Criciúma

Centro de Retaguarda do Rio Maina: conheça o local e saiba o que os pacientes internados dizem

Espaço conta com 50 leitos de enfermaria e três leitos semi-intensivos

Por Rafaela Custódio -

Em 14/12/2020 às 09:30
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Foto: Rafaela Custódio / Portal Engeplus

A antiga Casa de Saúde do Rio Maina estava com as instalações fechadas até o dia 28 de março, quando a Prefeitura de Criciúma iniciou a reforma e, após 50 dias, entregou o espaço completamente estruturado para receber pacientes com Covid-19. Sete meses após a reestruturação do espaço, o local se transformou no Centro de Retaguarda. 

No último dia 4, o espaço recebeu os primeiros pacientes diagnosticados com coronavírus. Inicialmente, estão à disposição 50 leitos de enfermaria para os casos leves da doença, encaminhados de espaços de saúde de Criciúma. Com o agravamento do paciente, o centro conta com três leitos semi-intensivos. A reportagem do Portal Engeplus visitou o ambiente com exclusividade e detalha como os profissionais atuam, as funções, atendimentos e também conversou com os pacientes internados. 

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Afinal, o que é o Centro de Retaguarda? 

A porta de entrada dos pacientes é por meio do Centro de Triagem Coronavírus, da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Próspera, do 24 Horas do bairro Boa Vista e do Hospital São José (HSJ). As cidades da Associação dos Municípios da Região Carbonífera (Amrec) estão aderindo à iniciativa.

O Instituto Harmone de Assistência Social, Saúde, Educação e Tecnologia é a Organização Social (OS) responsável pela gestão do espaço em caráter emergencial. O local está funcionando 24 horas. O contrato é de seis meses, podendo ser renovado, com valor de R$ 3.301.970,24.

Desde o dia 4, o espaço já recebeu 25 pacientes. Atualmente, nove estão internados. O local conta com 65 profissionais entre técnicos de enfermagem, médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, farmacêuticos e higienizadores.  

Cabe lembrar que o espaço já serviu para atender pacientes acima de 18 anos confirmados com a Covid-19, sintomáticos leve ou assintomáticos, que não possuíam condições de manter o isolamento social. Atualmente está dividido em duas partes no Centro de Retaguarda e Centro Especializado em Reabilitação Multiprofissional

Pacientes 

Edison Becker Machado, de 73 anos, foi internado na última terça-feira. Morador da área central de Criciúma, o idoso garantiu que sempre tomou todos os cuidados com a doença, porém não sabe como foi infectado com o vírus. Ele está se recuperando e não vê problemas em afirmar que testou positivo para a Covid-19. 

“Qual o problema de a pessoa ter pego Covid-19? Muitas pessoas possuem receio dos pacientes que já testaram positivo. É um momento difícil, mas tenho que tratar e voltar para a minha família. Esta é a primeira vez que fico hospitalizado. Apesar de ser um momento delicado, estou me sentindo bem e fiquei surpreso com o atendimento”, declara. 

O aposentado ficou surpreso com o serviço prestado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “A alimentação é muito boa. A minha visão era outra do SUS, porém me surpreendi positivamente. Os profissionais são bons e atenciosos. Limpeza todos os dias e tudo muito adequado”, conta. Após entrevista ao Portal Engeplus, ele recebeu alta ao longo do fim de semana.

Três homens e uma só missão: se recuperar da Covid-19

Nazareno Madalena, Jucelio Vieira dos Santos e José de Lima se conheceram no Centro de Retaguarda. Todos os três positivados para a Covid-19 estão internados no mesmo quarto. É um momento difícil para os pacientes, mas a busca pela recuperação foi muito maior que a lamentação em virtude da internação. Eles construíram uma amizade e, juntos, fazem a festa dos profissionais de saúde. 

Morador do bairro São Sebastião, José de Lima, de 61 anos de idade, chegou ao Centro de Retaguarda no dia 4. Ele lembra que seus primeiros sintomas foram tosse, falta de ar e cansaço. Com isso, decidiu ir ao Centro de Triagem. “A tomografia mostrou que estou com 30% do pulmão comprometido. Fiquei no Hospital São José ainda na quinta-feira, dia 3 de dezembro, e depois fui transferido para o centro”, descreve. 

Lima conta que uma neta e um filho também testaram positivo e a esposa e o outro filho ainda aguardam o resultado do teste. “Estou sendo bem atendido. A equipe como um todo está de parabéns. Foi um grande investimento da Prefeitura de Criciúma, pois a saúde é prioridade”, afirma. “Estou no quarto com outros dois homens e nos ajudamos diariamente, seja com uma palavra de conforto ou até mesmo com uma risada”, acrescenta. 


Legenda: José de Lima, de 61 anos. 

Nazareno Madalena, de 57 anos, é morador do bairro São Defende, em Criciúma. Ele é hipertenso e descobriu a doença por acaso. “Fui pegar receita do remédio e, após algumas perguntas na Unidade de Saúde (UBS), fui encaminhado para fazer o teste que deu positivo. Sentia dores de cabeça, tosse e muito cansaço, mas pensei que era uma gripe”, lembra. 

Ele é aposentado e trabalha na Prefeitura de Forquilhinha e está internado desde o dia 7. “Testei positivo e depois começou a aumentar a falta de ar e a saturação baixou. A tomografia apontou que 50% do pulmão foi comprometido. Minha esposa e quatro irmãs também testaram positivo”, conta. 

“Morei sete anos nos Estados Unidos e nunca vi nada parecido com o atendimento que estou recebendo aqui no Centro de Retaguarda. A dedicação dos profissionais é excelente e não tenho palavras para agradecer. A alimentação é muito boa e os trabalhadores possuem uma preocupação com todos os pacientes”.
Nazareno Madalena
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Legenda: Nazareno Madalena, de 57 anos.

Jucelio Vieira dos Santos, de 54 anos, é morador do bairro Liri, em Içara. Ele está internado desde o dia 6 de dezembro. “Comecei a sentir falta de ar e minha respiração começou a ficar muito difícil. Ele testou positivo para a Covid-19 e ficou internado no Hospital São José no dia 5, e depois foi transferido. “Bateram uma tomografia e informaram que 50% do pulmão está comprometido. Precisei ficar internado e cheguei a utilizar a suplementação de oxigênio”, relata.

Ele atua como mecânico de motos e ninguém da família testou positivo para o coronavírus. “É um momento difícil, pois ficamos sem ver a família. Entretanto, o atendimento é muito bom. Não tinha lugar melhor para eu me recuperar. Fiquei de três a quatro dias sem comer em casa e querendo vomitar. Não conseguia respirar e agora estou bem melhor”, afirma. Após entrevista ao Portal Engeplus, os três receberam alta ao longo do fim de semana e puderam reencontrar seus familiares. 


Legenda: Jucelio Vieira dos Santos, de 54 anos.

Irmãos internados 

Arlindo Ferrari e Antônio Ferrari, de 50 e 57 anos, respectivamente, são irmãos e testaram positivo para a Covid-19. Os dois tiveram contato, pois trabalhavam juntos e também ficaram internados no mesmo quarto. Moradores do distrito do Rio Maina, eles contaram seus sintomas. 

“Apresentei perda de paladar, fraqueza e tive diarreia. Fiz o teste e deu positivo, mas já estava com os sintomas. A tomografia mostrou que estou com 25% do pulmão comprometido. Fui internado primeiro no São José e depois vim para o Centro de Retaguarda”, recorda Arlindo. “Claro que é difícil estar aqui, pois estamos longe da família, mas os profissionais de saúde nos tratam bem e todos já se tornaram uma família aqui”, completa. Assim como José de Lima, Arlindo também utilizou suplementação com oxigênio. 

Já Antônio conta que não conseguia se levantar da cama. “Me sentia muito fraco e nunca fiquei tão ruim como estive agora. Minha filha também foi infectada com a doença, mas está em casa se recuperando. Apesar de estar aqui, não posso reclamar, pois estamos sendo muito bem atendidos”, admite. Após conversar com a reportagem do Portal Engeplus, Arlindo recebeu alta, mas Antônio continua internado. 

E os três leitos semi-intensivos?

Os três leitos semi-intensivos estão prontos, mas ainda não foram utilizados por nenhum paciente. A enfermeira Emília Cunha realizou uma ilustração de um procedimento médico para que as pessoas entendam a gravidade de uma parada cardiorrespiratória, que é um problema caracterizado pela interrupção das atividades cardíacas e respiratórias. 

Já no vídeo abaixo, Emília ilustra a intubação orotraqueal (IOT), que é uma maneira eficaz de se garantir uma via aérea definitiva, sobretudo em pacientes instáveis. 

O pedido da enfermeira Larissa Alves

Por trás de uma máscara, luvas, capacetes, protetor auricular e de um macacão azul existem profissionais da saúde que abdicaram de suas vidas para ajudar outras. É o caso de Larissa Alves, de 33 anos. Ela atua na saúde pública há 12 anos e, desde março, está trabalhando no combate ao coronavírus. 

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