Por Thiago Hockmüller - thiago.hockmuller@engeplus.com.br
Em 20/12/2024 às 12:04Zé Ricardo é o técnico escolhido pelo Criciúma para comandar o time em uma temporada de desafios para o clube. Além de reformular o elenco, o Tigre sonha com o tricampeonato estadual e em voltar para a Série A do Brasileirão. Mas afinal, o que esperar do novo treinador?
O último trabalho de Zé Ricardo foi no Goiás, teve pouca duração e se assemelha com o cenário atual do Criciúma. Ele assumiu o cargo na última semana de 2023 e foi demitido no final de março. O clube goiano passava por crise política e mudanças no regime presidencialista para uma gestão de conselho. Atrasado no planejamento, o Goiás enfrentou desafios para contratar jogadores.
“Foi nesse cenário que o Zé Ricardo chegou no Goiás. Foi uma situação atípica. Não tinha ninguém no elenco e não tinha quase ninguém contratado”, afirma Caio Mounif, repórter da Rádio Bandeirantes e PUC TV, responsável por acompanhar o dia a dia do Goiás.
Diante da necessidade de agilizar o processo, o clube passou a contratar. E Zé Ricardo a indicar jogadores que tinham trabalhado com ele, casos dos atacantes Getúlio e Paulo Baya, do goleiro Thiago Rodrigues, do meia Juninho e do volante Luiz Henrique.
“O Zé Ricardo pega um elenco limitado. Para conseguir montar o time, pelo menos para disputar o Campeonato Goiano, ele teve que indicar meio mundo de gente. O Juninho foi um dos poucos que deram certo. Ele também indicou o Paulo Baya, que foi o artilheiro do Goiás na temporada. Então ele pega o Goiás nesse cenário, um time mal montado, um elenco limitado, não por culpa dele, que apenas teve que indicar quem encontrou livre no mercado”, explicou o setorista.
Forte na defesa, mas…
A equipe montada por Zé Ricardo era forte defensivamente e sofria poucos gols. Ao longo do Estadual, o Goiás sofreu apenas quatro gols e foi eliminado com campanha invicta. No mata-mata, empatou duas vezes com o Goiânia e perdeu nos pênaltis. O insucesso se repetiu na Copa Verde, onde o time foi eliminado para o maior rival, o Vila Nova. A defesa sólida era o oposto do ataque, que enfrentou problemas. O time dependia de Allano, que defendeu o Criciúma logo depois e deixou o clube antes mesmo do término da Série A.
“O trabalho do Zé Ricardo teve um ápice no segundo terço do campeonato goiano. A defesa ia muito bem, não levava gols. Um sistema defensivo sólido e muito bem posto, mesmo com peças de qualidade questionável. No entanto, o ataque, em determinado momento, parou de funcionar. Também é válido ressaltar que foi um ataque ruim em termos de peças. O ataque do Goiás dependia do Allano, que é um jogador que tem as suas limitações claras”, avaliou.
Demitido pelas eliminações
O trabalho de Zé Ricardo no Goiás não é considerado ruim, no entanto, as eliminações foram suficientes para derrubá-lo do cargo. Mounif explica que quando o time precisava propor as partidas, encontrava problemas. É neste ponto que o novo treinador do Criciúma deve mostrar evolução, conforme analisa o setorista.
“O trabalho dele ruiu na reta final e nos momentos em que enfrentou as equipes mais fortes. O quê deu errado? O elenco que ele tinha em mãos era limitado, no entanto, ele também teve parcela de culpa na parte de construção de jogo. É onde ele mais encontra dificuldades. Se o Zé Ricardo no Criciúma for jogar contra o Goiás aqui em Goiânia, ele vai conseguir montar uma estratégia boa. Agora, se ele for enfrentar o Volta Redonda no Heriberto Hülse, onde o Criciúma precisa tomar as ações do jogo, pode ser que ele tenha dificuldades. Essa é a limitação dele”, argumentou.
Olho na base
Dois pontos importantes para a escolha do Criciúma por Zé Ricardo casam com a análise do setorista da Bandeirantes. O primeiro é a gestão de grupo. Em processo de reconstrução de elenco, a diretoria do Criciúma entende que o carioca de 53 anos, com passagens ainda por Flamengo, Vasco, Botafogo, Fortaleza, Inter e Cruzeiro, tem o perfil adequado para a missão. O segundo ponto está na atenção para as categorias de base.
O repórter da Bandeirantes entende que Zé Ricardo agrega estas características, perfil, inclusive, citado pelo presidente Alexandre Farias em entrevista ao Portal Engeplus. “Eu diria que nos aspectos positivos que eu notei no Zé Ricardo, ele é um treinador que observa e valoriza a base, dá chance aos jogadores da base e roda bem o elenco. Ele experimenta todos os jogadores do elenco, ele não é aquele técnico que já chega com a cabeça fechada. Ele é bom no sistema defensivo, mas tem essa limitação do meio para frente, mas, acima de tudo, eu acho que no Goiás ele foi prejudicado pelo contexto em que ele pegou o clube”, resume.
Pontos positivos
- Sistema defensivo;
- Utilização da base;
- Gestão de grupo;
- Possui bom relacionamento pessoal.
Precisa ficar de olho:
- Problemas ofensivos.
“Nota mil”
A análise de Caio Mounif da passagem de Zé Ricardo pelo Goiás é concluída assim: “Vocês estarão lidando com um cara nota mil. O Zé, com relação ao trato pessoal, é um dos profissionais mais gentis que eu tive contato no meio do futebol, que é um meio onde tem muito cara estrelinha. O Zé é um cara humilde, que não era aquele tipo de profissional que ia na coletiva para atacar jornalista, para dar patada, ele respondia tudo que era perguntado, muitas vezes eram perguntas duras”, lembra o setorista.
Um dirigente ouvido pela reportagem e que trabalhou com Zé Ricardo no Flamengo e no Vasco também elogiou o novo treinador do Tigre. “O Zé Ricardo iniciou no futebol de salão, passou por categorias de base do Flamengo, chegando ao profissional. É um treinador sério, uma pessoa muito correta e bom profissional”, disse.
Embora anunciada oficialmente a contratação de Zé Ricardo, o Criciúma não divulgou a data de apresentação. O técnico está em compromisso na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), onde é instrutor na CBF Academy.
Leia mais sobre:
criciuma,
goias,
Zé Ricardo.
De volta ao Tigre
Novo atacante
São José
Retrospecto ruim
Retorno
Empréstimo
No apito
De volta ao Tigre
Novo atacante