Por Redação Engeplus - jornalismo@engeplus.com.br
Em 13/09/2015 às 12:07Voz corrente no nordeste brasileiro em meados do século passado, a expressão "pau no burro" achegava-se a "pé na tábua" no sul. Em tempos politicamente corretos e de redes sociais, "tácale pau" poupa hoje o pobre animal dos maus tratos. De tão popular, batizou em 1963 uma marchinha da dupla Braguinha & Radamés Gnattali, cantada por Joel de Almeida no carnaval de 64.
"Vamo' embora, minha gente, vai ter festa no arraiá, a bandinha vai na frente animando o pessoá", convocava a bem-humorada letra, impregnada de responsabilidade cívica. Explica-se: "minha gente" era o povo, "festa" era eleição, "arraiá" era país, "bandinha" era democracia e "pessoá", bem, o pessoal era o eleitorado. "Vamo' embora minha gente que é pra coisa melhorá!"
Os versos mencionavam dois potenciais candidatos à eleição presidencial de 1965, o governador da então Guanabara, Carlos Lacerda, e o ex-presidente Juscelino Kubitschek. Citavam um terceiro possível, o presidente da Legião da Boa Vontade, Alziro Zarur. Só que... e a história deste "arraiá" é repleta de "só-quês"... o burro empacou ali mesmo.
Como resgata o site Quem Foi que Inventou o Brasil, a "bandinha não foi muito longe. Menos de dois meses depois do carnaval, veio o golpe militar de abril de 1964". O que ocorreu, aconteceu e quantos "só-quês" sucederam-se nos 21 anos seguintes o (e)leitor bem sabe.
Numa época de enervante amnésia política como a atual, de flagelo de conceitos tão arraigados como nação, democracia, direitos, deveres e vergonha na cara, não custa recorrer à nossa memória musical. Nem que seja para lembrar que em outros tempos, quando havia acordes de bandinhas a nos animar, era justo o burro que sabia para onde nos levar.
(Fonte: http://quemfoiqueinventouobrasil.com/pau-no-burro-1963-marcha/ )
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