Por Rafaela Custódio -
Em 03/07/2024 às 15:20A cidade de Criciúma contará com um novo espaço tecnológico no bairro Próspera. Com uma área de 60 mil metros quadrados, o antigo pavilhão da Cecrisa será o novo espaço empresarial e de inovação do município. O ambiente foi chamado de ‘Parque Empresarial de Inovação Leonardo da Vinci’, referência a um polímata italiano que expressava seu talento nas artes, na medicina, na engenharia, na arquitetura e na física.
A área pertencia às Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) e em dezembro do ano passado a Câmara de Vereadores autorizou a compra do imóvel por parte da Prefeitura de Criciúma ao valor de R$ 10,5 milhões, parcelado em 180 vezes de R$ 56,2 mil.
A Prefeitura de Criciúma contratou a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) para elaborar um estudo e um plano de negócios para o espaço. No primeiro momento, o prefeito Clésio Salvaro chegou a citar que queria que o local se transformasse em um centro de inovação tecnológico, entretanto, a Fiesc foi contratada para ajudar no que se transformará o espaço.
Na manhã desta quarta-feira, dia 3, o governo municipal reuniu empresários e lideranças para que a Fiesc apresentasse o modelo de negócio para o espaço que abrigava o pavilhão da Cecrisa.
A Fiesc explicou que o nome de ‘Parque Empresarial de Inovação Leonardo da Vinci’ foi escolhido em virtude da expertise de Da Vinci. O novo espaço de Criciúma terá ciência, aspecto artístico, político, engenharia, tecnologia e, claro, inovação. Além disso, no estudo apresentado pela Fiesc, o projeto une quatro setores: privado, cidade civil, governo e academia. O objetivo da Federação das Indústrias é também que o novo local seja um corredor de inovação para Criciúma.
“A gente escolheu o nome de Leonardo da Vinci, pois ele foi um grande ícone, um gênio que, por si só, é a personificação dessa sinergia. É uma pessoa que dominava várias técnicas, várias áreas de conhecimento, então é uma homenagem a esse gênio, que justamente dominava essa integração de áreas e deixou um legado para gente até hoje. Então, da mesma forma, é um projeto que quer deixar um legado para Criciúma”, afirmou o arquiteto da Fiesc, Lucas Passold.
Passold explicou que o conceito principal do projeto é conseguir contar a história de Criciúma. “Queremos posicionar historicamente [a cidade] através desse projeto e geograficamente também. O objetivo é mostrar um entrelaçamento entre o passado, o presente e o futuro em um mesmo projeto. Falando de posição geográfica, a gente já tem uma posição de Criciúma muito interessante, que a cidade fica nesse eixo já de Florianópolis e Porto Alegre e fica justamente centralizada entre a serra e o mar e, com a região metropolitana, um grande centro já geograficamente de cidades ao redor que vão gerar esse ecossistema para termos a criação do parque”, observa.
Endereço privilegiado
Localizado no bairro Próspera, o espaço está próximo de rodovias estaduais. “A gente está um pouco na posição leste da cidade de Criciúma, mas ainda muito próximo do Centro. O terreno da antiga Cecrisa fica quase na união da SC-443 com a SC-445, e é um terreno que fica no meio de uma quadra, ou seja, tem mais de um acesso”, detalha.
E as edificações?
Atualmente, o local conta com diversos pavilhões que eram utilizados pela Cecrisa. “Temos uma grande edificação da antiga fábrica. A primeira coisa que a gente teve que pensar é como lidar com essa edificação, como liberar acessos. Para que o projeto possa acontecer, decidimos abrir espaço com a demolição, porque muita parte dessa estrutura está prejudicada, então realmente não dá para reaproveitar, mas a gente também opta por preservar essa memória, querendo ou não, é uma indústria que tornou Criciúma um grande polo de cerâmica. Decidimos por preservar uma parte desse edifício e liberar esse terreno para tornar ele acessível, para que esse projeto possa acontecer”, explica.
Conforme o arquiteto, o terreno possui cerca de 250 metros de uma ponta a outra. “Tendo esse conceito de ser um centro de inovação, um grande centro para a cidade, a gente consegue por uma resolução de novas vias e criar uma centralidade. A ideia é que a partir disso a gente consiga distribuir fluxos e tornar esse acesso muito fácil, muito rápido, que a gente consiga fazer tudo apé em cinco minutos, claro, também tornando acessível para o restante da população por transporte”, afirma.
O objetivo da Fiesc é criar uma praça central no terreno e que a partir disso distribua o fluxo para o parque empresarial. “É uma praça central que vai distribuir esse fluxo e vai gerar essa conexão com os terrenos ao redor dela. E assim a gente conseguiu organizar os lotes ao redor dessa grande praça. Assim também terá um grande eixo que vai se conectar com as empresas”, frisa.
Apenas um pavilhão
Dos pavilhões existentes hoje, apenas um será reutilizado. “A ideia é que a gente comece a utilizar a própria fábrica com reuso adaptativo, um retrofit [é uma técnica de revitalização de construções antigas], que a gente possa reaproveitar a estrutura dela. Conectar ela por outra praça, então conectar a rua com o centro do terreno e aí atribuir novos usos para essa edificação. A gente aproveita a estrutura dela reformando as partes que estão degradadas. A ideia é que as paredes de tijolos representem essa história da indústria da cerâmica, mas que isso vá além, que mostra essa vontade da cidade de pensar em inovação”, comenta.
Uma praça no meio do parque
O projeto da Fiesc também prevê uma praça, que traga qualidade de vida às pessoas que frequentarão o parque. “A gente tem essa praça que receberá as pessoas na entrada desses edifícios, mas também é um lugar para respirar, viver e não só trabalhar”, detalha. “É muito importante que tenhamos equipamentos urbanos de qualidade, imobiliário urbano, iluminação, que as pessoas possam se apropriar desse espaço como se fosse delas”, acrescenta.
Resgate histórico
O local também deve preservar a história de Criciúma. “A gente quis trazer também um pouco da história da cidade, porque é muito interessante ver que Criciúma se baseia muito na matéria-prima do solo. Primeiro com o carvão, depois a argila, que faz a cerâmica, então a gente não quis fazer uma simples praça. E a gente quis também valorizar esse solo, trabalhar com a topografia. Na verdade, é um edifício-praça. Essa praça se ergue do solo e embaixo dela a ideia é que a gente tenha também um grande centro de visitação, um centro cultural. Esse vai ser um espaço que vai reunir muitas pessoas, ter uma agenda de eventos da cidade para justamente estar mostrando tudo de inovação que está acontecendo ali para a comunidade. É um centro que não só distribui fluxos, mas ele também vai se comunicar com as edificações ao redor com esses serviços que vão estar ali dentro”, anuncia.
Terceiro ponto do projeto
No projeto proposto pela Fiesc tambémestá um edifício com duas cores, ou seja, um centro empresarial de inovação que vai justamente mostrar arquitetonicamente a inovação que Criciúma. “É um edifício que realmente se propõe a ser um marco na paisagem, se propõe a ser um portal de entrada para esse parque, para chamar a atenção das pessoas para quererem entrar no espaço com as inúmeras possibilidades de serviço que vão estar acontecendo ali dentro. A ideia é que as empresas âncoras apropriem desse edifício também como um grande marco”, adianta.
Nome do parque
José Eduardo Azevedo Fiates, diretor de Inovação e Competitividade da Fiesc, conta que em alguns momentos o projeto chegou a ser chamado de ‘Parque de Inovação’. “O importante é que é um parque, e esse conceito de parque é legal porque ele estabelece ao mesmo tempo uma lógica de identificação física. É um espaço que tem conteúdo, não é simplesmente um bairro, não é simplesmente uma área, é um parque que tem diversas funções”, argumenta.
Para Fiates, a solução do local é fazer uma espécie de sistema de concessão. “Por meio de uma entidade transitória, como se fosse um consórcio privado, em que reúnem parceiros que vão trabalhar juntos durante o período. O que achamos, e vamos colocar como desafio, com um tema que seria ideal, é utilizar uma entidade existente”, comenta.
Vale ressaltar que o modelo arquitetônico apresentado pela Fiesc pode ser mudado pelas empresas que estarão se instalando no parque. O objetivo da Federação das Indústrias foi trazer uma sugestão de algo novo e moderno para Criciúma.
O modelo de negócio, ou seja, como será o parque a partir de agora, será definido nos próximos 30 dias e uma nova reunião para apresentação da nova etapa será marcada.
Em 30 dias, novidades
O prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, ressaltou que em 30 dias a Fiesc deve entregar um novo modelo de negócio. “Qual é a participação da prefeitura? Não é o dinheiro público, é o terreno, é o imóvel, até porque isso interessa muito para o Poder Público. Toda aquela região da grande Próspera vai sofrer um processo de melhoramento, a valorização, a propriedade, o Parque das Nações trouxe isso, mas este é um parque de lazer, de qualidade de vida. O que nós vamos apresentar ali é um negócio, é para ganhar dinheiro. Geração de emprego, geração de renda, impostos para o Poder Público. Então, este modelo de negócio nós temos em mais uns 30 dias para ser apresentado”, frisou o prefeito.
Salvaro acredita que ainda neste ano devem ocorrer obras no espaço. “Demorou muito a transferência da propriedade do Estado para o município, mas agora, estando aqui, as coisas caminham”, finalizou.
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