Por Rafaela Custódio -
Em 15/09/2024 às 11:00Empreendedores de Criciúma estão revolucionando o mercado de transporte urbano com um aplicativo inovador que promete mudar a forma como motoristas e passageiros se conectam. Com um modelo de negócios disruptivo, o novo aplicativo chamado Blits permite que os motoristas recebam 100% do valor das corridas cobrando apenas uma assinatura para utilização da plataforma. A ideia, recentemente patenteada, visa oferecer uma alternativa mais justa e econômica para os condutores profissionais, desafiando as práticas tradicionais das empresas de transporte por aplicativo.
A ideia do novo modelo de aplicativo de transporte de carros surgiu após um problema visto pelos empreendedores. A Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) desempenhou um papel crucial no desenvolvimento do aplicativo, oferecendo suporte técnico e expertise acadêmica. A colaboração incluiu orientação e acesso a laboratórios e recursos de pesquisa. Essa parceria entre os empreendedores e a universidade não apenas impulsionou a criação do aplicativo, como fortaleceu a inovação tecnológica na região, destacando o compromisso da instituição de ensino com o desenvolvimento regional e a promoção de soluções sustentáveis no setor de transporte.
Blits: o que é?
O empreendedor Marco de Almeida Alves, morador de Criciúma, conta que em 2023 percebeu que um motorista processou uma plataforma de serviço de transporte privado por meio de um aplicativo. Ele começou a estudar o assunto e percebeu um problema em diversas plataformas e, para isso, surgiu a ideia de criar uma nova plataforma, beneficiando os condutores.
“Em 2023, quando houve uma ação trabalhista de um motorista contra uma plataforma, ela foi condenada a pagar, porém, continua em grau de recurso, sendo que pode pagar até R$ 1 bilhão para todos os motoristas da plataforma. Além disso, será necessário assinar a carteira de trabalho. Com esse problema, comecei a ver uma forma de fazer com que o aplicativo fosse de forma autônoma. A partir do momento que depende do terceiro para receber, você não é autônomo, o motorista está dependendo de alguém, e é o que acontece ainda hoje com as plataformas que existem”, afirma Alves.
O empreendedor conta que, atualmente, o passageiro solicita o carro e no fim da corrida paga para o aplicativo, que depois paga o motorista. “Alguns demoram pouco tempo, outros demoram uma semana, outros um pouco mais, mas sempre passa pelo aplicativo, eles ficam girando com dinheiro. Depois, eles pagam para o motorista. Isso gerou o vínculo. Tive a ideia de criar um aplicativo onde o motorista pagasse uma assinatura e recebesse direto, ou seja, 100% do valor do passageiro”, detalha.
Após ter a ideia inicial do aplicativo, Alves conversou com a empreendedora Adriana Marquezini, falou da sua ideia e ambos começaram a trabalhar juntos sobre o mercado, realizando diversas pesquisas. Em seguida, eles se uniram com mais duas pessoas, Charles Moreira de Oliveira e Cristian Baldoni Bolzan.
Legenda: Marco de Almeida Alves e Adriana Marquezini, fundadores do Blits. Foto: Rafaela Custódio/Portal Engeplus
Atualmente, a franqueadora Blits Mobilidade Urbana conta com um time formado por área administrativa, financeiro, desenvolvimento, mídias e redes sociais, planejamento estratégico de marketing, jurídico e comercial. Ao todo fazem parte do time 12 profissionais diretos.
Mercado
Alves ressalta que todas as plataformas possuem o mesmo modelo de negócio e mudam apenas as taxas para os motoristas. “Fomos entender o problema no mercado e criar a solução. Entendemos que o principal problema para ambos os lados, ou seja, empresário e motorista, é o vínculo trabalhista e também não receber 100% do valor da corrida”, conta.
Já Adriana cita que as plataformas convencionais não estão preocupadas com o motorista. “A manutenção do carro, seguro, combustível ou qualquer outro problema que surgir é do profissional e as plataformas não estão preocupadas com isso”, observa.
A humanização também foi um ponto estudado pela dupla. “Hoje, se um passageiro esquecer algum objeto dentro do carro, provavelmente ele terá um problema para resolver. Tem que entrar em contato com uma central de outro estado, provavelmente terá que pagar por uma nova corrida para tentar recuperar seu objeto. Vimos que isso também é um problema”, lembra.
O surgimento da Blits
O aplicativo Blits surgiu com a ideia de ajudar os motoristas com uma série de benefícios, trazer humanização aos passageiros e oferecer conforto, respeito e segurança.
“Hoje, o motorista paga uma assinatura para o aplicativo de R$ 99,00 para carro e R$ 150,00 para motocicletas, porém toda corrida que ele fizer, independente do valor, todo o dinheiro será dele. O valor cai 100% na conta dele. O profissional paga uma assinatura, porque é uma ferramenta de trabalho. Igual quando a gente contrata um curso de uma plataforma digital, igual quando tem uma empresa de um sistema de gestão, você contrata, paga e utiliza o serviço. Se deixou de pagar, é bloqueado automaticamente”, frisa Adriana.
Os empreendedores contam que nas pesquisas não existia nada igual no Brasil. Com isso, eles patentearam a ideia. “Nós criamos esse modelo da assinatura, em que o motorista paga e libera o aplicativo. Todas as solicitações que pedimos para corrida ou tele-entrega, vai cair para esse pessoal. E eles vão fazer a corrida e vão receber 100% desse valor. A gente correu e patenteou, fizemos o software, ou seja, o nosso aplicativo é do zero, o código-fonte é nosso. Então, fomos entendendo o aplicativo, pesquisando, conversando com vários motoristas e passageiros, entendendo do que eles gostariam, quais eram as dores de cada um. Fomos desenhando o aplicativo. Já rodamos, fizemos os testes e está tudo certo”, garante Adriana.
Ampliação do sistema e das ideias
Segundo os criadores da Blits, eles desenharam um modelo de expansão por meio de franquias. “Em cada região que houver uma Blits rodando, vai ter uma central nossa com alguém para atender a situação dos motoristas e, claro, dos passageiros. Isso não acontece com outras plataformas”, ressalta.
O aplicativo foi lançado no dia 4 de maio, em Criciúma. “No primeiro mês, tínhamos feito uma projeção planilhada, com planejamento, de que alcançaríamos 150 novos cadastros num mês e seguiríamos crescendo gradativamente, até para ser um negócio sustentável, mas conseguimos 150 assinaturas no primeiro dia, sendo que no segundo já tínhamos 300 cadastros. Atualmente, são mais de mil cadastros realizados na plataforma”, afirma Adriana.
“A Blits é a primeira e única empresa de mobilidade urbana no Brasil patenteada por assinatura para motoristas, com código-fonte do zero, a startup planejou o modelo de expansão nacional”.
Adriana Marquezini, empreendedora.
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Primeira franquia vendida
Em pouco tempo de criação do aplicativo, os empreendedores já conseguiram vender a primeira franquia. “Vendemos para carros, vendemos a franquia de motos e fechamos na cidade de Tubarão. Estamos com quatro franquias aqui na nossa região carbonífera. Estamos incubados na Unesc e queremos atingir a região Sul de Santa Catarina, expandindo para outros lugares e estados”, detalha.
Desde o seu lançamento, a Blits já entregou duas franquias de carros e duas micro franquias de motos, que estão liberadas para atuar na Associação dos Municípios da Região Carbonífera (Amrec) e Associação Municípios Região de Laguna (Amurel).
Blits Clube
Durante as pesquisas, os empreendedores perceberam que era necessário também criar um Clube de Benefícios para os motoristas e passageiros, criando assim uma parceria e fazendo com que a economia da região girasse. “Nenhum parceiro paga nada para nós, mas ele entrega descontos para os nossos usuários, motoristas e passageiros. Assim, as pessoas baixam o aplicativo, mostram um aplicativo na rede parceira e eles têm desconto. Temos parceiros com posto de combustível, lavação, oficina mecânica, academia e outros serviços. Esse clube é um grande benefício, principalmente, aos motoristas, porque a assinatura que ele paga para nós ganha de descontos nos nossos parceiros”, comenta Alves.
A Blits disponibiliza o sitewww.blitsclube.com.br para que todos os motoristas e passageiros cadastrados tenham acesso e conheçam a rede já disponível.
Cuidado com os carros, pessoas e foco na segurança
Os criadores da Blits priorizam a segurança de passageiros e motoristas. “As empresas de mobilidade checam toda a parte do motorista. Elas olham o motorista em si, quem é esse profissional, e eles olham também a placa do veículo e a documentação, se está em dia. Nós vamos além e olhamos o passageiro também. Porque se você for olhar tudo o que acontece hoje de sequestro, é geralmente no banco de trás. O banco da frente às vezes é assédio, às vezes é discussão devido a valor, mas geralmente sequestro e assalto é com quem está no banco de trás. Então, olhamos quem senta no banco de trás também. Se entendermos que determinado passageiro não é legal para a Blits, ele não vai passar no cadastro. Claro, isso não garante que não aconteça nada, mas, com certeza, a chance diminui”, observa Adriana.
Alves conta que a Blits também avalia os carros dos motoristas. “A maioria das empresas de aplicativo, pegando no cenário de carro, pegam carros com dez anos de placa. Nós, não. Porém, é feita uma vistoria no automóvel na central. Checamos coisas que vão fazer sentido para a segurança do passageiro. Então, além da documentação, fizemos uma vistoria na lataria, setas, cinto de segurança, detalhes internos e externos. Porque, muitas vezes, um carro com mais de dez anos de uso está, sim, em bom uso e bem cuidado. Então, claro, aceitamos esse motorista”, afirma.
Como a Unesc ajudou os empreendedores e o projeto?
Adriana conta que quando Alves a procurou para falar da ideia do aplicativo, começaram a pôr no papel as ideias e a realizarem pesquisas, mas chegou o momento que precisaram de ajuda e recorreram à Unesc. “Entendemos que precisávamos sentar na mesa com quem poderia ter um olhar diferente do nosso. Fomos para a Unesc, fomos bem recebidos e fomos incubados na universidade. A partir disso, começamos a receber uma retaguarda boa. Além disso, hoje, estamos também aprovados na Associação Brasileira de Franchising (ABF), que é uma associação de franquias”, comenta.
A gerente de Inovação e Empreendedorismo da Unesc, Elenice Padoin Juliani Engel, explica como funciona quando empreendedores necessitam de ajuda da universidade.
Elenice explica ainda que a Unesc possui um ecossistema de inovação, oferecendo vários programas que estão direcionados para a promoção da inovação, do empreendedorismo e da transferência de tecnologia no desenvolvimento da empresa. “São vários programas, desde o nosso Parque Científico e Tecnológico, do Unesc Labs, do Unesc Solution, do Unesc Connect, do nosso programa de jornada empreendedora, o Núcleo de Empreendedorismo, o nosso movimento das empresas juniores, assim como um programa, o Inova Junior, direcionado para os estudantes do ensino fundamental e médio. Então, a Unesc já tem um ecossistema consolidado e oferece uma série de programas. Um deles é a nossa incubadora ITEC.in, que é a incubadora de ideias e negócios”, detalha.
Blits e Unesc
Elenice conta que os empreendedores da Blits entraram em contato com a Unesc já com a ideia formatada e precisavam se aproximar do ecossistema de inovação. “Além da jornada que a incubadora oferece, dentro do ecossistema de inovação da Unesc, essas startups que estão conosco também ganham grande visibilidade. Então, a universidade dá esse espaço para elas nos eventos da própria agência de inovação. Nós temos os canais de comunicação, como a rádio e a TV Unesc. Essas empresas incubadas têm espaço também para divulgar os seus produtos. Estar na incubadora Unesc é fazer parte de uma rede de vários atores que compõem o ecossistema de inovação”, observa.
A Gerente de Inovação e Empreendedorismo da Unesc explica também que os empreendedores da Blits receberam orientações, mentorias, o espaço adequado para que eles conseguissem fazer a sua operação e, assim, foram ganhando bastante tração. “Foi um momento em que o negócio já estava indo para o mercado, começando a buscar seus primeiros clientes e também tornar esse processo em uma franquia. Então, eles conseguiram testar, colocaram no mercado, deram visibilidade, e isso dentro do processo da incubação da Unesc”, frisa.
Crio
Desde o dia 26 de abril, Criciúma e o Sul de Santa Catarina passaram a integrar a Rede Catarinense de Centros de Inovação. Isso porque a partir deste dia entrou em operação o Centro de Inovação Criciúma (Crio). A Unesc é a encarregada pela administração do empreendimento, localizado no antigo Complexo Educacional Nereu Guidi, entre as ruas Araranguá e Henrique Lage, na área central de Criciúma. Hoje, o espaço é tomado por computadores, tablets, startups, empresas, empreendedores e tantos outros agentes que fazem parte do ecossistema de inovação.
“Hoje, a Blits está conosco no Crio, que é um espaço recém-inaugurado aqui em Criciúma, que é o Centro de Inovação, um espaço que tem uma infraestrutura disruptiva em termos de arquitetura, mas também de propósito. Então, o Crio é para ser um grande articulador do Ecossistema de Inovação. Hoje tem a gestão da Universidade e a Blits está desde o momento em que a Unesc assumiu a gestão e levou a operação da Agência de Inovação para dentro do Centro de Inovação. A Blits tem seu espaço lá. Então, eles conseguem ter mais acessibilidade e os interessados têm mais acesso à startup, podem fazer reuniões naquele espaço, participar dos eventos e promover eventos no Centro de Inovação”, detalha Elenice.
A pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação, Inovação e Extensão da Unesc, Gisele Coelho Lopes, ressalta que o Centro de Inovação de Criciúma é um sonho coletivo e serve justamente para ajudar empreendedores como Alves e Adriana.
Futuro da Blits
Os criadores da Blits ressaltam que continuarão trabalhando para melhorar o aplicativo e novos serviços serão oferecidos aos passageiros e motoristas. “Pensamos também no Blits Viagem, o Blits mais 60 anos para atender os idosos e teremos motoristas especializados. Nós teremos ainda o Blits PCD, para atendermos pessoas com deficiência, porque existe, sim, uma demanda. Ainda, nosso objetivo é desenvolver o Blits Transfer. Essa ideia é para atender empresários, diretores de empresas ou pessoas que necessitam de um motorista em determinado horário e local e já poderá deixar reservado. Ainda temos outras ideias, como Blits para mulheres, enfim, colocaremos na praça as ideias em breve”, pontua Adriana. O Aplicativo disponível para Android e IOS.
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