia para chegar mais signatários", destaca Regina.
O principal objetivo do comitê é disseminar os ODS no Sul de Santa Catarina. "Aqui na região, a gente conversa com instituições, pessoas físicas, empresas e promovemos ações para que essa divulgação aconteça, para que mais pessoas conheçam o movimento", explica Regina.
Como nasceu o comitê?
De acordo com Regina, a coordenação estadual do ODS percebeu que o Sul Catarinense precisava de uma maior representação. "A direção conversou com os cinco signatários da época e nos propuseram criar o comitê e todo mundo aprovou. Então, iniciamos o trabalho, ampliamos o número de signatários e também de ações", lembra.
A coordenadora geral do comitê observa que o movimento ODS ainda é desconhecido pelas pessoas. "Tentamos desmistificar essa questão de ser mais um compromisso, tentamos fazer com que as pessoas enxerguem que as ações desenvolvidas já fazem parte dos ODS. Por exemplo, a empresa cuida da saúde do trabalhador: isso já é fazer parte do ODS. A coleta seletiva é mais um exemplo. Nosso papel é fazer com que as empresas e pessoas físicas percebam isso", conta.
Regina afirma que o comitê possui projetos para o futuro e o objetivo é ajudar no desenvolvimento das cidades por meio da identificação dos problemas e fortalecendo as ações já desenvolvidas.
Setor produtivo pautado pelos pilares do desenvolvimento sustentável
Um dos braços do Movimento ODS, e talvez o mais forte deles, é o setor produtivo. Na região de Criciúma, o papel das empresas com o desenvolvimento sustentável, cumprindo as metas para atingir o crescimento econômico sem esquecer da inclusão social e do cuidado com o meio ambiente, tem sido um debate que vem sendo impulsionado. E não é da boca para fora.
Para se adequarem ao Movimento ODS, os empresários contam com um apoio fundamental da Associação Empresarial de Criciúma (Acic). A entidade, uma das mais respeitadas quando o assunto é promover o crescimento regional, empunhou e levantou a bandeira da responsabilidade com o futuro. Desde 2019, a Acic passou a ser signatária e incentiva seus associados a trilharem o mesmo caminho.
“A Acic entrou no movimento por ser a representação do setor produtivo e empresarial. A entidade não poderia ficar fora, porque a associação defende ações ligadas aos 17 objetivos. A Acic precisa ser líder e exemplo para seus associados, sempre em posição de vanguarda”, frisa o presidente da Acic, Moacir Dagostin.
E fazer parte do movimento, ou ao menos demonstrar responsabilidade, não pode mais ser uma escolha das empresas que pretendem ter bons resultados. Dagostin lembra que o mercado exige que as empresas estejam alinhadas com as práticas dos ODS.
“Se observarmos o movimento do comércio internacional, o processo de internacionalização das empresas, certamente passará por uma triagem de seus clientes ou fornecedores. E os pontos analisados estão dentro dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Qual a origem desta empresa? Ela é cidadã? Ela não tem envolvimento com a corrupção? Ela trata bem seus funcionários e tem inclusão social? Como ela trata o local onde ela está?”
Moacir Dagostin, presidente da Acic
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Tudo isso fica dentro dos 17 objetivos. Dagostin reforça ainda que hoje já há mercados internacionais que entregam selos para empresas e esses reconhecimentos garantem maior potencial de negócios.
“Os selos são importantes, mas eles vão além. Eles não são um conceito, são uma prática. Não adianta eu realizar uma ação sem que ela tenha uma consciência coletiva da organização. E o Movimento ODS vem para mostrar isso. Nós temos exemplos bem concretos de empresas que se tornaram signatárias e começaram a ter posturas nas suas relações com seus funcionários, clientes e demais parceiros. Outras já tinham este pensamento consciente e passaram a ampliar”, acrescenta.
Antes de ser exemplo, tem que fazer o dever de casa
Para inspirar os associados, a Acic mostrou que enquanto representante do setor produtivo e empresarial, está dedicada em contribuir com a agenda do desenvolvimento sustentável até 2030. Uma série de projetos promovidos pela entidade contemplam os ODS, como os Prêmios Acic de Matemática e o de Valorização do Profissional da Educação (ODS 4 – Educação de Qualidade).
Durante 2020, por meio do Movimento Juntos de Coração, a Acic promoveu ações para reduzir o impacto da pandemia do coronavírus, visando a redução das desigualdades e a melhoria da saúde e da qualidade de vida da população de Criciúma e região (ODS 3 e 10 - Saúde e Bem-Estar e Redução das Desigualdades).
Recentemente, o Núcleo do Meio Ambiente da associação também lançou o Selo de Melhores Práticas de Sustentabilidade Ambiental com o objetivo de reconhecer ações voltadas à preservação da natureza e à responsabilidade social (ODS 13, 14 e 15 - Ação Contra a Mudança Global no Clima, Vida na Água e Vida Terrestre). Mas é por meio da educação que a entidade acredita ser possível atingir outras metas dos 17 ODS, relata a diretora executiva da Acic, Maria Julita Volpato Gomes.
Lucro e sustentabilidade andam lado a lado
O tripé onde estão alicerçados os ODS – desenvolvimento econômico, inclusão social e proteção ao meio ambiente – indicam que é possível produzir e gerar lucro sem prejudicar a sociedade e a natureza. Mas isso realmente funciona? Quem coloca os objetivos em prática garante que sim.
Este tem sido o desafio de empresas: promover o crescimento de suas atividades, reduzindo os impactos no planeta. Há exemplos que provam isso no Sul de Santa Catarina e eles vêm de setores antes contestados em relação aos cuidados com o meio ambiente. Pensar, por exemplo, que a indústria química e mineração estão comprometidas com o desenvolvimento sustentável poderia ser impensável décadas atrás. Hoje é uma realidade.
Com sede em Içara (SC) e filiais no Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e na Argentina, a Farben produz tintas automotivas, moveleiras, industriais e imobiliárias, empregando aproximadamente 550 funcionários. A sustentabilidade é um dos itens presentes nos valores da empresa, uma responsabilidade assumida antes mesmo da adesão ao Movimento ODS.
“A Farben conheceu o Movimento ODS por meio da Acic e nos tornamos signatários. Temos o selo e estamos vinculados com a ação. Logo nos primeiros dias fizemos um levantamento das atividades que realizávamos dentro da empresa e vimos que muitas delas se encaixavam nos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”, conta a coordenadora de Recursos Humanos e Segurança do Trabalho da Farben, Amanda Mendonça.
Duas siglas que estão presentes no mercado
Na Farben, a sigla ODS ganha a parceria de outras três letras: ESG. É a abreviação das palavras environmental, social and governance. Traduzidas para o português, elas significam ambiental, social e governança, sendo mais uma ferramenta para medir quais práticas relacionadas ao tema estão sendo realizadas pela empresa.
A diferença é que o ESG está na boca do mercado e, principalmente, dos investidores. Atualmente, nas bolsas de valores espalhadas pelo mundo, empresas comprometidas com o ESG vêm ganhando visibilidade e chamando a atenção de quem deseja aplicar dinheiro em boas companhias. Mesmo sendo uma empresa ainda familiar, de capital fechado, a Farben tem seguido as diretrizes do ESG.
“O nosso setor de exportação vem crescendo cada dia mais. E conquistar um cliente fora do país é uma tarefa mais árdua. A Farben tem este diferencial de ter qualidade no produto, na entrega e também a questão de estar comprando um produto de alguém que tem uma responsabilidade social e sustentável por trás. Os nossos representantes já saem na frente nesta questão”.
Amanda Mendonça, coordenadora de Recursos Humanos e Segurança do Trabalho da Farben
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Sem pessoas físicas não há a pessoa jurídica
Em uma sociedade capitalista é evidente e inquestionável que as metas de uma empresa são produzir, vender, gerar lucro e reinvestir para crescer. É o caminho natural de todo e qualquer novo Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Só que não há desenvolvimento de uma indústria sem a participação de pessoas físicas que estejam em uma sociedade onde elas possam viver com dignidade.
É com este pensamento que a marca içarense tem pautado suas atividades. Mais do que causar uma boa impressão para quem está fora dos muros da matriz e das filiais, a Farben se preocupa com os resultados internos. “Os nossos funcionários são orientados e treinados constantemente para que eles entendam que a preocupação da empresa com os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e ESG é algo normal, que precisa ser internalizado e colocado em prática de forma natural no dia a dia. É a nova maneira de ser daqui para frente”, avalia Amanda.
A promoção do bem-estar e qualidade estão visíveis na empresa. Amanda lembra que ao andar pela Farben, a organização, a limpeza e o comprometimento dos colaboradores em todos os setores mostram que a empresa tem cumprido o papel de ser exemplo para a região no alcance da agenda de 2030 da ONU.
“Somos uma empresa arrojada nos objetivos. Queremos crescer cada vez mais. Para isso, precisamos olhar para dentro de casa. O Movimento ODS e o ESG eles provocam isso. Quando a gente para e analisa as nossas atividades e processos, a gente faz com o olhar dos ODS. Na compra de um novo maquinário para a empresa, por exemplo, é levado em consideração se este equipamento atende a todas as normas de segurança e ambientais, fazendo com que seja bom para o funcionário e eficiente para a empresa”, salienta a coordenadora de Recursos Humanos.
O resultado de todo o trabalho é medido pelos próprios funcionários. Em 2021, a empresa ganhou o certificado da pesquisa Great Place to Work, um questionário respondido pelos colaboradores e que renderam para a marca o selo de uma das melhores empresas para se trabalhar.
“Os funcionários da Farben realmente se sentem parte da empresa. Todos os nossos indicadores de faturamento, lucro, receita líquida são transparentes, apresentados constantemente para os colaboradores. É a forma que a gente mantém o funcionário consciente para estar engajado com os objetivos do Farben”, aponta.
Reflexo na sociedade
E este engajamento promovido dentro da empresa reflete também do lado de fora. É o que destaca a Eliane Cassimiro, coordenadora de Controladoria da Farben. Manter os profissionais motivados faz com que eles também estejam dispostos a tentar fazer um mundo melhor fora dos seus setores.
“A Farben sempre esteve ligada com a parte social. Desde 2000, temos um coral onde os funcionários são convidados a participar e visitar hospitais e asilos. Fazemos doações de cestas básicas, mobilizamos arrecadação de agasalhos e, durante a pandemia, fizemos doações de álcool em gel”, enumera.
São essas atitudes que fazem a marca içarense alcançar os chamados 5Ps do Movimento ODS: pessoas, prosperidade, planeta, paz e parcerias. O lado ambiental também está presente. Há mais de dez anos, a empresa compra energia limpa do mercado livre. A Farben também conta com uma estação de tratamento e estrutura de captação de água da chuva. Os paletes de madeira são recuperados, os resíduos separados e reutilizados ou descartados corretamente, a matéria-prima é reciclável ou renovável e, agora, a empresa está trocando 100% de suas lâmpadas para LED, para diminuir o consumo.
A marca possui ainda a parceria com a Eu Reciclo, empresa que trabalha com cooperativas e operadores de reciclagem para garantir que a mesma quantidade de embalagens produzidas pela Farben seja reciclada. “A meta é que 50% das embalagens produzidas no Brasil sejam recicladas até 2027. Além de ajudar no meio ambiente, esta ação contribui economicamente, porque esses materiais têm como destino as cooperativas de reciclagem, fazendo com que este pessoal tenha uma renda extra e pensando na economia circular”, reforça a supervisora de Marketing da Farben, Cristiane Gonçalves.
A transformação do setor carbonífero
A Carbonífera Catarinense é mais um exemplo de empresa que quer um mundo melhor. A mineradora aderiu ao movimento Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e recebeu, oficialmente, o selo de signatário do Movimento Nacional ODS Santa Catarina em 2021. As ações realizadas historicamente pela Carbonífera Catarinense, como a Associação Anjos Mineiros, os controles ambientais ancorados na ISO 14001 e os investimentos internos, estão ligados aos ODS 8 (Trabalho Decente e Crescimento Econômico), 10 (Redução das Desigualdades) e 12 (Consumo e Produção Responsáveis).
"É muito gratificante receber esse selo, pois somente reforça os compromissos que fazem parte de nossos valores e propósito de nossa empresa. O resultado que alcançamos em todos estes anos foi construído a muitas mãos, com o comprometimento de todos os profissionais da Carbonífera Catarinense. Participar do movimento ODS é algo que representa esta construção coletiva", afirma a diretora da empresa Astrid Barato.
A segurança dos profissionais está em primeiro lugar na empresa e, por isso, investimentos são realizados continuamente em melhorias na área produtiva, em novas tecnologias e treinamentos para aperfeiçoamentos dos colaboradores. Nos últimos 22 anos, o setor de extração mineral passou por muitas mudanças e a Carbonífera Catarinense foi pioneira em várias delas. Em 2005, foi a primeira carbonífera a obter o selo ISO 14001, certificando todo o processo produtivo de ponta a ponta. De lá para cá, a empresa passa por auditorias anuais para confirmar o compromisso com a melhoria contínua do Sistema de Gestão Ambiental. A empresa possui um rígido controle do atendimento à legislação ambiental e todas as suas unidades são licenciadas pelo órgão ambiental responsável.
A Carbonífera Catarinense Ltda também foi a primeira carbonífera do país a não utilizar mais o sistema de barragens. A evolução tecnológica trouxe ainda métodos como a extração com uso do minerador contínuo e o backfill, com o retorno dos rejeitos para o interior da mina. Tudo isto ampliou a segurança e a sustentabilidade das atividades.
Hoje, a Carbonífera Catarinense é a maior empregadora de Lauro Müller, gerando 600 empregos diretos e 5 mil indiretos. É também a responsável por 48% do PIB do município. A presença da empresa vai muito além de produzir e gerar empregos, tem um papel social importante, participando e promovendo ações que geram bem-estar às famílias da cidade. Tendo uma mulher à frente de sua administração desde sua fundação, a empresa também abre cada vez mais espaço para mulheres em cargos de liderança.
Em 2020, durante a pandemia, medidas tomadas pela Carbonífera Catarinense para proteger seus profissionais fizeram com que a empresa tivesse o menor número de casos de contaminação por Coronavírus entre as carboníferas da região. A empresa também assumiu a triagem de casos suspeitos em seu próprio departamento médico, auxiliando a Prefeitura de Lauro Müller e otimizando o atendimento no sistema de saúde.
Muito tempo antes, em 2003, foi criada a Associação Beneficente Anjos Mineiros, envolvendo mulheres voluntárias na produção de enxovais de bebês. De lá para cá, mais de 1.800 enxovais foram entregues às famílias de Lauro Müller e região. A Carbonífera Catarinense apoia também o Coral Infanto-juvenil Anjos Mineiros, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Lauro Müller e outras instituições e iniciativas filantrópicas.
O papel social se estende à educação, com a contribuição de 1% do faturamento à Satc, proporcionando formação escolar em vários níveis. Os profissionais da empresa têm acesso a bolsas de estudos, aumentando suas possibilidades de crescimento profissional.
Famcri: o poder público espalhando o movimento ODS à população
A Fundação do Meio Ambiente de Criciúma (Famcri) está entre os signatários dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) na região carbonífera. Participante do projeto desde 2018, a instituição representa a Prefeitura e tem como objetivo levar aos estudantes do município o movimento nacional por meio de palestras e encontros nas 65 unidades escolares da cidade.
Dos 17 objetivos, a Famcri não contempla apenas dois, que são o 5 e 16. "Nossa missão é falar do movimento por meio de palestras aos estudantes de Criciúma. Sempre pedimos para os alunos pesquisarem sobre o movimento. Além disso, falamos de empresas ligadas aos objetivos para que divulguem ainda mais o trabalho sustentável", destaca o chefe do Departamento da Famcri, Eduardo Luzzi Damassini.
"Os recursos estão acabando e nosso planeta está adoecendo. Queremos que essa reflexão chegue a mais pessoas".
Eduardo Luzzi Damassini, chefe do Departamento da Famcri
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“Falamos das mudanças de hábitos, ou seja, questionamos os alunos sobre suas ações em casa, como coleta seletiva, controle de água e energia. Levamos exemplos e também soluções para que esses alunos, que são o futuro do nosso país, possam crescer conhecendo o movimento e mudando hábitos", comenta. "É um movimento importante e que estamos buscando levar ao conhecimento de todos. Com certeza, são objetivos que trarão melhorias às nossas vidas. Precisamos de um planeta mais sustentável e equilibrado", acrescenta.
Reconhecer a importância dos catadores
Ainda conforme Damassini, o objetivo da Famcri também é auxiliar no trabalho dos catadores. "O que nós enxergamos como lixos, eles vêem como dinheiro e isso ajuda muito o meio ambiente. A importância do trabalho desses profissionais é imensa e precisa ser reconhecida por nós e pela sociedade", observa.
Projeto Eco Conscientização
A Famcri esteve entre os três finalistas do Prêmio Objetivos do Desenvolvimento Sustentável de Santa Catarina (ODS SC) de 2020, na categoria Poder Público, com o projeto Eco Conscientização. A ação iniciou em 2019, na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Erico Nonnenmacher, no bairro Pinheirinho, e aos poucos todos os colégios municipais deverão acolher o projeto. “O intuito é implantar o hábito da coleta seletiva nas escolas, promovendo essa capacitação com os professores e funcionários que ensinarão a forma correta de separação e oferecerão oficinas para o reaproveitamento desses materiais coletados”, explicou Damassini. A premiação não escolhe um vencedor e os três finalistas são considerados vencedores.
Alguns pontos citados para os estudantes de Criciúma são:
Praticar reciclagem;
Não desperdiçar água;
Cuidar do meio ambiente;
Não descartar o lixo incorreto;
Não maltratar animais;
Não realizar queimadas;
Participar da coleta seletiva.
Educação: o quarto objetivo do ODS, mas a principal meta do Bairro da Juventude
A educação também está presente no Movimento ODS e é identificada no quarto objetivo. A finalidade é ter um ensino de qualidade e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
A educação é tratada como prioridade dentro do Bairro da Juventude, onde a instituição oferece Educação Infantil, Ensino Fundamental, Laboratórios Educativos, Oficinas Culturais e Esportivas, Educação Profissional e Serviços de Apoio. Já o Centro de Educação Profissional (CEP) oferece cursos de Mecânica de Automóveis, Eletroeletrônica, Programador de Computador, Mecânica Geral, Cozinheiro Industrial e Padeiro e Confeiteiro.
O Bairro da Juventude está fortalecido no ODS 4. Para o coordenador de Projetos da entidade, Neto Nunes, a educação é a célula matriz do movimento mundial. “Eu não estou dizendo que as instituições de educação são mais importantes do que as outras, não é isso, mas elas têm uma responsabilidade maior do que as outras de disseminar e fortalecer os ODS”, observa.
Além de contribuir com o planeta e fazer parte dos ODS, o objetivo do Bairro da Juventude é fortalecer o Comitê Gestor Municipal. “A ideia é que nós possamos sair de dentro dessa nossa clausura enquanto organização e possamos fortalecer esta rede. Então, o movimento aqui busca nos conectar com outras pessoas, empresas ou organizações no fomento do progresso”, explica.
“A gente assume o movimento mais como uma responsabilidade, um compromisso que está relacionado à nossa causa que é a garantia de direitos. A educação é um direito de todos”.
Neto Nunes, coordenador de Projetos do Bairro da Juventude
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A busca por mais instituições de ensino
Apesar do Bairro da Juventude estar classificado dentro do movimento como Organização da Sociedade Civil (ONG), é a entidade que busca expandir o ODS 4 para mais instituições de ensino. Atualmente, fazem parte do movimento a Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina (Satc), os Colégios Marista e Murialdo e a Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc).
Nunes acredita que outras instituições de ensino entrarão para o movimento, pois será uma necessidade. “O objetivo é disseminar os ODS pro bem comum, para que seu filho possa crescer num planeta mais sustentável e as nossas famílias possam estar em um planeta mais digno de se viver. É preciso estar relacionado com os ODS, pois é uma responsabilidade de todo um coletivo”, declara.
Como ensinar para um aluno sobre o que são os ODS?
Nunes explica que o Bairro da Juventude desenvolveu uma cartilha para os estudantes e também vídeos falando de cada ODS. “Depois que a gente fez isso, disponibilizamos no site, e não é do Bairro da Juventude, e sim, da comunidade. É um material didático para fazer com que as pessoas, principalmente as crianças e adolescentes e suas famílias, compreendam o que são os ODS”, ressalta.
A chegada da pandemia do novo coronavírus fez com que a educação no país se reinventasse. O Bairro da Juventude agiu para ajudar seus alunos e famílias e desenvolveu projetos relacionados aos ODS. “Nós fizemos projetos para a segurança alimentar das famílias e também relacionado à educação. Nós acreditamos que no pós pandemia, nós possamos, aí sim, perceber quais foram os impactos gerados na nossa informação nessa comunicação e como isso se deu”, relata.
Bairro ligado às causas da sustentabilidade
Desde 2015, o Bairro da Juventude é ligado aos ODS, mas, antes disso, a instituição já fazia parte dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). “Nós temos um histórico de envolvimento com um mundo melhor há muito tempo. Acredito que iniciamos em 2009 a fazer parte desses movimentos”, explica. “Quando o ODM cumpriu o papel e se estabeleceu uma nova matriz lógica de gestão, chegaram os ODS, que são mais maduros. É uma visão mais sistêmica sobre o todo e muito mais complexo. Mas ele é muito mais efetivo. Então, o movimento vem para dar mais significado às ações propostas dos 17 objetivos”, completa.
Como as pessoas podem participar do movimento?
Todos podem contribuir com a agenda 2030
“Um ser humano cidadão e consciente é ser ODS”. Dessa forma, o consultor de Desenvolvimento Sustentável Fernando Barbosa dos Santos resume o que é fazer parte do Movimento ODS. É que para ser um colaborador da agenda 2030, não é difícil. Basta querer. Para fazer parte do movimento, você não precisa necessariamente estar representando uma instituição pública ou privada, as chamadas pessoas jurídicas. A ação permite que pessoas físicas, independentes, sejam signatárias.
Foi entendendo o seu papel que Santos aceitou fazer parte da ação. “Sempre fui um ativista na questão da sustentabilidade, não só no viés ambiental, na questão de reciclagem de resíduos, mas como um defensor da economia circular, da inclusão social. Sempre batalhei para ter uma sociedade mais sustentável”, menciona.
Em 2018, com a chegada do Comitê do Movimento ODS em Criciúma, ele se tornou signatário. Hoje, desempenha uma função estratégica. Além de palestrar sobre o tema, é o coordenador de Mobilização do comitê criciumense e o coordenador adjunto de Mobilização do Movimento ODS em Santa Catarina.
“Daquele ano para frente, eu tive uma imersão, sozinho, sobre a agenda 2030. Abracei a causa e me tornei signatário. Achei que poderia contribuir para amenizar as necessidades que enfrentamos mundo afora, como as mudanças climáticas e o aumento da pobreza, que são avanços contrários aos ODS e regredir as metas do ODS é regredir a nossa vida e a do planeta”, salienta.
Atualmente, o consultor de Desenvolvimento Sustentável possui uma missão bem definida no movimento. “Desde 2018, me aproximei de representantes políticos com um propósito claro, que é desenvolver os ODS nas políticas públicas. Faço parte da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos ODS, em Brasília. Também estou na Frente Parlamentar Estadual para os ODS. Como sou um pesquisador, sem deixar a mobilização de lado, criei esta habilidade de estar presente nas frentes parlamentares e indultos que debatem os ODS a nível estadual e nacional”, diz Santos.
Com pouco, se faz muito
Mas nem todo mundo precisa ter o mesmo conhecimento de Santos para ser um signatário. “Ser signatário como pessoa física é ter a liberdade de atuar e fazer suas próprias ações. Os ODS são plurais. Eles vão desde a erradicação da fome, até a questão de parcerias com instituições. Você pode desenvolver os objetivos do desenvolvimento sustentável no dia a dia, fazendo a separação e reciclagem de resíduos, realizando exercícios físicos, participando de ações voluntárias como doação de sangue, arrecadação de alimentos e agasalhos, e você ainda pode ampliar, incentivando sua família, as pessoas do seu bairro e região. Para ser signatário, basta ter no sangue a vontade de ter uma sociedade melhor”, afirma.
E, com certeza, o signatário, enquanto pessoa física, não se sentirá sozinho. É o que garante Santos. “O signatário é ouvido pelo movimento. Ele compartilha de um sistema com quase 900 signatários no Estado, podendo chegar a condição de participar de uma coordenação estadual. Assim aconteceu comigo”, lembra.
O consultor reforça que participar do Movimento ODS não é uma tarefa difícil. “Envolve, sim, dedicação. Se a gente veste a camisa, tem bastante trabalho. As pessoas podem até se assustar com o termo Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, podem pensar que a sustentabilidade é só plantar árvores, recuperar o meio ambiente. Mas não. Ser sustentável é querer uma sociedade mais justa e equilibrada, que traga condições de inclusão social e pensamento no planeta. Isso só pode ser feito por pessoas. Nós precisamos estar mobilizados. Além de contribuir, a gente aprende muito. É recompensador”, pontua.
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