Indignação

Pais protestam contra direção da escola Demétrio Bettiol e pedem justiça

Professor foi denunciado por abusar sexualmente de quatro alunas da instituição

Por Thiago Hockmüller - thiago.hockmuller@engeplus.com.br

Em 29/08/2022 às 11:26
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Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus

A manhã desta segunda-feira, dia 29, foi de protesto e indignação em frente à escola de Ensino Fundamental Demétrio Bettiol, em Cocal do Sul, onde um professor foi acusado de abusar sexualmente de quatro alunas da instituição na última semana. Era por volta das 7 horas quando o grupo iniciou a manifestação pedindo justiça e cobrando punição para a diretora da instituição.

Leandro Souza é pai de uma das vítimas. Ele explica que não recebeu nenhum comunicado por parte da escola e que ficou sabendo do abuso pela filha. “As meninas vieram relatar o caso para ela (diretora), e ela foi negligente em dizer que o problema seria resolvido na segunda-feira. Deveria ter sido resolvido naquela hora atuando de forma incisiva, chamando autoridades competentes e os pais para acolherem seus filhos. Estamos aqui para fazer a voz das nossas meninas que tiveram coragem. Se não fosse por elas, poderia acontecer algo pior com elas e outras crianças”, afirma. 

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Assim que soube da situação, Souza e a esposa Jamili procuraram a polícia para registrar boletim de ocorrência. Também entraram em contato com o prefeito de Cocal do Sul, Fernando de Fáveri, e o secretário de educação Luís Carlos de Melo. “A manifestação é direcionada para a diretora, para que a equipe da direção esteja fora da escola e nunca mais tenha contato com as nossas crianças. A diretora simplesmente não deu o suporte necessário para nossas filhas. Nossas filhas chegaram contando a situação e ela disse que era mentira. Disse que ia resolver segunda-feira”, reclama Jamili. 

A filha de Elisete Mendes está entre as vítimas do professor. Elisete conta que a menina chegou em casa relatando que algo errado tinha acontecido, mas que não tinham acreditado nela. Indignada, a mãe cobra justiça e explica que a filha será transferida para outra escola.

“Ela sabe que é algo sério e que não acreditaram nela. Ela identificou que tinha algo errado e viu por baixo da venda. Ela sabe que era errado e se desesperou, ficou assustada. A promessa era um pirulito. Ela relata que desde o início do ano ele já vinha oferecendo bala, pirulito e chocolate. Foi ganhando sutilmente a confiança das crianças. Foi ganhando a confiança delas para violentá-las em um ato que não conseguimos nem explicar. Aqui minha filha não pisa mais, é um lugar que não oferece proteção. A minha criança vir aqui e despertar o trauma todas as vezes que entrar na escola? Jamais”, justifica.

Minha filha não dorme direito, não quer dormir sozinha, não quer vir para o colégio, está tomando medicamento forte para proteção de algum tipo de doença. Isso indigna ainda mais a gente porque não é só o sofrimento do ato, é físico da parte de medicação também. Nunca esperamos que vá acontecer com a gente. A gente vê tanta desgraça na televisão e não tem lugar seguro.   

Leandro Souza, pai de uma das vítimas
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Após a repercussão do caso na última sexta-feira, outra aluna percebeu que também havia passado por uma situação parecida anteriormente. O caso envolvendo a filha de Geovane Ricardo Antônio e Andreia Cardoso da Silva aconteceu no ano passado. Até então, a menina não tinha entendido a gravidade da situação e só percebeu conversando com as colegas na última semana. Ao chegar em casa na sexta-feira, disse que não queria mais se aproximar do professor e explicou o motivo para a mãe. 

“Uma conversou com a outra e foi espalhando na aula de educação física. Algo grave como isso não foi tratado como deveria. É algo grave. Não foi só com a minha filha que aconteceu. Como os profissionais que estavam na escola não perceberam isso? Nossa filha só comentou com a gente porque conversou com a amiguinha”, relata Andreia.

Diretora foi afastada do cargo

A diretora da escola municipal Demétrio Bettiol está afastada do cargo e ainda hoje deve ser nomeado um substituto. Ao Portal Engeplus, o prefeito Fernando de Fáveri explicou que a prefeitura já entregou imagens da escola para colaborar com a investigação e pediu celeridade na investigação e julgamento. 

“Na sexta-feira do ocorrido afastei a diretora. Antes da Polícia Civil solicitar, encaminhamos as imagens. Estamos solícitos e do lado das pessoas. Temos filhos da mesma faixa-etária e essa preocupação também é nossa. Vamos oferecer apoio psicológico, psiquiátrico e jurídico para as famílias. Estamos tão estarrecidos quanto eles. O que a justiça determinar vamos acatar. Que a justiça seja ríspida, imparcial e que haja o mais rápido possível”, afirma.  

Professor foi exonerado e está preso

Já o secretário de educação, Luís Carlos de Melo, esclarece que não havia reclamação sobre o professor, que agora está exonerado do cargo e preso. O cargo exercido pelo acusado é de segundo professor, que é auxiliar do professor titular e trabalha de forma específica em turmas onde há alunos com necessidades especiais. Ele também já foi estagiário por dois anos da rede municipal.

“Ele trabalha na turma adaptando as atividades para alunos com necessidades especiais. Fez a prova no final do ano passado, passou e seguimos uma listagem. Quando chegou o nome dele foi chamado. Entrei em contato com as coordenadoras do ano passado e não tivemos nenhum registro, nem neste ano. Gostaríamos de deixar isso claro”, explica.

Uma sindicância também será aberta para apurar a ação da diretoria diante das denúncias das crianças. 

Entenda o caso

A Polícia Civil está investigando um suposto caso de estupro ocorrido na Escola de Ensino Fundamental Demétrio Bettiol, em Cocal do Sul, na sexta-feira, dia 26. Um professor teria abusado de quatro alunas entre oito e nove anos em uma sala de aula.

Ainda na sexta-feira, o Portal Engeplus entrou em contato com a mãe de uma das vítimas, que relatou para a reportagem que sua filha chegou em casa após ir para a escola e afirmou que o professor havia feito “coisas estranhas” com ela. A menina disse que foi levada para uma sala, foi vendada e que o suspeito teria colocado algo na boca dela, possivelmente o pênis, e que ela teria vomitado. As demais vítimas relataram situação semelhante.

O professor está preso e foi exonerado do cargo.

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