Por Vitor Avila e Marcus Darolt
Em 02/07/2024 às 19:12Os gramados locais da região do futebol amador atualmente estão sendo preenchidos por vários ex-jogadores e treinadores profissionais. Craques que rodaram o Brasil e até o mundo, como é o caso do atacante Beto Cachoeira e do técnico Luiz Gonzaga Milioli, que tiveram passagens pelo futebol turco e qatari, respectivamente.
A transição na maioria dos casos acontece porque os jogadores em fim de carreira ainda buscam uma oportunidade de fazer uma renda extra e seguir competindo. “Consigo continuar fazendo o que gosto, afinal foi o que eu fiz minha vida inteira até aqui”, explica o jogador do Araranguá, William Massari.
Atualmente o Campeonato Regional da Liga Atlética da Região Mineira (LARM) conta com a presença de ex-profissionais como Guilherme (Metropolitano), Renan Bressan (Vila Nova), Révson (Içara), Baiano (São Bento Alto), Marcel Emerim (Içara) e Cardoso (Metropolitano).
Além de trazerem mais visibilidade para o amador, os ex-profissionais contribuem para o crescimento técnico dos demais jogadores. “Muito importante a presença desses atletas, trazem visões e experiências únicas de suas carreiras”, ressalta o volante do Içara, Wagner Nunes.
Craque no amador e no profissional: Beto Cachoeira
Beto Cachoeira é a prova de superação de vida e competitividade por meio do futebol amador. Atacante que no futebol profissional rodou o mundo, atuou em 55 jogos com a camisa do Criciúma, marcando 18 gols e sendo artilheiro do Campeonato Brasileiro da Série C em 2006. Na Europa teve passagem marcante no Gaziantepspor, onde balançou as redes 24 vezes. Em sua carreira profissional, o atacante atuou em 203 jogos oficiais.
Na reta final de sua carreira, Beto passou por momentos conturbados na vida pessoal. Após retornar ao Brasil e atuar no Camboriú em 2013, o atleta teve um período difícil, largando o futebol. Ficou três anos sem jogar, com princípio de depressão, situação que segundo ele acontece na maioria dos casos de ex-profissionais.
Beto Cachoeira comemora gol pelo Içara F.C. (Foto: Marcus Darolt)
“O futebol amador me salvou, vejo isso como uma solução para os jogadores que param de jogar. Poder sentir a emoção de entrar em campo, jogar um clássico e uma decisão. Muito bom para nossa saúde e bem-estar”, ressalta Beto.
No amador ele passou pelo Caravaggio, Metropolitano, Turvo, 7 de Setembro, Içara e outras equipes de campeonatos municipais. Em sua trajetória nesses times, já foi campeão regional da LARM, Copa Sul dos Campeões, Estadual de Amadores e Sul-Brasileiro. “Foi a melhor decisão que tomei”, frisa o atacante.
Saber quando parar: amor à família
Willian Massari é mais um nome que viu no futebol amador a oportunidade de seguir competindo. O lateral-esquerdo de 33 anos acumula passagens pelo Internacional, Criciúma, futebol mexicano, português e italiano. Jogou ao lado do ídolo da seleção uruguaia e Atlético de Madrid, Diego Forlán, além de Oscar, que jogou a Copa do Mundo pelo Brasil.
Após rodar por vários países em sua carreira profissional, a sua migração ao futebol amador veio por situações familiares. “Estava jogando na Itália, e minha esposa recebeu uma proposta de trabalho para ficar em Criciúma. Foi aí que decidi parar, ao invés dela seguir mais um desafio meu, fiquei por aqui e acompanhei o dela”, explica Massari.
Ele chegou ao amador muito motivado com esse novo capítulo em sua carreira. “Eu amo jogar futebol, fiz isso a vida toda, essa já é minha motivação. O fato de o meu filho estar comigo nos jogos acompanhando me faz feliz”, afirma.
Willian Massari segura taça de campeão ao lado do filho. (Foto: Marcus Darolt)
Mas nessa migração o atleta sentiu diferenças na rotina. “A diferença é gigante, o fato de treinar todos os dias, parte tática e técnica. O que diferencia um do outro no amador é a parte individual, estar sempre se cuidando para poder performar”, ressalta o lateral.
Após se adaptar a essa nova vida, ingressou na faculdade de Educação Física e além de atuar no futebol amador foi contratado para ser auxiliar técnico do sub-17 do Criciúma. Na categoria em que está trabalhando no Tigre, é o atual campão catarinense, e segue sua carreira também fora das quatro linhas.
Luiz Gonzaga Millioli: a escolha pelo futebol amador
Nem só jogadores fazem a migração do futebol profissional para o amador, treinadores também mudam. Como é o caso do técnico Luiz Gonzaga Milioli, que fez parte do título da Copa do Brasil do Criciúma em 1991, treinou clubes como Figueirense, Avaí e a seleção qatari, além de ser o comandante com mais jogos na história do tricolor carvoeiro. E desde 2022 faz parte da comissão técnica do Metropolitano, time amador de Nova Veneza.
A decisão de ir ao amador veio no fim da carreira como profissional, que buscava uma ocupação. “Falam que a aposentadoria é a melhor idade, mas por um mês, dois no máximo. Depois tem que arrumar algo para fazer, porque se não pode acabar até adoecendo. Aí veio o convite do Metropolitano e foi uma ótima escolha para mim”, ressalta.
Gonzaga Milioli comandando a equipe do Metropolitano. (Foto: Divulgação)
O treinador hexacampeão catarinense pelo Criciúma já acumula títulos também no amador. “O clube já tem uma história e uma boa estrutura, e nesses dois anos que estou aqui já conquistamos a LARM, duas Copa Sul e um campeonato estadual”, pontua Gonzaga.
Segundo o técnico, o nível do futebol amador na região Sul de Santa Catarina é muito alto, e a parte técnica não difere tanto do profissional. “Por aqui é muito forte, muitos times com boas estruturas, às vezes melhores que times de Série C ou B do Campeonato Brasileiro, contando com ótimos jogadores”, explica.
O envolvimento com o futebol faz com que Gonzaga siga buscando novas conquistas com o Metropolitano. “Eu gosto muito do esporte, quero estar sempre no meio, então enquanto eu tiver condições vou continuar a buscar cada vez mais títulos no futebol amador”, aponta.
*Matéria feita pelos acadêmicos do curso de Jornalismo da Unisatc
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