Por Thiago Hockmüller - thiago.hockmuller@engeplus.com.br
Em 26/03/2025 às 14:28Desde o início do ano letivo, Criciúma convive com a discussão intensa na área da educação, desde a infraestrutura das escolas até a quantidade de professores e a valorização destes profissionais. A reportagem procurou a Associação Feminina de Assistência Social de Criciúma (Afasc) para entender quais são os parâmetros que estabelecem a relação quantidade de professores/quantidade de alunos.
O primeiro passo é compreender que as definições estão estabelecidas em resolução do Conselho Municipal de Educação (Comec), que serve para disciplinar ações do ensino público municipal. Portanto, são com base nestas regras que a Afasc determina a quantidade necessária de professores para suprir a demanda de alunos.
O quadro da Afasc conta com 1.111 professores, sendo 85 deles contratados em março deste ano. Segundo a coordenadora do Departamento Infantil da associação, Taís Freitas, são apenas 12 vagas abertas e que estão em vias de serem preenchidas. E que estas vagas são justamente para possibilitar substituições em caso da ausência de algum professor.
“Temos que estar alinhados com o Comec e trabalhar exatamente como ele exige. São profissionais atuantes e preocupados com a segurança das crianças, assim como a Afasc. Estamos sempre empenhados em não deixar faltar profissional e sobrecarregar a sala de aula. Trabalhamos com crianças e escolhemos estar com as crianças, então a nossa preocupação é, sim, a qualidade e o bem-estar delas”, pondera Taís.
As diretrizes do Conselho Municipal de Educação para a organização das turmas dos Centros de Educação Infantis (CEIs) estabelecem seis grupos, conforme a idade dos alunos. Os grupos 1, 2, 3 e 4 são aqueles que exigem um professor na posição de líder e um professor auxiliar, que também é formado em magistério ou pedagogia. Segundo o Comec, os grupos cinco e seis exigem um professor em sala de aula.
Regra da Afasc
Para as turmas dos dois primeiros grupos (G1 e G2), a Afasc aumentou para três o número necessário de professores em sala de aula. Um é contratado no regime de 40 horas semanais e os outros dois no regime de 30 horas. A conta para estes grupos é de até sete alunos para cada professor, podendo chegar, no máximo, a 20 alunos na mesma sala.
“As crianças chegam às 6h30 e vão embora às 18h30. São 12 horas. O professor de 40 faz oito por dia. Faltaria profissional para receber essa criança e para entregar. Por isso, a gente tem uma professora de 40 e as outras duas tem que ser de 30. Então, duas de 30 pela manhã e duas de 30 pela tarde”, explica.
Os grupos três e quatro se mantêm iguais, enquanto nos grupos cinco e seis a instituição adicionou uma estagiária. Esta estagiária não é a mesma contratada na modalidade menor aprendiz. Em sala, os estagiários são alunos de magistério ou pedagogia. A Afasc soma 143 estagiários contratados.
“As pessoas acham que é menor aprendiz. São estagiárias de magistério e pedagogia. Meninas que já estão estudando. Vem, às vezes, a frase de “criança cuidando de criança”. E são mulheres, mulheres maduras e algumas delas são estagiárias dos nossos alunos PCDs (pessoas com deficiência)”, argumenta.
Grupo 1 - Crianças de 3 a 11 meses
Resolução do Comec: Turmas com seis a 12 alunos | em sala, sempre um professor e um professor auxiliar.
Regra da Afasc: Turmas com até 20 alunos | três professores.
Grupo 2 - Crianças de 1 ano a 1 ano e 11 meses
Resolução do Comec: Turmas com oito a 15 alunos | em sala, sempre um professor e um professor auxiliar.
Regra da Afasc: Turmas com até 20 alunos | três professores.
Grupo 3 - Criança de 2 a 2 anos e 11 meses
Resolução do Comec: Turmas com 10 a 20 alunos | em sala, sempre um professor e um professor auxiliar.
Regra da Afasc : Turmas com até 25 alunos | se mantém igual.
Grupo 4 - Crianças de 3 a 3 anos e 11 meses
Resolução do Comec: Turmas com 15 a 25 alunos | em sala, sempre um professor e um professor auxiliar.
Regra da Afasc: Turmas com até 25 alunos | se mantém igual.
Grupo 5 - Crianças de 4 a 4 anos e 11 meses | Turmas com 20 a 25 crianças
Resolução do Comec: em sala, sempre um professor.
Regra da Afasc: um professor e uma estagiária.
Grupo 6 - Crianças de 5 a 5 anos de 11 meses | Turmas com 20 a 25 crianças
Resolução do Comec: em sala, sempre um professor.
Regra da Afasc: um professor e uma estagiária
É suficiente?
Uma das discussões fomentadas nos últimos dias paira sobre a suficiência do número de professores em salas de aula, sobretudo em função da demissão de duas professoras no Centro de Educação Infantil (CEI) Beato Aníbal Maria di Frância, no bairro Boa Vista. Na ocasião, a Afasc concluiu que houve negligência no cuidado de um aluno do grupo 2, que foi flagrado sozinho próximo às grades da instituição. Um grupo de mães saiu em defesa das professoras argumentando que o erro aconteceu em função da quantidade alunos.
Taís explica que o número estipulado pelo Comec é suficiente para manter o ambiente controlado. “Eu tenho uma experiência de 15 anos na educação, fui professora atuante em sala de aula, trabalhei tanto no Estado quanto no Município e em escolas particulares. Enquanto professora atuante, estou falando do meu modo de pensar. Eu acho que esse número é bem controlado. Temos muitas crianças que ficam 12 horas nos CEIs. Elas têm uma rotina. Ela não tem a mesma rotina de casa. Eles seguem a nossa rotina, que está colada na porta para os pais identificarem”, afirma.
A rotina contempla horário de almoço, sono e atividades. No dia 31 de março, será concluído o projeto de adaptação dos alunos. A coordenadora explica que a adaptação das crianças e a inserção de uma rotina pré-estabelecida contribuem de forma positiva para amenizar o cansaço dos profissionais.
“Pela rotina, não se torna tão cansativo, porque a criança acaba se acostumando. Temos três orientadoras que cuidam da parte pedagógica e estão diariamente nos CEIs, além disso, temos duas secretarias administrativas que sempre estão passando diariamente essa frequência de alunos. É claro que a gente entende que chega um momento no qual o professor cansa daquela rotina, mas eu acho que o número de crianças hoje na Afasc para cada profissional está correto”, justifica.
“Empenhados pela segurança”
Até em função dos problemas registrados nos CEIs neste início de ano letivo, a coordenadora do Departamento Infantil da Afasc explica que o processo de seleção dos professores é minucioso, justamente para garantir a entrada de profissionais responsáveis e maduros.
“Estamos 100% empenhados pela segurança e qualidade para as crianças. Qualidade de estudo, de alimentação e de cuidado. Temos a nossa psicóloga que está sempre em processo seletivo porque, hoje, as professoras contratadas passam no processo seletivo por uma psicóloga. Então, tem pessoas que não são aprovadas. Não botamos qualquer pessoa. As crianças são o bem maior de todos os pais e a falta de professor é a nossa maior preocupação. A gente está sempre empenhado e a Afasc não vai deixar faltar profissional e sobrecarregar a sala de aula”, argumenta.
A Afasc mantém um canal aberto de ouvidoria para atender pais ou responsáveis por alunos que tenham sugestões ou reclamações. Para acessar, clique aqui.
Leia mais sobre:
criciuma,
EDUCAÇÃO,
afasc,
Comec.
17 elementos
Criciúma