Entre Lidas e Vindas

Resenha - O cozer das pedras, o roer dos ossos, de Patrick Torres

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Por Amanda Ludwig - entrelidasevindas@engeplus.com.br

Em 14/02/2024 às 13:06
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O leitor que gosta de histórias nacionais e que se passam no sertão nordestino podem incluir "O cozer das pedras, o roer dos ossos" em sua lista para as próximas semanas. O livro de estreia de Patrick Torres foi publicado em 2023 e já soma notas positivas em suas avaliações.

A história começa com aquilo que, normalmente, considera-se um dos maiores spoilers de um livro: o anúncio do enterro do personagem principal. Pois é. Mas ainda que com este início pareça que o desenrolar da história vai girar na espiral da morte de Mirto, não é isso o que acontece. Nos capítulos posteriores ao seu enterro, voltamos no tempo e conhecemos de perto a relação de Mirto com sua mãe, Dona Hermina, e seu pai Germão. Eles vivem no interior da caatinga nordestina, em uma vida bastante sofrida e humilde.

O relacionamento familiar é bastante dramático, e Mirto vivencia de perto a relação abusiva de seu pai com sua mãe. Isso molda sua vida até o momento em que o destino cobra seu preço: diante do pai, Mirto precisa se defender e acaba o matando. Começa, então, a sofrida jornada de separação e tentativa de reencontro entre Mirto e sua mãe, Dona Hermina.

Apesar de Mirto ser o personagem principal do livro, a força do livro vem justamente de Dona Hermina, que "segura tudo nas costas" enquanto o filho está sumido pelo mundo. É pelo olhar dela que vemos florescer o entendimento de que uma atitude tão horrível e trágica como a que assolou sua família pode ter sido, também, o que salvou sua vida afinal de contas.

É perceptível que Patrick Torres bebeu da fonte de outros nomes tanto de nossa literatura quanto da literatura mundial (quem não o faz?), porque encontramos referências em diversos pontos da história. Isso é normal, tendo em vista que muitos já ambientaram suas narrações no sertão, ou no Nordeste brasileiro... a semelhança estaria por ali, invariavelmente. Mas enquanto se nota a semelhança, também é importante enxergar a diferença: a história contada por Patrick Torres não é sobre o sertão, em si. Mas sim sobre o íntimo daquela família e a conexão que eles têm, passam a ter ou deixam de ter entre eles e com aqueles que estão por perto.

Além disso, particularmente senti falta de um aprofundamento da história em alguns momentos, mas isso se dá só pela mania de sempre querer saber mais daqueles personagens... Isso não diminui em nada a qualidade de sua escrita. "O cozer das pedras, o roer dos ossos" é um ótimo livro, principalmente por ser o de estreia de Torres. Fica um gostinho de quero mais.

E a gente segue conversando pelo e-mail entrelidasevindas@engeplus.com.br ou pelo perfil @amandagarcialudwig, no Instagram. O que você acha sobre o assunto? Te espero lá.

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