Por Texto/fotos: Lene De Costa - lenedecosta@engeplus.com.br
Em 31/05/2009 às 07:31Coqueiros, muitos coqueiros, bem mais coqueiros! Fixados numa areia branquinha, próximos de um mar calmo que se divide entre tons de verde e azul, fantásticos. Maceió é assim, uma cidade para quem gosta de praias cheias de belezas naturais.
O caminho de Criciúma até lá é um pouquinho longo: três horas de BR 101 meio duplicada até Floripa, voo de uma hora até São Paulo, conexão, espera, voo de duas horas e meia até Maceió, mais um percurso de cerca de 30km do aeroporto - que na verdade fica na cidade vizinha, Rio Largo - até a região onde se concentra a maior parte dos hotéis. Mas o esforço vale a pena. A capital alagoana é belíssima.
O sol estreia (sim, num cenário belo como aquele o sol não nasce, estreia) às cinco da manhã, madrugada para nós aqui no sul. Já sai tirando todo mundo da cama, e não dá mole, torra mesmo. Peles branquinhas exigem um bloqueador solar com fator de proteção no mínimo 20. Bronzeador? Nem leve, é carregar peso de graça. Mesmo na baixa temporada você vai voltar com uma bela cor. Se quiser um tom dourado, renove o bloqueador a cada quatro horas. Qualquer coisa inferior a isto vai resultar em um vermelho-pimentão daqueles. A orla tem uma brisa agradável, mas ainda assim o calor é de moer. Felizmente a água de coco é baratinha, então dá-lhe coco para repor a hidratação.
Sempre acho que para conhecer uma cidade é preciso fazer um city tour, e as agências parecem achar também, por isso a maioria dos pacotes já incluem este passeio. Mas city tour incorporado ao pacote é aquela coisa, passeio panorâmico, ou seja: fotos de dentro do ônibus, com reflexo do vidro e torcendo pra conseguir foco e enquadramento. Em Maceió, capital de onde viveram os dois primeiros presidentes do Brasil, Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, a aula de história é inevitável. O passeio dura em torno de duas horas, pode ser meio cansativo para alguns, mas sempre recomendo porque é a melhor forma de aprender sobre a cidade, já que as imagens ajudam a associar as informações.
A única parada feita durante o city tour é no mirante São Gonçalo, na Ladeira da Catedral, a parte mais alta de Maceió. De lá pode-se ver a Praia da Avenida, o Porto de Maceió, Pajuçara, Ponta Verde e o Pontal da Barra. Uma vista e tanto.
É nesse local que se deve fazer um pedido com algumas sementes vermelhas típicas da região na mão, sementes estas que já são entregues por ambulantes assim que o turista desce do ônibus. Como não sou dada a tais mandingas aceitei as sementes, mas me livrei delas em seguida fazendo um único pedido: espero que o cidadão que me entregou as baguinhas não tenha me visto jogando fora, não quero fazer desfeita pra nenhum nativo...
A recomendação de não fazer desfeita para o povo local é válida em qualquer lugar, mas para Maceió tenho uma recomendação extra: se você perdeu dinheiro com o fisco da poupança disparado pelo Collor e ainda não superou este trauma, não vá até lá. Se for, ao menos não aja como se todos os maceioenses tivessem culpa disso. Meu grupo de city tour contou com a presença ilustre de um cidadão mal educado que insistiu em criticar o ex-presidente, sendo grosseiro com a guia que tentava delicadamente desviar o assunto. A coisa só não ficou pior porque o povo lá é dos mais pacíficos e tenta encerrar qualquer discordância com uma boa risada.
Os pontos turísticos urbanos de Maceió não são tantos. O Memorial à República, na praia da Avenida, reúne as bandeiras dos 27 estados brasileiros e estátuas de bronze dos marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Entre as igrejas, destaque para a Catedral Nossa Senhora dos Prazeres. Continuando o city tour se chega à Praça Deodoro, que abriga o Teatro Deodoro, a Academia Alagoana de Letras e o Tribunal de Justiça, além de casas comerciais e a Câmara de Vereadores. Como passamos por tudo muito rápido, não me arrisco a apontar cada local nas fotos, então a galeria vai seguindo o que vi, mas sem nomes exatos.
Como qualquer outra cidade de 950 mil habitantes, Maceió tem seus problemas. Vi uma favela que fica à beira de uma avenida movimentada e um córrego poluído, apelidado de Tietê Maceioense, cortando parte da cidade e desembocando no mar, na Praia da Avenida - uma praia linda, uma pena. Mas reunindo tantas belezas, é até maldade do turista criticar a cidade por isso. A menos, claro, que você seja a esposa do mal educado que rosnou por causa do Collor. Sim, quando viu o córrego, a simpática turista desceu meia dúzia de comentários nada elogiosos. Enquanto ouvia o blablabla pude concluir que um investimento no sistema de esgoto deixaria a cidade praticamente perfeita, e que existem casais feitos realmente um para o outro.
Alagoas não tem muitas indústrias, e o comércio de Maceió é bem reduzido. A cidade tem apenas um shopping, da rede Iguatemi, o segundo está sendo construído agora. A maior arrecadação de ICMS da capital vem da Brasken, gigante química que tem regalias como um cais particular em frente ao portão. Mas a cidade é rica em artesanato, principalmente à base de palha, argila e fios como o filé, em peças confeccionados utilizando como tear um quadro de madeira cercado de pregos. Só na feirinha da Pajuçara são mais de 200 barracas abarrotadas de produtos típicos. Dá pra fazer a festa por lá.
Outro ponto forte de Maceió é a culinária, carregada de frutos do mar. Provar pratos com camarão é uma obrigatoriedade. O mais típico deles atualmente é o Chiclete de Camarão, que arrasta a maioria dos turistas para os restaurantes. Quatro queijos e muito camarão, em porções generosas. Mas o camarão também aparece em versões mais light, acompanhados por batata sauté e arroz à grega. Outra iguaria que precisa ser provada é o Caldinho de Sururu - uma espécie de marisco - servido em pequenas porções. Mas muito cuidado com o sururu, o bicho é altamente afrodisíaco, dá um calorão.... Quem prefere os doces fica cercado de opções caminhando à beira-mar, com barracas servindo a tradicional tapioca com coco em vários pontos.
E caminhando por Maceió ainda se encontra curiosidades bem típicas. Se rolar uma pelada de última hora, o que usar para fazer as traves? Cocos, claro!
Pronto, já conhecemos um pouquinho da Maceió urbana. Na próxima semana vamos às praias. Prepare o bloqueador solar.
Metade da jornada
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