Por Denis Luciano - denis.luciano@engeplus.com.br
Em 26/11/2016 às 07:07Amado, mas odiado. Idolatrado, mas achincalhado. Uma das figuras políticas mais controversas da América Latina, e do Mundo, o ex-presidente Fidel Castro, de Cuba, faleceu à 1h29min deste sábado, em Havana, aos 90 anos.
Castro estava afastado havia dez anos do poder político cubano, que desde então vem sendo exercido por seu irmão, Raul. Nas últimas e escassas aparições públicas, um Fidel curvado, visivelmente abatido pelo tempo, e de poucas palavras. Contrariando os longos anos de auge político, nos quais notabilizou-se pelos longos discursos, de horas a fio, decantando a luta de classes proposta pela Revolução Cubana e as benesses do socialismo.
Único país socialista das Américas, Cuba sofre ainda algumas sanções decorrentes da revolução liderada por Fidel em dezembro de 1958. O novo regime foi oficializado a partir de 1960. Embora isolada no continente, Cuba viveu relativa prosperidade por anos a fio, até a queda da União Soviética, por conta do financiamento da potência, interessada no satélite comunista a sul dos Estados Unidos. A derrubada do regime soviético fez Cuba entrar em crise, que só se acentua desde então, e forçou uma gradual abertura da economia em alguns setores, até então fechados e sob rígido controle do Estado.
Fidel Castro foi sempre uma inspiração para os socialistas e comunistas brasileiros. No contato mais próximo que teve com Santa Catarina, direcionou, via rádio, uma mensagem ao então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, na crise da Legalidade, entre agosto e setembro de 1961. Ao tomar conhecimento da mobilização empreendida pelo líder gaúcho em prol da posse de João Goulart na presidência da República – o titular Jânio Quadros havia renunciado -, Castro mandou um recado: “governador, vá para as montanhas”. Fidel desconhecia a geografia do sul do Brasil, mas sugeria a Brizola uma estratégia semelhante a que lhe fez vencer cinco anos antes em Cuba.
Após quase 50 anos no poder, Fidel Castro entregou Cuba a seu irmão com escassez de recursos mas um povo que ainda sustenta o regime, liderado exclusivamente pelo Partido Comunista Cubano. Herda, também, alguns indicadores positivos em saúde e educação, com o incremento recente do turismo e a atração de investimentos internacionais em setores concedidos pelo governo. E algumas perguntas: seria Fidel um ditador? Ou um líder popular de massas?
O corpo de Fidel Castro será cremado neste sábado.
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