Por Rafaela Custódio -
Em 04/04/2022 às 08:23Sonhar e nunca desistir. Este foi o lema da soldado da Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC), Katarine Coelho Vieira, de 30 anos. Ela prestou o concurso em 2019, conseguiu ser aprovada, já realizou parte de seu sonho, buscou ainda mais e alcançou na última semana ao se tornar a primeira mulher a fazer parte da Cavalaria da Companhia de Patrulhamento Tático (CPT) do 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM).
Katarine não possui militares na família, mas sempre admirou muito a profissão, por isso, prestou o concurso para a PMSC. "Era um desejo antigo, mas sempre fui deixando de lado em virtude de vários fatores como a família, que tinha receio com o trabalho. Porém, quando surgiu a oportunidade do concurso em 2019, não pensei duas vezes, pois sabia que poderia ser a última oportunidade, já que eu tinha 28 anos e há um limite para ingressar na carreira da PMSC, que são 30 anos. Prestei o concurso e passei", conta.
O amor pelos cavalos surgiu ainda longe da Polícia Militar. "Eu sempre tive uma paixão por cavalos, mas nunca tive um animal. Porém, quando tinha qualquer oportunidade de ter um contato com o cavalo, eu me realizava", ressalta. "Quando eu fiz o curso preparatório para o concurso da Polícia Militar, em uma palestra explicativa sobre todas as formas de atuação dentro da PMSC, foi apresentado um vídeo da cavalaria atuando no controle de distúrbios civis e também no policiamento ostensivo montado, nesse momento eu não tive dúvidas que era ali que eu gostaria de trabalhar”, acrescenta.
Após passar no concurso, Katarine realizou o Curso de Formação de Soldados (CFSd) em Florianópolis. "Conforme a classificação do CFSd, fizemos a escolha da cidade para trabalhar e, mesmo tendo a oportunidade de escolher locais mais próximos à minha casa em Jaguaruna, escolhi Criciúma já visando trabalhar na cavalaria no futuro", afirma.
Como chegou à cavalaria
A militar entrou na PMSC em janeiro de 2020 e sua lotação em Criciúma foi em abril de 2021, e logo buscou se aproximar da cavalaria. "Alguns contatos que eu fiz eram desanimadores, porque ainda não possuíam policiais femininas atuando na Companhia de Patrulhamento Tático (responsável pela cavalaria) de Criciúma e que eu também não conseguiria este feito, mas eu estava determinada a alcançar meu objetivo. Fui até o comando da cavalaria e pedi autorização para conhecer a sede e comecei a treinar voluntariamente nas folgas a partir de junho de 2021. Nos treinos, passei a aprender a montar no estilo clássico da Polícia Militar, desde a preparação do animal, equilíbrio, postura, que são totalmente diferentes de você montar a passeio", conta.
"Em outubro de 2021, fui aprovada na prova técnica e fiz o Curso de Especialização em Policiamento Montado (VII CEPMon) no Regimento de Cavalaria da PMSC, em São José. O curso habilita os policiais com conhecimentos técnicos e táticos para a atuação em operações de policiamento montado. Nos formamos em 29 policiais, sendo apenas duas mulheres”, explica. "Eu sabia que se eu quisesse fazer parte da Cavalaria de Criciúma, sendo policial feminina, além de me dedicar voluntariamente como vinha fazendo eu deveria também buscar a habilitação através deste curso", completa.
Ao ser questionada sobre o sentimento de estar na cavalaria, ela é enfática. "Um sentimento de satisfação muito grande, pois estou aqui por mérito. Estou realizada por ter conquistado a vaga por competência, independente do meu gênero. Espero que eu não seja a única mulher da CPT de Criciúma por muito tempo".
Ser policial militar
Katarine ressalta que ser militar é uma posição de risco, mas uma profissão honrosa. "Estou servindo a sociedade. Hoje, minha mãe, por exemplo, aceita e admira a minha condição. Não vejo como profissão. Ser policial militar acabou se tornando parte do que eu sou", destaca.
Antes de atuar na cavalaria, ela estava no setor da Rádio Patrulha e explica a diferença: "A Rádio Patrulha é o carro chefe da Polícia Militar, pois é a primeira a chegar nas ocorrências. Já a polícia especializada atua como apoio em ocorrências agravantes, e em especial, a Cavalaria é indispensável no controle de distúrbios civis, especialmente pelo impacto psicológico que o animal provoca", detalha.
Para Katarine, o animal e o militar precisam estar sempre em conjunto. "O cavalo e o policial precisam ter uma relação de confiança", comenta.
A soldado ainda enfatizou a importância de acreditar nos sonhos. "É necessário acreditar no seu potencial e não se deixar levar pelos pensamentos negativos de outras pessoas. Buscar pessoas fortes para se inspirar. Não deixar que o limite do outro seja o seu. Se você tem um objetivo, pague o preço e conquiste. Espero que mais mulheres possam desempenhar funções e cargos dentro da Polícia Militar de SC sem que seu gênero seja uma questão ou condição".
O comandante da Companhia de Patrulhamento Tático, tenente Giovanni Fagundes dos Santos, ressaltou a importância da cavalaria para a PMSC. "A cavalaria tem papel fundamental em eventos que têm grandes públicos como jogos de futebol, manifestações e festas. O policial visualiza melhor o ambiente em virtude de estar montado no cavalo e o criminoso também percebe o militar à distância. Dois policiais montados servem como 20 policiais no chão, pela presença e por conseguir visualizar a área melhor", analisa. "Ainda temos o trabalho de cunho social realizado no serviço de equoterapia ou nas proximidades com crianças em escolas", completa.
Segundo o tenente, Katarine é a única militar da cavalaria de Criciúma a ter o Curso de Especialização e Policiamento Montado. "Ela é a primeira policial feminina a fazer parte da Companhia de Patrulhamento Tático. Ela participou do curso e nada mais técnico que trazer ela para a área que é especializada. Atualmente, ela é a única policial seja do sexo feminino ou masculino que tem o curso aqui na cavalaria. Ela é nossa referência técnica e ela sempre se interessou pela cavalaria, pois gosta. Agora vai começar a colocar em prática tudo que aprendeu", finaliza. Atualmente, a cavalaria conta com seis policiais, quatro militares da reserva e 12 cavalos.
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