Por Willi Backes
Em 14/06/2024 às 16:30HERIBERTO HULSE, ESTÁDIO SUFICIENTE POR ORA
Os exemplos abundam. A evolução humana social e econômica na coletividade, basicamente depende de planejamento urbano com visão que preveja muito além de uma, duas ou três gerações de residentes futuros.
Nos anos 70, tive o privilégio de trabalhar na cidade de Maringá, no norte do Estado do Paraná, cidade fundada em 10 de maio de 1947. Hoje Maringá tem população superior a 410.000 habitantes em território com 487,012 Km2.
Nos anos 70, quando de visitas ao Paço Municipal, na parede da sala do Prefeito João Paulino Vieira Filho, estava estampado imenso mapa de todo território municipal – urbano e rural - com planejamento viário, construtivo e desenvolvimentista para todo o futuro da comunidade. O plano diretor de todo município elaborado pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná ainda nos anos 50/60, é até os tempos atuais respeitado e cumprido rigorosamente, com pequenos ajustes e adequações.
Criciúma foi fundada em 6 de janeiro de 1880. Quando se emancipou de Araranguá, tinha área de 1.005,625 Km2. Hoje tem território de 235,628 km2 e população estimada superior a 230.000 residentes. Em Maringá (mercadorias) como em Criciúma (carvão), a rede ferroviária foi inicialmente o principal meio de transporte, por meio do centro urbano. Nos dois casos, a mudança dos trilhos representou imensos benefícios para o planejamento ocupacional urbano.
Em 1926, a Prefeitura Municipal de Criciúma era na Praça Nereu Ramos. Nos anos 70 foi para audacioso prédio na rua Anita Garibaldi/Rua São José. Nos anos 80 foi para o Parque Centenário, antiga pista do aeroporto municipal, onde está hoje em instalações e espaços adequados. O aeroporto municipal saiu do bairro Pinheirinho e foi para espaço hoje pertencente ao município de Forquilhinha.
O Fórum de Criciúma era no centro da cidade. Hoje está na avenida Santos Dumont. A Associação Empresarial de Criciúma iniciou em sobreloja no centro, depois adquiriu prédio na Rua 15 de novembro também no centro e hoje está em magnifica instalação no bairro Próspera.
A FUCRI/UNESC Universidade do Extremo Sul Catarinense iniciou atividades em 1968 fazendo uso de instalações no Colégio Madre Tereza Michel. Em 1971 passou a ocupar espaço na Escola Técnica Osvaldo Pinto da Veiga/SATC. Em 1974 inaugurou o inicio do Campus Universitário, empreendimento hoje exemplar para o Estado de Santa Catarina.
Até os anos 80, o comércio de Criciúma girava em torno da Praça Nereu Ramos. O crescimento populacional e dificuldade na mobilidade urbana, fez crescer substancialmente o comércio e serviços nos bairros e, concentração de lojistas em shoppings e outlets adjacentes.
Os exemplos aqui relacionados apresentam os mesmos argumentos para efetivas mudanças evolutivas: espaço exíguo, necessária ampliação física para atendimento, acessibilidade, insegurança, mobilidade urbana, crescimento populacional vertiginoso. É fácil deduzir que o Plano Diretor de Criciúma, historicamente, “corre atrás” dos fatos e atos para tentar se adaptar à realidade já existente. Nada induz e conduz. Tenta se adaptar e minimizar conflitos existenciais.
PARA ALÉM DOS TRILHOS
Nos anos 20/30/40, Cresciuma – hoje Criciúma – tinha dois campos de futebol no centro da cidade, já município. Um onde é hoje a Praça Nereu Ramos, defronte a Igreja São José, e outro, no bairro Marista, onde hoje está o Educandário Humberto de Campos.
Em 1947, jovens filhos de comerciantes do centro da cidade, contrapondo o surgimento de agremiações esportivas como o Mampituba FBC (1924), Atlético Operário FC (1935), Ouro Preto FC (1939), EC Próspera (1946) e EC Metropol (1946) considerados times de bairros, formatou e fundou o Comerciário EC.
Na Ata de Fundação no dia 13 de maio de 1947 constam os nomes dos fundadores: Carlos Augusto Borba, Antenor Longo, Sinval Rosário Bohrer, Salentino Ramos, Clemente Hertel, José Carlos Medeiros, Rui Rovaris, Carlos Rovaris, Homero Borba, Eddie Barreiros Mello, João Batista Brígido, Lédio Búrigo, João Antunes, Nelson João Garcia, Hercílio Guimarães e Jacob Della Giustina. Boa parte destes fundadores foi também jogador de futebol quando o Comerciário EC treinou e peleou nos jogos iniciais. Já no princípio, em 1949/50 e 1951, o time do “centro” conquistou o tri-campeonato promovido pela LARM.
Com a oficialização do time e clube, urgia a construção do campo para a prática do futebol. Entre idas e vindas, foi adquirida área espraiada distante 1 km do centro da cidade após os trilhos da estrada de ferro, ainda inóspito, que foi aplainada na posição mais-ou-menos norte/sul para comportar campo gramado com medidas oficiais para a promoção do futebol-de-campo. Mais tarde essa posição geográfica foi mudada para leste/oeste, devido o transcurso solar.
Sinval Rosário Bohrer foi o primeiro Presidente do Comerciário EC em 1947. Na gestão de Antônio Silvio Búrigo Carneiro em 1955, foi inaugurado o Estádio Heriberto Hulse, assim denominado em homenagem ao Governador da época pois esse doou o sistema de iluminação elétrica e transformador para o equipamento esportivo.
O local da construção do campo de futebol e áreas circunvizinhas passou a ser conhecido e reconhecido por Bairro Comerciário. Até as décadas de 80/90, apesar de já constar no bairro importantes educandários, o desenvolvimento social e econômico da comunidade, resistiu e atrasou o crescimento para o outro lado dos trilhos, já com a construção da Avenida Centenário operando.
Entretanto, nas últimas décadas, o Bairro Comerciário teve exponencial desenvolvimento imobiliário e comercial devido à proximidade do centro histórico, da Avenida Centenário, dos educandários e serviços. E isso fez “engessar” o estádio Heriberto Hulse em sua limitação de área para expansão, acessibilidade e inadmissível equipamento esportivo sem estacionamento próprio.
ENDERÊÇO APROPRIADO PARA O HERIBERTO HULSE
O Estádio Heriberto Hulse do Comerciário EC/Criciúma EC está chegando aos 70 anos de existência. No princípio era gigante pra época. Ao longo de sua vitoriosa história recebeu inúmeras melhorias, inovações, ampliações e adequações. Nos anos 90, “sofreu” terraplanagem do Parque Aquático Maximiliano Gaidzinski com piscina semi-olímpica para tentar oferecer área para estacionamento interno. Pouco somou.
Em 1986, quando do jogo festivo comemorativo ao título estadual com entrega das faixas contra o Vasco da Gama, recebeu público pagante de 25.000 torcedores e simpatizantes. Após ampliações para os jogos da Libertadores de América em 1991/1992, em 1995, no jogo decisivo e vencido contra a Chapecoense no título estadual, promoção onde mulheres e crianças não pagaram ingressos, o público foi superior a 31.000 torcedores.
O fenômeno da lotação total, hoje resumidos a próximo de 20.000 torcedores, poucas vezes se repetiu. Os jogos do Campeonato Brasileiro da Série A em 2024 sugere maior repetição da lotação total. É ótimo que assim se preveja.
Nos parece que a questão referente a capacidade para alojar número de torcedores no HH, não é a primordial.
Há muitos anos, décadas, o Criciúma EC deixou de ser um clube de um bairro da cidade. É clube majoritariamente regional e até estadual, com repercussão nacional e internacional. Em torno de 50% ou mais do seu quadro associativo é oriundo dos municípios circunvizinhos e de todos sul catarinense.
O público torcedor oriundo de 1 km do estádio e aqueles que teoricamente vem caminhando do outro lado dos antigos trilhos, não representam nem 10% dos torcedores que esporadicamente lotam o Estádio Heriberto Hulse. Aumentar a capacidade atual do estádio terá como resultado o aumento substancial dos problemas relacionados a estacionamento paralelo, transtornos para a circunvizinhança, segurança externa e interna, acessibilidade, conforto. Construção de edifício garagem é solução precária, baixa resolubilidade.
Ainda por muitos anos o Estádio Heriberto Hulse tem condições – com pequenos ajustes na gestão – para atender as necessidades funcionais.
Pensar, pesquisar, elaborar e viabilizar economicamente a construção de um equipamento com frequência popular aos milhares, considerando índices populacionais cada vez maiores, com durabilidade para muitas décadas adiante, obriga muito planejamento e antevisão.
NOVO ESTÁDIO, REALIDADE FUTURA
Além da capacidade, conforto e multiuso, segurança e acessibilidade local e regional são de fundamentais importâncias para “desenhar” o novo e necessário projeto construtivo. A construção de um novo estádio e equipamentos paralelos, é oportunidade para que Criciúma e região tenham um novo polo de desenvolvimento social e econômico, resolvendo também em boa parte a mobilidade urbana central.
O município de Criciúma ainda possui extensas áreas não urbanas em direção a BR 101, entre a Rodovia Aristides Bolan/Via Rápida e a Rodovia Luiz Rosso, ou, entre a Rodovia Luiz Rosso e a Rodovia Governador Jorge Lacerda. Acesso por duas rodovias seria de fundamental funcionalidade.
Projeto que preveja imensa área para estacionamento, comum para o Estádio de Futebol, Centro de Eventos/Exposições e Convenções, Alojamentos, Posto de Combustíveis, Hotel, Área Gastronômica/Restaurantes, Quadras Poliesportivas, Lazer e Academias para Associados, Parque Ecológico e de Lazer, Área Comercial com perfil relacionado ao desporto e lazer.
Em 1980, data do Centenário de Criciúma, o município tinha 110 mil habitantes.
Em 2030 Criciúma estará comemorando o Sesquicentenário, com população estimada entre 240 e 250 mil habitantes.
Em 2080, Criciúma estará comemorando Bi-Centenário de Fundação. Cinquenta anos passam rápido, é logo ali.
De 1980 a 2030, Criciúma mais do que dobrará a sua população, mesmo que Forquilhinha em 1989 tenha buscado a sua emancipação político administrativa e conta hoje com mais de 32 mil residentes.
É razoável prever que no Bi-Centenário em 2080, Criciúma terá população de 400 a 450 mil residentes e a região sul catarinense próximo a 2 milhões de habitantes. Talvez, sim talvez, os futuros Prefeito de Criciúma e Presidente do Criciúma EC em 2080, já tenham ou estão para nascer entre nós.
Os atuais gestores das organizações e entidades privadas e públicas tem a obrigação original em pensar, planejar, projetar e realizar ações que não transfiram para as gerações futuras, questões esquecidas ao longo dos tempos, insolúveis e concretadas.
Leia mais sobre:
Heriberto Hulse,
Estadio do Criciúma,
Cidade de Criciúma.
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