Pediram para sair

Criciúma convive com mais de uma década de renúncias consecutivas

Vilmar Guedes é o 5° presidente consecutivo a deixar o cargo em meio ao mandato

Por Thiago Hockmüller - thiago.hockmuller@engeplus.com.br

Em 06/12/2024 às 14:26
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Foto: Rafaela Custódio/Arquivo Engeplus

Vilmar Guedes é o 5ª presidente consecutivo do Criciúma a renunciar ao cargo. A sequência iniciou em 2009, com Edson Roberto Búrigo, e seguiu com Antenor Angeloni, Jaime Dal Farra, Anselmo Freitas e agora Guedes. A lista vai aumentar, já que Alexandre Farias, vice-presidente administrativo, será empossado presidente, mas deve ficar apenas até janeiro, quando deixará o clube para se dedicar a Confederação Brasileira de Tênis (CTB).

Na era pós-Comerciário, o Criciúma soma oito renúncias de presidentes. O primeiro foi Milton Carvalho, na gestão 1995-1996. Depois dele, Joacir Scremin (96-98) renunciou e foi criado um Conselho de Administração responsável por indicar ao cargo Voimer José Conti. Conti ficou um ano e indicou Cláver Luiz Vieira (1999-2000), que renunciou e deu fim ao Conselho de  Administração. Na sequência, Moacir Fernandes foi eleito e seguiu no clube entre 2000 e 2007, sendo o último a deixar o cargo sem renunciar. 

Recentemente, o Conselho Deliberativo discutiu medidas para dificultar a prática, inclusive ponderando sobre a possibilidade de tornar inelegível por dez anos ocupantes de cargos eletivos que escolherem renunciar. A discussão avançou, porém foi aprovada a inelegibilidade de cinco anos. A lei não engloba aqueles que administraram o clube antes de Vilmar Guedes. 

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“Quando fizemos a reforma, tentamos  colocar um dispositivo para dificultar esta questão, mas não adiantou muito. Fui relator da reforma e na minha opinião cada eleito que renunciasse teria que ficar inelegível por 10 anos. Essa proposta não passou”, explica Antônio Sérgio Fernandes, secretário do Conselho Deliberativo.

Fernandes é ligado ao clube desde o início da década de 80, pouco tempo após a mudança de Comerciário para Criciúma, em 1978. Conhece a história como poucos e explica o quanto as renúncias são nocivas para a administração. 

“Isto traz todas as dificuldades possíveis. As renúncias existiam em função de dificuldades financeiras, salvo o Angeloni e o Jaime, o Criciúma pediu de pires na mão. Isso não é o caso agora, o clube está com os compromissos em dia até o Catarinense de 2025. Todos os compromissos em dia. É preciso pensar muito bem antes de assumir o clube, não pode ficar nessa situação de assumir e renunciar, ou seja, não quero brincar, pego a bola e vou embora”, argumenta Fernandes.

Na foto, os presidentes Antenor Angeloni, Jaime Dal Farra, Anselmo Freitas e Vilmar Guedes. (Arte: Engeplus)

O secretário entende que remunerar o cargo também pode ser parte da solução. Outro ponto é a preocupação em formar lideranças que possam tocar o clube. 

“A pressão é muito grande. O cargo não é remunerado, as pessoas vêm como voluntárias e talvez esteja na hora de pensar em remunerar. Tem que ver juridicamente, pois se remunerar o presidente pode perder a condição de entidade filantrópica e acarreta em uma série de coisas. Temos que ver juridicamente como fazer isso. O Guedes era voluntário, mas tem empresa, família e isso desgasta as pessoas. Talvez esse seja o principal ponto a ser discutido. Está na hora de preparar as pessoas para assumirem a presidência. Os presidentes precisam preparar, doutrinar, educar e dar experiência aos vices, para que eles sejam os próximos. O Criciúma nunca se preocupou com isso. Cada um pega, vai embora e acabou”, afirma.

Alterações

Além de propor mudanças no estatuto para dificultar renúncias, o secretário do Conselho Deliberativo entende que é necessário prever medidas para a hipótese de renúncia coletiva. Conforme o estatuto social do Criciúma, a renúncia do presidente deve ser preenchida com a interinidade do vice-presidente administrativo. Na linha sucessória, ainda estão os vices financeiro e de patrimônio. O problema pode aparecer em caso de renúncia coletiva do presidente e seus vices. 

“A renúncia coletiva não está prevista, mas, neste caso, quem vai teoricamente administrar até fazer a eleição é o presidente do Conselho Deliberativo. Não é estatutário, mas vou propor alteração no estatuto para ser colocado. Já vimos que algumas coisas não deram certo. Se todos os vices renunciarem, quem assume? O certo é o presidente do Conselho”, sustenta.

A previsão é que Alexandre Farias seja empossado presidente na próxima reunião do Conselho, marcada para o dia 10 de dezembro. Com isso se confirmando, então é lançado o edital para eleger um novo vice-presidente administrativo, que vai assumir a presidência quando Farias se ausentar para assumir a CBT.

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