Crítica

Numa Escola de Havana retrata a verdade sobre o sistema educacional de Cuba

Por Redação Engeplus

Em 04/04/2017 às 10:23
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Especial: Willian Bongiolo

Há quem diga que o governo Cubano é autoritário a ponto de controlar toda a cultura que sai do país e ganha a mídia internacional. Entretanto, Numa Escola de Havana prova justamente o contrário, pois o filme fala cruamente sobre a realidade e cotidiano da vida de quem mora na capital da ilha mais controversa da história. Afinal, não há nada mais "oito ou oitenta" do que a revolução cubana e suas consequências.

O longa gira em torno de Chala, uma criança que trabalha com rinhas de cães para ajudar a sustentar sua mãe prostituta e viciada em drogas, e também de Carmela, a professora velha da escola de Havana. A relação entre a professora que deu aula desde antes da revolução e do menino que já nasceu em uma Cuba comunista é extremamente verdadeira. E essa relação forma o fio condutor do longa.

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A direção de Ernesto é eficaz ao retratar Havana com uma cor amarelada, transmitindo a sensação decrépita de uma cidade feia em suas construções. À medida que a escola é retratada com uma cor mais viva, mostrando toda preocupação que o governo do país tem com a educação de suas crianças, é justamente quando o longa começa a ficar mais interessante. 

Com o desenrolar da trama, percebemos como toda burocracia molda o sistema educacional para controlar as crianças dentro de uma bolha, onde todas são rigorosamente adaptadas a um sistema, em vez de o sistema se adaptar a cada criança. "Se você quer um delinquente, trate-o como um." Essa é uma das frases da professora Carmela, pois ela justamente enxerga essa individualidade em seus alunos e principalmente em Chala, que tão jovem já tem tantas responsabilidades e deveres.

Tudo isso é moldado em uma câmera na mão e planos fechados para retratar o aprisionamento do sistema educacional, que por um lado respeita seus alunos e, principalmente, seus professores dando a eles condições excelente para o aprendizado, mas que falha em tratar todos como uma única massa e não individualmente. O erro de todos os países que conheço.

Por fim, Numa Escola de Havana é um excelente longa sobre o cotidiano da parte pobre de Havana que tem que se contentar com subempregos e prostituição, ao mesmo tempo que enxerga na educação uma forma de criar sua própria revolução pessoal. Além disso é um ótimo filme para quem adora demonizar Cuba ou vangloriá-la, pois Numa Escola de Havana retrata a verdade e nada mais que isso. Sem vilões e mocinhos, apenas pessoas tentando viver.

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