Relatório

Diagnóstico mostra que 319 pessoas vivem nas ruas em Criciúma; cidade tem o 7º maior índice de SC

Dados são do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania

Por Thiago Hockmüller - thiago.hockmuller@engeplus.com.br

Em 07/02/2024 às 16:30
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Foto: Thiago Hockmüller/Arquivo Engeplus

Problemas familiares, alcoolismo e drogas, e desemprego são os principais motivos que levaram mais de 300 pessoas a viverem nas ruas em Criciúma. O dado faz parte de um estudo do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) que diagnosticou o perfil das pessoas em situação de rua (PSR) no Brasil, tendo como referência os registros de dezembro de 2022 do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico). 

Já dados compilados até julho de 2023 mostram que Santa Catarina soma 8.824 pessoas em situação de rua. Criciúma é a 7ª cidade com maior população de rua no estado, são 319 no total, atrás apenas de Florianópolis (2.287), Joinville (1.067), Itajaí (581), Blumenau (482), Balneário Camboriú (406) e Lages (365). O relatório aponta ainda que Criciúma teve um aumento exponencial entre 2016 e 2023, saltando de 18 para 319 (89,66% homens e 10,34% mulheres). Porém o número pode ser ainda maior, já que o estudo está limitado às PSR que efetivamente acessaram a política de assistência social e foram cadastradas. 


Gráfico mostra a evolução da população em situação de rua em Criciúma. (Fonte: MDHC/Governo Federal)

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O assunto ganhou repercussão em Criciúma após a publicação de um vídeo onde o prefeito Clésio Salvaro (PSD) aborda um morador de rua. Acompanhado pelo secretário de Assistência Social e Habitação, Bruno Ferreira, Salvaro pede que a equipe da secretaria encaminhe o homem até a República, antes chamada de Casa de Passagem, “para dar um banho e colocar ele para capinar, cortar a grama”. A medida tem como base legal a Lei nº 5536, de 12 de maio de 2010, que dispõe sobre a criação do serviço voluntário no município de Criciúma.

A abordagem repercutiu nacionalmente. Teve quem concordou com a atitude do prefeito, mas também aqueles que discordaram. A vereadora Giovana Mondardo (PCdoB) foi uma das pessoas que não concordaram com a abordagem, inclusive denunciando o prefeito e o secretário ao Ministério Público (MP) sob justificativa de que trata-se de exploração do trabalho, violação da cidadania e direito à dignidade humana. 

Maioria já trabalhou com carteira assinada

O relatório do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) indica que 266 dos 319 moradores de rua identificados em Criciúma já trabalharam com carteira assinada. O levantamento informa ainda que 64 arrecadam dinheiro como pedinte, 44 como catador e 30 com a construção civil. Além do mais, 68 não responderam como ganham dinheiro. Confira abaixo:

Idade, escolaridade, nacionalidade e motivos

Outros dados relevantes da amostragem feita pela pesquisa do MDHC são com relação a idade, escolaridade, nacionalidade e motivos que contribuíram para que estas pessoas escolhessem as ruas como moradia. Dos 319, 185 são naturais de outros municípios, 126 são de Criciúma e oito são estrangeiros - seis venezuelanos e dois argentinos. 

O relatório aponta que 122 possuem idades entre 30 a 39 anos, 98 entre 40 a 49 anos, e 40 entre 50 a 59 anos. Quatro pessoas possuem idades entre 0 a 9 anos e três pessoas entre 10 a 19 anos. Já o grau de escolaridade mostra que 304 já frequentaram a escola, nove nunca frequentaram e seis frequentam a rede pública, porém 300 disseram que sabem ler e escrever. 

O principal motivo apontado pelo diagnóstico do MDHC em Criciúma, podendo ter mais de um por pessoa, são problemas familiares, citado por 155 dos entrevistados; alcoolismo e drogas, citados por 138; desemprego, citado por 135; e perda da moradia, citado por 97.

Maioria dorme na rua, porém busca auxílio em equipamentos públicos

Em Criciúma, há dois principais equipamentos públicos de acolhimento direcionados aos moradores de rua: Centro POP e República. Na República, por exemplo, estas pessoas podem se abrigar temporariamente, desde que estejam à procura de emprego. Já o Centro POP serve café da manhã, disponibiliza espaço para higiene pessoal e local para armazenamento de pertences e emissão de documentos. Confira os locais de assistência e apoio:

Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop): é aberto de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 17h. Fica localizado na rua Martinho Lutero, 179-325. Serve café da manhã e dispõe de vestuários, sanitários, higiene pessoal, local para armazenamento de pertences e emissão de documentos.

República: funciona todos os dias da semana, 24 horas. A estrutura localizada na rua Giácomo Sônego Neto, 415, no bairro Pinheirinho, tem capacidade para atender 40 pessoas, possuindo dormitórios, refeições e higiene pessoal à disposição dos usuários.

Central do Emprego: está localizada na Galeria do Terminal Central, Sala 16, e é um serviço que auxilia no encaminhamento ao mercado de trabalho. As pessoas também podem obter informações sobre as vagas disponíveis e cadastrar o currículo pelo site empregos.criciuma.sc.gov.br.

Serviço de Abordagem Social: os educadores circulam pelas ruas da cidade, orientando a população em situação de rua sobre os serviços oferecidos pela Secretaria Municipal da Assistência Social e Habitação.

Fonte: Decom

Dados do relatório construído pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania mostram que 217 pessoas em situação de rua procuraram o Centro POP,  47 buscaram atendimento em um dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) do município, 46 foram atendidos ainda por instituições não governamentais e 40 por hospitais. Apesar da oferta de dormitórios na República, 172 dormem na rua. Confira abaixo a característica dos atendimentos no Centro POP de Criciúma, conforme o MDHC:


Relatório expõe a característica dos atendimentos do Centro POP. (Fonte: MDHC/Governo Federal)

Histórias contadas pela reportagem

Em 2020, no auge da pandemia da Covid-19, o Portal Engeplus contou histórias de moradores de rua e também de voluntários e profissionais da Assistência Social envolvidos na luta diária de sobrevivência destas pessoas. A matéria completa você confere clicando aqui.

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