Por Rafaela Custódio - rafaela.sousa@engeplus.com.br
Em 03/07/2025 às 10:49Após sete anos à frente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), o presidente Mario Cezar de Aguiar se despede do cargo deixando um legado de atuação firme em momentos críticos, fortalecimento da educação profissional e defesa da infraestrutura e competitividade industrial de Santa Catarina. Com trajetória que ultrapassa 20 anos dentro da entidade, ele encerra sua gestão com a confiança de que o sistema seguirá no caminho do desenvolvimento sob a liderança de Gilberto Seleme, o novo presidente da federação.
Aguiar visitou a redação do Portal Engeplus e falou sobre sua gestão e planejou o futuro. Ele destacou a importância da Fiesc durante a pandemia da Covid-19, um dos períodos mais desafiadores da sua gestão. “Havia uma determinação praticamente de parar toda a atividade produtiva, mas nós entendíamos que, para vencer essa situação delicada, era fundamental manter o setor produtivo ativo, mantendo as restrições necessárias e trabalhamos muito pelos protocolos. Esse foi um trabalho muito importante”, relembrou.
Segundo o presidente, a Fiesc, por meio do Serviço Social da Indústria (Sesi) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), colaborou diretamente na elaboração dos protocolos de segurança adotados em Santa Catarina, permitindo que as empresas mantivessem suas atividades com segurança, assegurando empregos e sustentabilidade econômica.
Um dos focos da gestão de Aguiar foi a educação e a formação profissional. Ele destacou os investimentos em ensino fundamental e médio pelo Sesi, com ênfase para a adoção da metodologia STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática), que tem atraído o interesse de jovens pela aprendizagem. Já o Senai, segundo ele, tem um papel essencial na qualificação da mão de obra industrial. “O Senai faz esse trabalho com grande qualidade, embora a demanda seja crescente e espalhada por todo o Estado, o que torna o atendimento um grande desafio”, observou.
Novas unidades estão sendo entregues e obras estão em andamento, como a do Senai em Criciúma, cuja conclusão ocorrerá já sob a nova presidência. “É um processo de continuidade. O Gilberto Seleme participou ativamente da gestão e conhece os projetos em curso”, garantiu.
A inovação também ganhou protagonismo. A Fiesc, por meio do Senai, apoia as indústrias catarinenses através de três institutos de inovação – dois em Joinville e um em Florianópolis – e sete institutos de tecnologia. “São estruturas de altíssima tecnologia que colocam Santa Catarina em posição de destaque, com forte base tecnológica. Prova disso é que exportamos principalmente para os Estados Unidos e Europa, mercados altamente exigentes”, destacou.
A competitividade da indústria catarinense também é medida pela corrente de comércio exterior. O Estado exporta cerca de US$ 1 bilhão por mês, mas importa ainda mais. Para Aguiar, essa balança comercial deficitária é, na verdade, um sinal de força. “Santa Catarina tem portos eficientes, política fiscal adequada e espírito empreendedor. Por isso, é porta de entrada de muitos produtos que seguem para outros estados”, comentou.
Apesar dos avanços, Aguiar alerta para um problema crônico: a precariedade da infraestrutura. “Temos investimentos importantes nas rodovias estaduais, mas nas federais, o volume ainda é insuficiente. Isso se agravará com a reforma tributária, pois passaremos a apurar o imposto no destino, o que penaliza estados como Santa Catarina, que produzem mais do que consomem”, ressaltou.
Ele aponta como exemplo o Morro dos Cavalos, na BR-101, um dos principais gargalos logísticos do Sul do Estado. “Desde antes dos acidentes, já defendíamos a proposta do túnel como solução definitiva. Santa Catarina é o quarto estado que mais contribui com a União e merece rodovias de primeiro mundo. Não podemos aceitar soluções paliativas”, afirmou.
Sobre a concessão da BR-101 Norte, Aguiar defende a prorrogação do contrato com a Arteris, desde que com exigências claras de investimentos. “Contratamos especialistas, propusemos melhorias e entregamos um documento robusto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). É preciso agir antes de 2033, não podemos esperar”, comentou.
Ao final de sua gestão, Aguiar passa o comando da Fiesc a Gilberto Seleme, seu vice-presidente, com a expectativa de continuidade. “Ele assumiu esse compromisso. Tem conhecimento, potencial e participou de todas as decisões da gestão. Tenho plena confiança de que fará um trabalho de sucesso”, pontuou.
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