Por Thiago Hockmüller
Em 01/11/2022 às 12:44Os bloqueios em rodovias brasileiras, que iniciaram no domingo, dia 30, logo após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições, tem divido opiniões e bandeiras entre caminhoneiros. Há quem concorde, mas também existem aqueles que gostariam que as estradas fossem liberadas. As pautas também são variadas: supostos abusos do Supremo Tribunal Federal (STF), resultados da eleição e a contestação das urnas eletrônicas estão entre as discussões.
O Portal Engeplus conversou com caminhoneiros que estão parados na BR-101 em Maracajá. Nadir de Souza Santos, 60 anos, morador de Balneário Arroio do Silva, está desde domingo com o caminhão parado na rodovia. Ele concorda com o bloqueio e está com uma carga de arroz que seria levada do Rio Grande do Sul para Minas Gerais.
Legenda: Nadir está com o caminhão parado desde domingo. Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus
"Acho justa a manifestação. Não aceitamos os resultados das urnas e para mim houve fraude e manipulação. O Bolsonaro não se manifestou ainda e estamos aguardando o que ele vai dizer. Acho que tem coisa e ele tem bala na agulha. O prazo combinado é ficar três dias, pois queremos uma resposta concreta. O Alexandre de Moraes (ministro do STF) disse que não aceita contestar o resultado das urnas, isso é piada", argumenta.
Gildo Pacheco, 52 anos, de Gravataí, contesta. Bolsonarista, ele explica que jamais votará em Lula, mas não concorda com os bloqueios e pede a liberação da estrada. "Eu acho que é lícito a manifestação, mas o direto de ir e vir deve ser respeitado. Trancar a pista e ameaçar não adianta. A PRF (Polícia Rodoviária Federal) teve aqui e disse que não pode fazer nada. Como bloqueiam a rodovia e deixam as pessoas a mercê? Ter uma barraca com comida não justifica isso, tenho minhas contas e Bolsonaro nenhum vai pagar as contas. Sou bolsonarista, votei no Lula na primeira eleição e jamais votaria nele novamente. No Rio Grande do Sul o Onix Lorenzoni não era o cara para assumir e votei no Eduardo Leite. O Bolsonaro foi um bom governo, teve a pandemia, mas não concordo com trancar a rodovia. Muitos caminhoneiros querem ir embora", relatou.
Quem também discorda é José Roberto, 45 anos, funcionário de uma empresa terceirizada dos Correios. Ele afirma ter votado em branco no 2° turno e gostaria de seguir para Florianópolis, onde possui programação para descarregar o caminhão. "Não concordo, acho que deveria ser mais organizado se quisessem parar. Poderia parar, mas sem ter um lugar para tomar banho, para comer... Fiquei um dia e meio sem ter o que comer na estrada. Fiquei parado em Santa Rosa do Sul. A PRF liberou lá. Votei em branco, vou ter que trabalhar da mesma forma, independente de quem ganhou. Sou do lado da democracia. Temos que trabalhar do mesmo jeito", explicou.
Samarone Oliveira, 35 anos, está com o caminhão-tanque vazio. Ele estava a caminho de Itajaí, onde carregaria com combustível e retornaria distribuindo para postos desde Imbituba até Criciúma. Ele concorda com a manifestação, mas não acredita que dará resultado.
"Eu concordo com a parada, desde que tenha um objetivo. Estou parado desde a madrugada de segunda. Estou pertinho de casa e parado na estrada. Minha visão é que nao vai ter resultado, nunca teve. Em 2018 era briga por preço de combustível e não teve. Não adianta os caminhoneiros pararem e o povo não ajudar. Eu contesto não o resultado das urnas, mas o trabalho feito para o PT ganhar desde soltura do Lula que não foi inocentado, a mídia e o STF que vimos puxando contra a direita", ponderou.
"Alexandre de Moraes está agindo como em uma ditadura"
Maicon Ermenegildo Cadorin, 26 anos, está com o caminhão carregado com banana. Como a fruta ainda está verde, a preocupação é reduzida, porém ele concorda com o bloqueio. "Por mais que resulte em perda, tem que ser feito. O resultado da eleição é um dos problemas. No mais, é o STF querer tomar conta do país. O Alexandre de Moraes está agindo como em uma ditadura, até por ações de censura. Estou torcendo que a manifestação dê resultado", projetou.
Já Luan Carlos Daniel, 34 anos e de Veranópolis (RS), afirmou que a política brasileira está em um caminho "errado" e a manifestação é necessária. "Sou a favor. Está tudo errado o que está acontecendo na política do Brasil. Se e para resolver vamos ficar parados. Não vou furar o bloqueio porque iria ser contra o que penso, mas se a PRF liberar, vamos andar", disse.
O trecho de Maracajá também foi ponto de protesto na greve dos caminhoneiros em 2018 e nas manifestações contra o STF em 2021.
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