Sorrindo à toa

Os bastidores do retorno do Próspera ao futebol profissional

Pela Série C do Catarinense, Time da Raça recebe o Orleans neste domingo, no Mario Balsini

Por Heitor Carvalho, Rafaela Custódio e Thiago Hockmüller

Em 31/08/2018 às 19:28
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Foto: Rafaela Custódio e Thiago Hockmüller

Prestes a retornar ao futebol profissional, o Esporte Clube Próspera, conhecido como Time da Raça, ajusta os últimos detalhes para a sua reestreia. Esse retorno já esteve próximo de acontecer em outras oportunidades, mas agora é diferente, apenas o apito inicial separa o sonho da realidade.

O tão esperado retorno acontece neste domingo, dia 2, às 15 horas, no estádio Mario Balsini, diante do Orleans, pela 1ª rodada da Série C do Campeonato Catarinense. Ao todo, oito equipes disputam a competição que dá ao campeão o direito de disputar a Série B do Estadual em 2019. 

O Próspera está no grupo A, que conta com Orleans, Itajaí e Curitibanos. No grupo B estão Caçador, Carlos Renaux, Jaraguá e Porto. Os dois melhores de cada grupo se classificam para a seminal, onde o primeiro colocado cruza com o segundo do outro grupo. Após jogos de ida e volta, os vencedores fazem a final. A decisão também acontece em dois jogos, com o time de melhor campanha tendo vantagem de decidir em casa.

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Confira aqui a tabela completa da Série C do Campeonato Catarinense

 

Paulo Baier, o comandante à beira do campo 

Por Rafaela Custódio 

Com uma equipe repleta de jovens, o Próspera resolveu apostar em Paulo Baier para comandar o time no retorno ao futebol profissional. Como jogador, ele é consagrado no futebol brasileiro, com passagens por Criciúma, Atlético-PR, Palmeiras, Juventude, Botafogo, São Luiz, entre outras equipes. Como treinador, Baier não tem a mesma rodagem. O Próspera será a segunda equipe do gaúcho de 43 anos. Antes de vir para Santa Catarina, o comandante trabalhou no Toledo do Paraná e por lá esteve a frente do time em 11 jogos e venceu apenas três confrontos.  

A escolha por voltar a trabalhar em Criciúma se deu por conta dos amigos e por objetivos particulares. “Estava na minha cidade, em Ijuí, e surgiu a oportunidade. Preciso trabalhar. Estou iniciando uma carreira como técnico e quanto mais você treinar e participar de jogos você vai aprender. Esse foi o objetivo”, justifica.  

Baier comenta que teve pouco tempo para trabalhar com o grupo de jogadores, mas a equipe está bem preparada para a estreia na competição. “Vamos começar nossa primeira batalha. Fizemos apenas um amistoso contra o Atlético Tubarão e fomos muito bem, principalmente na parte defensiva. Estamos corrigindo alguns detalhes para que no domingo possamos estar inteiros e fazermos uma boa estreia”, ressalta.  

Professor chato, molecada boa de cabeça

Para o comandante o grupo é dedicado e está respondendo bem aos trabalhos. “Temos bons valores. Temos meninos com 17 anos que estão despontando. Meninos bons e de cabeça boa também. Trouxemos jogadores mais experientes para ajudar na condição de orientação. A rapaziada está se dedicando, sou um pouco chato, principalmente na parte tática para orientar e para eles aprenderem como funciona. Estamos buscando fazer o melhor”, explica.  

O treinador lembra que os torcedores poderão esperar dedicação de todos os atletas. “Um grupo que quer vencer, que tem disposição e quer seus objetivos e isso está bem definido. Depende muito mais dos atletas, nós orientamos, mas eles que fazem a diferença”, lembra.  

Baier frisa que quer uma equipe que tenha equilíbrio dentro de campo. “Não podemos estar longe do adversário, fizemos treinamento e os jogadores estão se adaptando ao jeito que quero”, afirma. 

Sem erros 

A Série C do Campeonato Catarinense terá apenas uma vaga para a Série B do próximo ano. A equipe que errar menos ao longo dos jogos terá mais chances de conquistar esta vaga. “Não temos margem para erros. Todo jogo é procurar vencer e é um campeonato curto, mas que dá uma vaga só e não pode ter erros. Nosso objetivo é passo a passo. É classificar primeiro e sabemos que será difícil. Depois buscamos o próximo passo”, comenta. 

Nosso objetivo é fazer bons jogos e vencer. No domingo vamos enfrentar
o Orleans que tem uma boa base e nós estamos recém montando a equipe. Mas, vamos
concentrar e fazermos um bom jogo. 

Paulo Baier, técnico do Próspera

O Próspera realizou apenas um jogo-treino antes da estreia. O confronto foi diante do Atlético Tubarão no estádio Domingos Silveira Gonzales. A partida terminou empatada sem gols. “Me surpreendeu muito a dedicação dos atletas. O Tubarão vem trabalhando há três, quase quatro meses a parte física e nós estamos há três semanas. Eles me deram uma resposta muito boa. O resultado não ia contar muito. Poderíamos ter tomado três ou quatro gols e isso não ia importar. O que me importava era a parte tática, gostei muito e que domingo eles possam se comportar da mesma forma”, observa. 

Sobre a equipe que iniciará a partida, Baier é enfático. “Estamos com a equipe definida, mas não vamos revelar”, finaliza. 

 

Célio Rocha, o chefe fora das quatro linhas  

Por Thiago Hockmüller 

Se Paulo Baier comemora o empenho e o bom resultado obtido no curto período de treinamento, fora dos gramados a diretoria do Próspera se virou como pôde para dar ao treinador um plantel. Aliás, como de praxe no cenário do futebol brasileiro, a ideia sempre é unir jogadores baratos, que caibam no orçamento e que ofereçam qualidade ao time. 

Célio Rocha, ex-goleiro profissional e com apenas 29 anos de idade já vem entendendo como funciona o mercado brasileiro. Ele é o contratado do clube para gerenciar o futebol do Próspera neste retorno ao futebol profissional. É o chefe fora das quatro linhas. 

No mercado de transferências, agiu rápido. Contratou aproximadamente 29 jogadores no curto período de 30 dias. E vale mencionar que todos eles cabem no orçamento do clube. Sem ‘loucuras’, auxiliados financeiramente por uma gama de patrocinadores o Próspera almeja o título da Série C do Estadual. 

Montamos um elenco baseado no que podemos encontrar e pelo estilo de jogo da competição. Tentamos montar um elenco mesclando experiência e juventude. 

Célio Rocha, gerente de futebol

O perfil do plantel 

O tal perfil citado pelo gerente de futebol foi analisado friamente e de acordo com edições anteriores da competição. Duas principais características da Série C foram preponderantes para a montagem do plantel: bola parada em demasia e campos ruins. 

Com este cenário na cabeça, a busca passou a ser prioritariamente por jogadores altos e com forte capacidade para o jogo aéreo. Com os campos ruins, a bola parada é considerada a principal arma das equipes na competição.

Outro detalhe, é que o regulamento permite na súmula dos jogos apenas cinco jogadores acima dos 23 anos de idade, o Próspera já tem quatro e vasculha o mercado para adicionar mais um. “É um perfil muito duro, com campos ruins, bola parada... temos mais de seis atletas acima de 1,90m. Esse é o perfil do Paulo Baier e casou bem com o que pensávamos. Vamos ter uma bola parada forte”, promete o dirigente.  

Como ele adiantou acima, Paulo Baier foi pensado justamente de acordo com as características do elenco. O grande alento é a carreira construída pelo ex-jogador, que sempre se destacou na bola aérea ofensiva. Além do mais, trabalhou em grandes clubes do futebol brasileiro e pôde dividir vestiário com treinadores de renome no cenário nacional. “Por isso a vinda do Paulo Baier, para ser um divisor de águas e que acrescente essa chama na cidade. Trabalhamos com os pés no chão e sem fazer loucuras. Os apoiadores estão com confiança no nosso projeto”, acredita Rocha. 

Dos 19 jogadores apresentados no dia 1º de agosto, quatro desceram para a categoria de base. Mesmo assim, as contratações seguiram acontecendo e o elenco conta atualmente com 29 atletas. 

Com calendário prejudicial, acesso é a solução 

O jovem gerente de futebol também mostra que o clube vem pensando a longo prazo. O exemplo disso é que a ideia do acesso não é só para reafirmar o investimento do clube. Vencer a Série C e garantir a vaga para a Série B, dada única e exclusivamente ao campeão, é uma questão de calendário. 

Caso conquiste o acesso, o Próspera poderá integrar ao planejamento a disputa da Copa Santa Catarina de 2019. E com isso garantir calendário para os dois semestres do ano. “Nosso planejamento é na formação de atletas e no encaminhamento deles para o futuro. O calendário da Série C é prejudicial pelo tempo de trabalho que ele nos dá. Precisamos do acesso para a Série B e assim ter um calendário no ano todo e jogar a Copa Santa Catarina”, explica Rocha. 

 

Michel Silveira, o responsável pela estrutura

Por Heitor Carvalho

O Próspera se prepara para escrever um novo capítulo em sua história. Apesar de todas as mudanças no clube, a casa do Time da Raça ainda é a mesma, o estádio Mario Balsini. Para o retorno ao futebol profissional o estádio passou por manutenção para atender as exigências da Federação Catarinense de Futebol (FCF). "Demos uma geral no estádio. Em todas as depêndencias do clube. As reformas seguem acontecendo e o nosso próximo objetivo é mexer no campo em si", afirma o diretor geral do Próspera, Michel Silveira.

Quando Silveira afirma que deram uma geral no estádio, ele não está falando apenas em nome do clube. Ele fala com propriedade no assuto, afinal, quem vem acompanhando o dia-dia do Próspera observa diariamente os seus dirigentes com a mão na massa.

Para receber a torcida nesse retorno ao futebol, o Mario Balsini oferecerá uma capacidade para aproximadamente três mil pessoas. "Estamos recebendo muito apoio nesse retorno. A movimentação está bem boa com a procura de uniformes e ingressos por parte de novos sócios e de torcedores", comemora o dirigente.

Os ingressos já estão à venda no estádio Mario Balsini. Para os sócios, a entrada é livre. Já o torcedor que ainda não se associou, a entrada custa R$ 25 para arquibancada coberta e R$ 20 para a geral. 

Dorval Arriola Rodrigues, o presidente que nunca deixou de acreditar

Com a palavra, Dorval Arriola Rodrigues. O homem que não deixou que o Esporte Clube Próspera acabasse. Para quem acredita em coincidência, em 1º de maio de 2015, dia do trabalhador, o incansável Dorval assumia como presidente do Time da Raça.

De lá para cá três anos se passaram e após algumas tentativas frustantes o Próspera volta ao futebol profissional, lugar que não ocupava desde 2010. "Esse é um novo Próspera, com um novo estatuto, um novo documento", afirma o mandatário, que em 2010 chegou a treinar a equipe. "Sabemos da importância do clube para a cidade, para o bairro, para os torcedores. É um time antigo e que segue vivo, por isso muitos respeitam o Próspera", declara.

Para quem pensa que o presidente já está satisfeito com o retorno, ele afirma que quer mais. "Queremos que o Próspera seja um clube grande", projeta Dorval, nitidamente feliz com o momento que o clube vive e por que não dizer esperançoso com esse novo capítulo que começa a ser escrito.

Para quem deseja conferir de perto a reestreia do Próspera no futebol profissional, no domingo também será possível comprar ingresso. A diretoria tem a espectativa de receber aproximadamente 1,5 mil pessoas no jogo de estreia da equipe na Série C.

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