Com sensação térmica de 50°C, asfalto "derrete" em avenida de Maracajá

O forte calor registrado no Sul de Santa Catarina provocou um fenômeno inusitado em Maracajá. Na última terça-feira, dia 11, o asfalto da avenida Nossa Senhora da Conceição foi registrado ‘derretendo’. O caso ganhou repercussão nas redes sociais após um homem divulgar um vídeo pisando no asfalto e o calçado dele afundando, deixando as marcas do solado.

“Moro em Sombrio e faço venda externa. Passo por Maracajá toda semana e nunca tinha visto o asfalto derreter naquele estado. Estranhei porque passo ali sempre, o asfalto não é novo e não tinha derramamento de óleo. Mas me chamou a atenção porque os carros passavam e faziam barulho, pareciam que estavam grudando no chão, foi quando parei e fiz o vídeo”, relatou Leandro Martins, o autor do vídeo, em entrevista ao Portal Engeplus.

De acordo com o climatologista da estação de Urussanga da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Márcio Sônego, terça-feira registrou a maior temperatura desta onda de calor. “Marcou 40,6°C em Criciúma, e 38,7°C em Araranguá. Como Maracajá é no meio do caminho, ali a temperatura chegou aos 39°C no termômetro, mas com sensação térmica de 50°C”, informou. 

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Segundo Sônego, a realidade do asfalto é outra e as temperaturas registradas nele normalmente são mais elevadas. “Já que o asfalto é sólido e de cor preta, absorve muito mais calor do que marca a temperatura do ar das estações meteorológicas marcado na sombra", comentou o climatologista.

Possíveis causas do fenômeno

A cena do asfalto derretendo chamou a atenção e levantou questionamentos sobre o motivo do fenômeno. Segundo a engenheira de materiais e professora da UniSatc, Jamile Langbehn, a composição do asfalto pode influenciar na temperatura necessária para que ele comece a perder rigidez. “A temperatura de fusão do asfalto varia entre 50°C e 60°C. Com o calor intenso, ele pode começar a fluir, formando ondulações em áreas de maior tráfego de veículos. Geralmente para ficar naquele estado meio derretido deve ter relação com a composição do asfalto usado. Se não, a gente veria isso com frequência em várias ruas e locais de Criciúma e nas autoestradas”, explicou.

A engenheira destaca que o asfalto é composto por uma base de betume, areia e pó de pedra, mas a adição de outros materiais pode interferir no comportamento da pavimentação. “Podem ser acrescentados alguns ligantes e algumas cargas que variam bastante. O que muda é o acréscimo dessas cargas e a proporção entre os componentes. É possível que a qualidade do asfalto seja um fator. Porém, teria que ter medido a temperatura do asfalto naquele momento. Não se descarta ser a temperatura”, complementou a professora.

Pronunciamento da prefeitura

Em resposta ao ocorrido, a Prefeitura de Maracajá informou que está verificando a situação com o corpo técnico de engenheiros em conjunto com a empresa que realizou a obra em toda a extensão da avenida.

Confira o vídeo divulgado:

Crédito do vídeo: Leandro Martins