Pelo mundo: morador de Criciúma passa 30 dias explorando a Europa de bicicleta - Portal Engeplus
Viagem internacional

Pelo mundo: morador de Criciúma passa 30 dias explorando a Europa de bicicleta

Aliguieri Borges percorreu dois mil quilômetros, passando por cinco países no total

Por João Gabriel da Rocha

Em 03/07/2025 às 12:25
imagem da noticia
Foto: Aliguieri Borges/Especial Engeplus

O morador de Criciúma Aliguieri Miguel Borges, de 42 anos, aproveitou suas férias, entre maio e junho deste ano, para realizar a maior pedalada de sua vida. Durante 30 dias, ele percorreu cinco países da Europa, resultando em uma viagem de dois mil quilômetros. Sozinho em sua bicicleta, o ciclista viveu uma verdadeira aventura sobre duas rodas.

Segundo Borges, esse meio de transporte sempre esteve presente em sua rotina. “Eu utilizava bike no dia a dia desde criança. Já tinha feito uma pedalada menor, de 500 quilômetros, de Criciúma a Florianópolis. Há dois anos, pedalei mil quilômetros, do Uruguai até a Argentina. Neste ano, minha viagem coincidentemente deu dois mil quilômetros, dobrando a distância de novo”, explicou.

Levando somente uma mala de mão na bagagem, Aliguieri embarcou nessa aventura pegando um voo de Florianópolis a Lisboa. “De lá, fui até Barcelona, na Espanha, onde comprei a bicicleta, a barraca, o saco de dormir e os equipamentos”, contou.

Continua após anúncio
Fim do anúncio

Em seu percurso, o viajante percorreu diferentes solos e paisagens encantadoras. Entre os cinco países visitados por Borges estão Espanha, França, Vaticano, Mônaco e Itália. Durante a viagem, ao passar pela fronteira de cada país, ele colocava uma bandeira nova em um alforje de sua bicicleta.

(Foto: Aliguieri Borges/Especial Engeplus)

Rotina

Conforme o morador de Criciúma, o anoitecer tardio do fim de primavera europeu permitiu que ele não precisasse acordar tão cedo. “Geralmente ficava de noite por volta das 21 horas, então eu me levantava às 7 horas, desmontava o acampamento e tentava estar na estrada até as 9 horas, para até as 16 horas chegar no meu destino e poder conhecer um pouco da região”, explicou.

O ciclista se abastecia com itens leves e práticos comprados em mercados locais, como pães, geleias e frutas. Geralmente, ele passava suas noites em acampamentos ou Airbnbs. “Quando eu não acampava, ficava em Airbnbs “raiz”, digamos assim, pois eu não alugava uma casa e, sim, colocava um colchão na casa de alguém, ou alugava um quarto na casa de uma pessoa”, relatou. 

(Foto: Aliguieri Borges/Especial Engeplus)

Desafios e superação 

Conforme Borges, as subidas em regiões montanhosas foram os caminhos mais difíceis de seu trajeto. “Por mais que eu saísse com bastante suprimentos na bicicleta, ao chegar no alto das montanhas, o suprimento começava a acabar e o vento ficava mais forte, então era bem complicado”, relembrou.

Em meio às altas temperaturas, Aliguieri enfrentou dificuldades com o aquecimento da água que estava carregando. “Tinham lugares que estavam registrando cerca de 38°C. Eu pegava a água e tinha que deixá-la de dois a três minutos na boca até esfriar, para eu conseguir engolir”, frisou

Até mesmo o vento foi um dos desafios encarados pelo morador de Criciúma no caminho. “Conhecido como Tramontana, é um vento que é equivalente ao ‘Nordestão’ daqui. Naquele dia, encontrei dois ciclistas canadenses, que também estavam sofrendo com as rajadas, e fizemos a técnica do pelotão, com um indo na frente, deixando os dois atrás sem tomar tanto vento. Fomos revezando e conseguimos chegar até nosso destino”, destacou.

Apesar da sede e do cansaço, a persistência acompanhou o ciclista até o final da jornada. “Fiz percursos equivalentes a subir uma Serra do Rio do Rastro por dia. Na reta final, até pensei em pegar um trem até Roma, mas segui firme. Se fizesse isso, com certeza me arrependeria pelo resto da vida”, afirmou.

(Foto: Aliguieri Borges/Especial Engeplus)

Conexões por meio da comunicação 

Borges é poliglota e fala português, inglês e espanhol fluentemente. Por meio da comunicação, o ciclista conseguiu interagir bem na maioria das cidades. “A região da Toscana, na Itália, foi o único lugar mais difícil, pois as pessoas não foram muito receptivas. Ou não queriam me entender, ou fingiram que não entendiam”, lamentou.

O viajante contou que conheceu diversos cicloviajantes, de várias nacionalidades e tipos de trajetos. “Havia desde pessoas fazendo algo menor, até ciclistas viajando há seis meses”, relatou. “Encontrei um alemão em uma estrada, com um problema na roda de seu trailer. Voltamos a nos encontrar de seis a sete dias depois, em Gênova, na Itália, quando percebi que conhecia o trailer dele de algum lugar”, relembrou.

Experiência e cultura local 

Borges escolheu passar dois dias em cada cidade grande, como Barcelona e Roma. Entretanto, alguns dos lugares que mais gostou de conhecer foram onde ficou por menos tempo. “Passei por pequenos vilarejos e cidades muradas com paredes de pedra, nas quais você entrava pelo portão da frente e saía pelo de trás. Parecia que eu estava realmente voltando no tempo”, afirmou.

Para o ciclista, conhecer as cidades pequenas de um país é fundamental para a experiência de uma viagem. “Na Itália, por exemplo, enquanto Roma era um ‘formigueiro’ de turistas do mundo inteiro, nas pequenas vilas da Ligúria e Toscana era possível conhecer os moradores e o dia a dia da população local”, salientou.

Entre os pontos visitados por ele está Florença, local que remonta à origem do nome do ciclista. “É uma cidade muito histórica, onde nasceu Dante Alighieri. Tirei uma foto na frente da estátua dele e brinquei: “Para quem nunca teve um nome em uma lata de Coca-Cola, pelo menos tenho uma estátua aqui”, disse.

(Foto: Aliguieri Borges/Especial Engeplus)

Dificuldades na reta final 

Nos últimos dias de trajeto, Borges calculou errado as distâncias, e ao invés de percorrer de 70 a 90 quilômetros, pedalou por quase 140 quilômetros. “Naquele dia, resolveu chover, e eu estava descendo uma montanha. Era uma parte de estrada com um penhasco do lado, sem acostamento. Segui em frente com um olho aberto e outro fechado, e só após cerca de 30 quilômetros consegui parar em um posto de gasolina e esperar a chuva passar”, relatou.

Os desafios finais da viagem fizeram ele se sentir em um jogo de videogame. “Com o cansaço de 30 dias acumulado, tive que fazer um trajeto maior, na chuva ainda. Falei para meus amigos que foi como aqueles jogos em que na última fase você enfrenta o ‘chefão’. Passei por calor, descidas de morro, estrada sem acostamento, tudo isso na última fase do jogo”, ressaltou o ciclista.

Para ele, a adrenalina o fez se esquecer completamente dos problemas rotineiros. “Nesse tipo de viagem, você se desconecta completamente do dia a dia. Suas preocupações acabam virando para o que você vai comer e beber e onde você vai dormir”, explicou.

Borges contou que gosta de atividades desse tipo, pois o desafiam fisicamente, fazendo superar seus limites. “Não quero chegar a 70 ou 80 anos e me arrepender de não ter feito certas coisas. Por isso, quero aproveitar enquanto ainda posso”, frisou.

(Foto: Aliguieri Borges/Especial Engeplus)

Dicas e planos futuros

Borges destacou algumas dicas para quem pensa em viver uma aventura parecida. “Tentar conhecer a região o máximo possível, conseguir equipamentos de acordo com sua necessidade, investir para carregar o máximo de água e suprimentos e ter uma noção básica da manutenção da bicicleta. Além disso, realizar Seguro Viagem, incluindo traslado de corpo, para caso ocorra alguma fatalidade.

Segundo ele, apesar de desafiadora, a viagem está ao alcance de quem se preparar e estiver disposto a encarar o desafio. “Não é fácil, mas é recompensador. Te dá uma perspectiva única do mundo”, observou.

Para o ciclista, o próximo destino é incerto, mas já existem alguns planos em mente, como talvez viajar da Tailândia ao Vietnã. Ele publicou diversas fotos e vídeos da viagem, que podem ser encontrados em seu InstagramConfira abaixo alguns registros feitos por Borges durante essa aventura:

Aliguieri Borges/Especial Engeplus

Leia mais sobre:

criciuma,

ciclismo,

viagens.

Receba as principais notícias de
Criciúma e região em seu WhatsApp.
Participe do grupo!

Clique aqui

Confira mais de Geral