Por Patrick Stüpp - patrick.stupp@engeplus.com.br
Em 02/06/2025 às 13:20Quem já caminhou pelos corredores da Unesc, pelo menos uma vez, já deve ter ouvido falar no nome Gisele Coelho Lopes. Com 45 anos e natural de Forquilhinha, quase toda sua história é dedicada, principalmente, no amor por ensinar e na defesa da importância da educação no Sul de Santa Catarina. Com mais de 20 anos de trajetória em uma das maiores universidades do Estado, atualmente, ela é conhecida por exercer a função de vice-reitora, ao lado da professora e doutora Luciane Ceretta.
Embora seja formada e especializada na área da Administração, a história de Gisele não foi sempre vivida dentro das salas de aula, ao lado de estudantes universitários. Longe da área da educação, seu primeiro contato com o mercado de trabalho foi aos 14 anos, quando começou a trabalhar em uma fábrica de costura, em Criciúma, para ajudar nas despesas de casa. Apesar de serem áreas distintas, o período que viveu na empresa foi responsável por moldar suas futuras escolhas profissionais.
“Em 1994, como qualquer adolescente, eu me considerava uma garota cheia de energia e vida. Na época, minha vida profissional começou por conta de um pedido dos meus pais e, como minha mãe trabalhava nesta fábrica de costura, comecei uma caminhada desafiadora. Não sabia como funcionava um ambiente profissional e, muito menos, que regras e metas precisavam ser cumpridas”, relembra, em entrevista ao Portal Engeplus.
Das máquinas de costura para salas de aula
Com uma rotina alternada entre estudos e trabalho, a professora, inicialmente, optava pelo curso de Direito como escolha profissional. Porém, a carreira de advogada foi deixada de lado após ser promovida, aos 16 anos, na fábrica de costura. Apesar das dificuldades, Gisele tomou gosto pela área de confecções e, com a promoção, deixou de lado o trabalho manual nas máquinas de costura e passou a exercer funções administrativas na empresa.
“Eu usei estes momentos para me descobrir e me perceber, fazendo eu testar os meus limites e optar pela graduação em Administração. Posteriormente, fui crescendo dentro do ambiente corporativo e passando por outros setores da empresa. Além disso, nesta época, como já estava na graduação, comecei a utilizar os conhecimentos que aprendia na faculdade para desenvolver novas iniciativas dentro da fábrica de costura. Eu sempre levava as ideias para os meus superiores, com a finalidade de desenvolver novos projetos e mostrar como a empresa ganharia com essas ações”, pondera a vice-reitora.
Após se formar na faculdade e com o diploma de pós-graduada, novas portas foram abertas na vida da educadora. Mesmo com o gosto pela área de confecções, a vice-reitora decidiu optar por novos desafios em 2004, ano em que foi convidada para iniciar sua carreira como professora, em Criciúma. Neste período, além da Unesc, Gisele começou também a dar aulas no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
“Eu dedicava uma vida profissional como professora e também com ações de consultoria. Entretanto, em 2008, iniciei o meu mestrado e decidi me focar, totalmente, na área acadêmica. Inicialmente, atuava como professora tanto no Senai quanto na Unesc, mas, em 2011, comecei a lecionar apenas na universidade. Este período foi um momento importante de dedicação e preparação, pois era uma mulher de 28 anos que ensinava para uma turma de mais de 50 pessoas”, afirma.
Um laço de companheirismo e confiança
Dentre todos os colaboradores da Unesc, Gisele destaca que uma das suas principais amizades é com a professora e atual secretária de Estado da Educação, Luciane Ceretta, que foi sua orientadora no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na graduação. Para a vice-reitora, a parceria entre as duas representa uma história de companheirismo e confiança.
“Considero que nós duas temos uma história parecida, pois somos mulheres que foram desafiadas e não temos medo do desconhecido. Quando fui convidada para trabalhar ao lado da professora Luciane Ceretta, foi uma grande oportunidade. Neste processo fui me desafiando e aprendendo ao lado de uma mulher extremamente dedicada, que nunca largou minha mão e me deixou desistir”, lembra.
Antes de dividirem a reitoria da universidade, a primeira parceria entre as professoras foi em 2017, quando Luciane se candidatou para ser a primeira reitora mulher da Unesc, convidando Gisele para ser a primeira chefe de gabinete mulher da instituição. Agora, exercendo a função de vice-reitora, esta parceria criada com mais de 20 anos de convivência ganhou um novo capítulo.
“Tudo isso foi um processo de conquista, reconhecimento e lealdade. Se hoje estou neste lugar, foi porque confiei e fui confiada. Minha personalidade foi moldada por pessoas que vieram antes de mim, pois tenho a necessidade de me alicerçar em ombros de grandes mestres. Eu sempre levo carreira muito a sério, já que sei que temos uma jornada que precisa ser construída todos os dias”, enfatiza Gisele.
Vice-reitoria e futuro da Unesc
Recentemente, em uma chapa única 100% feminina, a educadora foi eleita como vice-reitora da Unesc por meio de uma votação histórica de 11.228 votos. O ato de posse, ao lado de Luciane, ocorreu no dia 7 de maio. No entanto, com a saída da reitora para assumir o cargo na Secretaria de Estado da Educação, Gisele também assumiu as atribuições da reitoria da universidade desde o dia 26 de maio.
“Daqui para frente eu me vejo revestida da melhor forma possível para continuar este trabalho da melhor forma possível. Eu entendo que não tenho todas as variáveis e todas as respostas, mas estarei disposta a ouvir e fazer uma gestão focada na transparência e no respeito. Nosso compromisso é sempre fazer com que os estudantes que escolhem a Unesc tenham a melhor experiência possível”, estabelece.
Além disso, para a vice-reitora, estar totalmente à frente da reitoria da universidade é um novo desafio que precisa ser cumprido. Embora esteja licenciada, Luciane retornará ao cargo de reitora daqui um ano e meio. “Tenho uma alta cobrança em tudo que faço, já que quando entregam metas para mim farei tudo bem feito, mesmo não tendo todas as respostas. Meu sonho é fazer com essa Unesc seja um centro de excelência para que o Brasil venha conhecê-la”, acrescenta a educadora.
Sonhos além das paredes da universidade
Além da paixão por ensinar e pelos objetivos como vice-reitora, fora das paredes da Unesc, Gisele ainda tem sonhos e ambições que deseja alcançar. Quando considerar encerrado o ciclo como educadora, a professora tem o sonho de deixar Criciúma e ter a oportunidade de conhecer o mundo, viajando de forma leve e descontraída. Além disso, outro de seus maiores desejos é se tornar autora e publicar livros, movida pelo amor pela escrita e literatura.
“Admito que não quero permanecer nesta função a vida inteira, já que têm outras pessoas que podem continuar o meu legado. Eu vou me aposentar um dia, porém, quero poder germinar uma semente na vida de outras pessoas, como meus alunos. Não almejo nada de extraordinário, estou feliz sendo como sou e quero continuar apenas querendo coisas simples. Eu sonho com um mundo melhor, mais inclusivo e mais humano, ou seja, um mundo onde as pessoas se respeitem mais”, diz.
Com mais de 30 anos de profissão, quando encerrar sua trajetória dentro e fora das salas de aula, a educadora enfatiza que também quer ser considerada uma referência e fonte de inspiração para outras pessoas. “Afirmo que vale a pena sonharmos e lutarmos. Sempre me organizei e agarrei todas as oportunidades. Então, quero que minha vida seja um instrumento de inspiração e que possa entregar ensinamentos para as futuras gerações”, conclui Gisele.
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