Por Thiago Hockmüller - thiago.hockmuller@engeplus.com.br
Em 29/04/2020 às 11:41Santa Catarina está em alerta. A estiagem que iniciou no ano passado segue causando prejuízo também ao longo de 2020 e não há perspectiva de melhora. Em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, dia 29, o secretário executivo de Meio Ambiente (Sema) da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, Leonardo Ferreira, anunciou que 20 municípios catarinenses estão em estado crítico de escassez de água e outros 27 estão em alerta para o problema.
O impacto da estiagem também reverbera em outras 120 cidades que estão em estado de atenção, além dos danos para o setor agrícola, sobretudo queda na produção de soja, milho, feijão, tomate e batata.
O saldo entre os municípios pode ser ainda mais alarmante uma vez que nem todos responderam o Estado. “Desde o ano passado a média de chuva e precipitação está abaixo da média histórica no Estado. Dos 295 municípios, apenas 220 responderam sobre o estado da estiagem em sua região. Então alguns podem estar sofrendo e nós não sabemos. Este número pode ser maior. As previsões não são tão boas e consolida a previsão anterior”, explica Ferreira.
Queda na produção
No campo, a estimativa da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) é que a estiagem já provocou queda de 1% na produção agrícola de Santa Catarina. O impacto maior está na produção de milho, com redução de 10% da produção, e de feijão, que já apresenta queda de 7%, mas o resultado pode ser maior após o término da segunda safra.
Os dados são da analista da Epagri/Cepa, Gláucia de Almeida Padrão, e foram apresentados durante a coletiva. “Até agora foi computado uma perda de até 10% na produção de milho em comparação com o ano passado, mas pode se agravar porque a segunda safra está muito ruim. No feijão temos apontado cerca de 7% de perda, mas com risco de piorar porque a segunda safra, plantada a partir de janeiro, está sofrendo muito com a estiagem”, pondera.
A segunda safra da soja sofreu quase 20% de perda na produtividade em algumas regiões catarinenses. Já a produção de tomate e batata sofreu uma redução estimada em 30%.
Produção de milho já sofreu redução de até 10% em SC. (foto: Emater/Ascar/Ilustrativa)
Pouca chuva e escassez de água
O momento é para economizar água. A Casan está fazendo o seu trabalho. Estamos levando água neste momento crucial e importantíssimo de combate à Covid-19 e não pode faltar. É preciso que todos tenham consciência que economizando e fazendo a sua parte não vai faltar
Fábio Krieger, engenheiro da Casan
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Segundo dados apresentados na coletiva, apenas uma pequena faixa entre Joinville e Garuva, nas regiões Norte e Nordeste, apresentou chuva abundante de junho de 2019 a março deste ano. Nas demais localidades, choveu abaixo da média histórica, com destaque para o Extremo Oeste, Serra, Litoral Norte e grande Florianópolis.
Para meteorologista da Epagri/Ciram, Maria Laura Rodrigues, a perspectiva ruim se estende até julho. Nesta semana, por exemplo, até existe previsão para chuva, mas em pequeno volume e mal distribuído. Idem na próxima semana.
“O mês de março e abril foi mais crítico, mas já temos observado irregularidade das chuvas desde o ano passado. A perspectiva para maio, junho e julho é chuva mal distribuída para o período. Mesmo que fique acima da média, é mal distribuída e não temos para os próximos meses o indicativo de chuva abundante e frequente em nosso Estado”, alerta.
Também participaram da coletiva os engenheiros Fábio Krieger e Guilherme Campos, da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan). Eles explicaram que o Sul do Estado foi prejudicado pela redução do nível do Rio Mampituba, mas no geral, o abastecimento nos municípios atendidos pela Casan estão normalizados.
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A incidência maior de escassez, conforme Krieger, está localizada no Extremo Oeste, na região serrana de São Joaquim, no Litoral Norte, sobretudo em Barra Velha, e na grande Florianópolis. "Para se ter uma ideia, na região norte do Vale, o rio Itajaí que abastece aproximadamente 30 cidades conveniadas com a Casan, se encontra seco e em condição totalmente atípica. Quem conhece lembra pela condição de enchentes. Na ponte em Indaial o nível do rio está 50 centímetros abaixo do normal”, explica.
Em São Joaquim, o principal manancial de captação da Casan está praticamente seco sendo necessária a transposição de outros rios para que que se mantenha o abastecimento. “Já na Capital, o rio Pilões apresenta seca generalizada e estamos aumentando a captação do rio Cubatão. Na Lagoa do Peri o nível está bem abaixo do normal, a Casan reduziu em 40% a captação de água e estamos complementando com a bateria de poços que temos no Campeche”, lembra Krieger.
Diante do problema, a Casan alerta para a utilização consciente de água. É recomendável evitar banhos demorados, fechar a torneira durante hábitos de higiene, quando estiver ensaboando as mãos e escovando os dentes, também durante a limpeza da louça (só abra a torneira quando for enxaguar as peças). Também é importante utilizar vassoura e balde durante a limpeza de calçadas no lugar da mangueira e ficar atento para possíveis vazamentos.
Para emergências, entre em contato com a companhia responsável pela distribuição de água em seu município.
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