Test ride

Impressões em 60 minutos - Harley Davidson - Sportster Iron 883 – 2015

Por Redação Engeplus

Em 15/05/2017 às 14:40
imagem da noticia

Especial: Vinícius Alexandre R. Fabrício

Desde antes mesmo do início dos testes com carros já pensava e tinha a ideia de fazer algo mais amplo, que contemplasse também motocicletas, novas, usadas, antigas, com isso tudo valendo também para os veículos de 4 rodas (o que espero que consiga incluir em breve). Assim, para que possa fazer essa expansão, já iniciei as tratativas com as concessionárias de motocicletas para que possa efetuar os testes e trazer também um pouco do mundo das duas rodas para o Portal Engeplus.

Hoje compartilho algo diferente com vocês, leitores, e para a estreia das motocicletas na coluna trago pra vocês algumas impressões sobre a minha própria moto e um pouco da história dela comigo.

A moto é uma Harley Davidson Iron ano/modelo 2015 e está comigo desde 0 KM, tirada em junho de 2015, na cidade de Florianópolis. O motor é um V2 de 883 cilindradas e câmbio de cinco velocidades. Apesar de dirigir carros desde muito cedo, a minha experiência no mundo duas rodas era consideravelmente menor e se resumia ao óbvio contato com bicicletas, a andar de walk-machine e mobilete na infância/adolescência, além das aulas da autoescola.

Contudo, apaixonado desde sempre por qualquer forma de veículo, a vontade de ter a minha moto sempre esteve ali, adormecida, como que um sonho, e naquele junho de 2015 eu finalmente consegui realizá-lo. Após um compromisso de trabalho na capital, aproveitei o tempo que sobrou para visitar a concessionária.

Olhei, paquerei a moto, fiz muitas perguntas e quando já estava quase me despedindo para voltar para Criciúma (com a intenção de retornar tempos depois para um test-ride, o que naquele momento eu não tinha coragem de fazer), a esperta vendedora fez uma proposta irrecusável.

"Vamos ali atrás para você subir, ligar e acelerar uma 'igual à sua'”. Feito isso, o imenso sorriso estampado no rosto certamente denunciou o que eu havia achado da experiência.

Sem nem mesmo voltar para o pretendido test-ride, 10 dias depois eu estava voltando até Florianópolis, com a compra fechada para pegar a reservada Iron Preta e um baita carnê de financiamento. Mudei de ideia na hora e saí da concessionária montado em uma bela Iron Sand Camo Denim ou Areia, ou conforme o documento, bege.

Naquele momento a adrenalina estava nas alturas, afinal de contas depois da autoescola mais de dez anos antes, a minha experiencia de pilotagem era praticamente zero e a moto pesa algo em torno de 230kg. Venci o primeiro trecho de trânsito ainda dentro de Florianópolis e após uma parada para abastecimento peguei a BR-101.

Seguindo o protocolo descrito no manual para o amaciamento do motor, também para que a “cera” saísse dos pneus e principalmente porque era a minha primeira volta com a moto, e logo na abarrotada 101, vim conduzindo com o maior cuidado na faixa dos 70-80 km/h.

Dessa primeira experiência na estrada e de mais alguns dias rodando na cidade percebi logo que a posição dos retrovisores não me proporcionava uma visão ampla e prática da retaguarda, haja vista que ainda que tenha testado os mesmos em umas 200 posições. O máximo que eu conseguia enxergar eram os meus próprios ombros.

Assim, após bastante pesquisa em fóruns de proprietários foi que fiz a primeira modificação na moto, consistente na simples inversão dos retrovisores para o lado de baixo do guidon, assim como já vem de fábrica na “prima” Sportster Forty Eight. Maravilha, visão perfeita por baixo dos braços.

A segunda alteração foi a troca das ponteiras originais do escapamento por ponteiras Vance & Hines Twin Slash (com abafador), que proporcionaram um ronco que eu conceituo como algo bonito, encorpado, não tão grave e com um leve toque metálico.

Com isso a já famosa mistura pobre (mais ar - menos combustível) das HDs no Brasil acabou se acentuando um pouco, já que com o escapamento menos restritivo o motor tende a trabalhar mais solto e “ingerir” mais ar, empobrecendo ainda mais a mistura. Aí, além da característica temperatura alta dos motores HD refrigerados a ar, ainda surgiram os backfires (estouros no escapamento) e também senti uma perda de linearidade na aceleração, parecendo um cavalo bravo, pulando (agravou – já percebia quando original).

Após bastante pesquisa, a solução encontrada para deixar a moto “redonda” foi completar o que é conhecido como Stage 1, que basicamente consiste em instalar um escapamento menos restritivo, um filtro de ar de alto fluxo e enriquecer a mistura na admissão. Para completar o conjunto iniciado pelas ponteiras Vance Hines instalei um Fuel Pak FP3 também da Vance Hines e um filtro de ar Screamin Eagle (a divisão de produtos de performance da própria HD).

Com estas alterações, segundo estimativas de outros proprietários com equipamento instalado equivalente, devo ter ganho um acréscimo de 10% no desempenho e foi assim que andei a maior parte dos aproximados 11 mil KM já rodados. O consumo, apesar de não medir com regularidade, gira em torno de 15 km/l na cidade e algo próximo de 20-22 km/l em rodovia, o que dá uma boa autonomia, já que o tanque possui capacidade para 12.5 litros.

Muito se fala que a Iron não é uma moto confortável. Que é seca e dura. Talvez isso seja uma verdade, mas também acho que ela nunca escondeu isso de ninguém, pois apesar de não ser uma esportiva propriamente dita, o seu tamanho, posição de pilotagem e o visual que eu entendo como “esportivado” denunciam que o forte dela não vai ser maciez e conforto.

Por falar em conforto e maciez, aparentemente é unanimidade entre os proprietários que o grande vilão é o conjunto de amortecedores traseiros que se mostram bem pouco eficientes, o que segundo informações obtidas nos fóruns, teriam sido melhorados consideravelmente no modelo 2016.

Ela é um pouco curta para andar com garupa, mas é possível desde que você invista em um banco e um par de pedaleiras, já que ela vem de fábrica com banco solo e sem os pedais do carona. Nesses quase dois anos de uso, tanto em uso urbano como rodoviário a moto se mostrou bem robusta e confiável, não tendo ocorrido nenhuma pane ou quebra.

No uso urbano ela é pequena e ágil o suficiente para rodar com tranquilidade, até mesmo para pegar um corredor junto com os motoboys. Na estrada a experiência de viagem mais longa que tive foi de aproximadamente 700 km (em um bate-volta) e foi possível perceber que os companheiros nas motos maiores estavam mais confortáveis, mas sinceramente não foi algo tão desconfortável a ponto de ser um impeditivo (se você gosta, é possível sim fazer viagens longas, apesar de alguns falarem o contrário).

A manutenção é consideravelmente simples e há muita informação disponível na grande rede, razão pela qual tenho feito as revisões e manutenção preventiva tudo por contra própria, assim fugindo dos preços um pouco elevados dos serviços das concessionárias. E também porque gosto de colocar a mão na massa.

O desempenho não decepciona e é completamente adequado a proposta do modelo, com torque suficiente em baixa e médias rotações, apesar de que o melhor desempenho de aceleração seja sentido em médias-altas rotações, sendo ágil na cidade e na estrada, possibilitando ultrapassagens seguras e sem sustos, a um toque de pedal e uma marcha reduzida, caso necessário.

A Iron certamente não é uma moto “pra correr” e isso fica bem claro para mim em dois momentos: a 110 km/h ela já está a mais de 3000 rpms e treme bastante e também parece não frear muito bem, pois apesar de contar com freios ABS nas duas rodas, evitando eventuais travamentos por causa de uma freada mais forte, o disco simples na frente (para onde o peso é deslocado durante uma frenagem) parece ser insuficiente para o tamanho e peso da moto, o que talvez pudesse ser melhorado se fossem discos duplos (como na antiga 883r).

Provavelmente não é muito diferente de outras customs existentes no mercado, mas é certo que ainda carrega uma mística no nome do fabricante. Resumindo é uma moto confiável e divertida, seja para uma viagem ou passeio de fim de semana ou ainda enfrentar o trânsito da cidade na ida pro trabalho. É ainda bonita e chama a atenção seja pelo visual ou pelo ronco característico, rendendo alguns elogios aqui ou ali. 

Leia mais sobre:

veiculos,

test drive,

test ride.

Receba as principais notícias de
Criciúma e região em seu WhatsApp.
Participe do grupo!

Clique aqui

Confira mais de Veículos