Por Rafaela Custódio -
Em 14/05/2023 às 10:00A rotina muda, o humor oscila, as prioridades se modificam e a mulher conhece um amor que jamais achou que encontraria. A gestação pode trazer inúmeros sentimentos e neste domingo, dia 14, é celebrado o Dia das Mães. Por isso, o Portal Engeplus preparou uma matéria especial sobre essa nova fase na vida de uma mulher.
A psicóloga Ester Rosa afirma que a chegada de um filho é um momento desafiador. "Promove grandes mudanças na vida de uma mãe, que terá que lidar com o desconhecido, enfrentará a desordem hormonal além, é claro, das transformações físicas e psicológicas. Por isso, o planejamento da gestação é muito importante para que aos poucos a mãe de primeira viagem consiga interiorizar e amadurecer o papel que a espera. Nesse período de gestação, se conhecer é a principal base, o autoconhecimento é essencial para lidar com as situações no dia a dia, principalmente quando você está passando por uma nova fase", comenta.
A enfermeira Ana Carolina Porfírio Geremias está vivendo a ansiedade de esperar sua primeira filha. Atualmente com 29 semanas de gravidez, a contagem já está regressiva. "Era um sonho. Na verdade sempre foi um projeto de vida. Sempre me imaginei mãe. Devido a alguns problemas de saúde deixava esse sonho um pouco distante. Porém a partir do momento que planejei engravidar foram cinco meses de tentativas. Descobri a gestação bem no início e foi de aproximadamente quatro semanas. A ficha inicialmente não caiu, porém depois que ouvimos o coração do bebê pela primeira vez, a emoção tomou conta", relata.
Ana Carolina está esperando a Ísis, que deve nascer em julho. "Quando penso na educação tenho receios e ao mesmo tempo sonho como será esse processo. Leio sobre estimulação do desenvolvimento, quero ser presente e não deixar a responsabilidade da educação para a escola, pois ela vem de casa. Quero me espelhar na educação que tive. Minha mãe sempre foi presente e incentivadora em todas as etapas do meu desenvolvimento. Me passava confiança e segurança. E é dessa maneira que quero que a Ísis seja comigo", afirma.
Primeiro Dia das Mães
A enfermeira e mãe de primeira viagem conta que se sente realizada. "Estou feliz por ter minha filha crescendo saudável dentro de mim. Sei que após o seu nascimento os desafios e delícias da maternidade vão fazer esse dia fazer ainda mais sentido. Entender e valorizar ainda mais a minha mãe. Meu esposo está sendo compreensivo e carinhoso nesse processo. Acompanha e observa a movimentação da bebê na barriga e conversa diariamente", revela.
Transição de uma mulher para o papel de mãe
A psicóloga explica que são poucos casos em que a mulher consegue parar de trabalhar para aproveitar o período de gestação. "A fase de transição no início da gravidez acaba sendo um pouco mais difícil, pois a mãe de primeira viagem, acaba se cobrando muito, pois precisa conciliar a nova rotina com o seu trabalho. Por isso, é extremamente importante tomar todos os cuidados necessários para conseguir conciliar a gravidez com o trabalho, nesse período a mulher tem que saber respeitar o limite do seu corpo, se hidratando bem, utilizando roupas em que se sinta à vontade, fazer os intervalos para descansar, pedir e aceitar ajuda e é claro, seguir principalmente as indicações e orientações do obstetra", explica Ester.
Ester ainda ressalta que ainda há algumas desigualdades no mercado de trabalho para as mulheres. "Infelizmente ainda há muita desvalorização da mulher, que muitas vezes deixam de ser contratadas ou por desejarem ser mães ou já serem. As cobranças da sociedade já iniciam no processo de recrutamento e seleção, onde muitos recrutadores ainda realizam perguntas relacionadas à maternidade nas entrevistas. Trabalhadoras durante o período de gravidez, se exigem muito, mas também são muito mais exigidas e acabam muitas vezes aceitando, pois se culpam pelo período que irão ficar “fora”. Uma forma de lidar com tudo isso, é respeitando os limites", destaca.
Ela ainda deixa um recado para as novas mães. "Você que vai ser mãe ou já é, tem que entender que seu corpo, sua rotina, seus desafios mudaram, e que é normal você se sentir mais cansada, com o fluxo de energia diferente do que era antes e está tudo bem. Com o dia a dia você irá se adaptar nessa nova rotina, então não fique com medo de pedir ajuda, não se sobrecarregue. Não só você, mas a empresa em que você trabalha, terá que entender e ajudar você nesse novo momento. Outra situação, e que de fato é real, a empresa que abraça e acolhe essas mães vai ter sempre super mulheres nas tarefas do dia a dia, dando seu suor para que seu trabalho seja sempre perfeito, pois as mesmas se sentirão estimuladas em trabalhar numa empresa acolhedora", analisa.
Qual a importância do pré-natal?
A obstetra Taynan Bonfante destaca que o pré-natal é um grande responsável pela diminuição das taxas de mortalidade e morbidade tanto para a mãe quanto para o bebê. "A assistência pré-natal é o primeiro passo para o parto e nascimento respeitosos e pressupõe uma relação entre o profissional de saúde e a mulher durante o processo da gestação. É por meio do pré-natal que preparamos a mulher para a maternidade, realizamos prevenção e diagnóstico de doenças anteriores ou vindas durante a gestação e realizamos o controle delas, esclarecemos as dúvidas, realizamos acompanhamento clínico e laboratorial para repor as vitaminas necessárias para o bom crescimento do bebê", explica.
Segundo a obstetra, durante o pré-natal é realizado também o acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento fetal, avaliação dos hábitos de vida da mãe e orientação sobre os benefícios do parto e pós parto. "Orientamos sobre as indicações reais de cesariana e sobre possíveis complicações. Orientamos higiene, dieta, sono, hábito intestinal, exercícios, sexualidade e sobre os desafios da amamentação e enfrentamento da maternidade. Reconhecemos os sinais de alerta como sangramentos, doenças graves, malformações no bebê, trabalho de parto prematuro para melhor tratamento e abordagem correta", acrescenta.
Quais os cuidados durante a gravidez?
Conforme Taynan, são necessários alguns cuidados durante a gestação. "O ideal é uma avaliação de estilo de vida, realizar atividade física e uma alimentação saudável.
Evitar bebidas alcoólicas e tabagismo. Realizar todos os exames solicitados no pré-natal, como ultrassom e exames de sangue e urina. Tomar as medicações e vitaminas prescritas corretamente. Realizar corretamente o tratamento de suas doenças crônicas, como diabetes, pressão alta, hipotireoidismo, obesidade, pois essas doenças podem descompensar durante a gestação e causar problemas para a mãe e o bebê", orienta.
Mudanças para a gestante, principalmente com hormônios: o que fazer?
A obstetra ressalta que a gestação é uma fase bem complicada para algumas mulheres, havendo grandes mudanças hormonais e no humor. "O ideal é ter um acompanhamento psicológico e uma rede de apoio para conseguir lidar com essas mudanças. Yoga, meditação, contato com a natureza, drenagem linfática, técnicas de respiração e escalda pés são dicas de ouro para controlar as emoções. Um pré-natal adequado também ajuda a mulher a ter as informações necessárias sobre o momento em que ela está vivendo e lidar melhor com a ansiedade", aconselha.
Quantas consultas devem ser realizadas?
De acordo com Taynan, as consultas de pré-natal devem ser realizadas desde o descobrimento da gestação até as 32 semanas uma vez ao mês, de 32 semanas a 36 semanas a cada 15 dias e após 36 semanas uma vez por semana até o nascimento.
Autonomia e prazer para as novas mães
As doulas têm o objetivo de oferecer conforto, encorajamento, tranquilidade, suporte emocional, físico e informativo durante o período de intensas transformações pelo qual a gestante está passando. A atuação da doula durante o parto é reconhecida e estimulada pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A doula Francielle Silvano Cardozo conta que diante de tantas informações e tantos profissionais que ditam o que uma gestante precisa é deve fazer, a doula vem na contramão. "Queremos mostrar tudo o que a gestante já tem e pode fazer com autonomia e prazer. A doula vai cuidar e servir a gestante, ouvindo seus medos e dúvidas e ajudando-a a encontrar o melhor caminho para uma gestação, um parto e um estilo de maternagem que façam sentido para cada mulher", explica.
Segundo Francielle, a participação da doula no trabalho de parto reduz o índice de cesariana, reduz o uso de ocitocina e analgesia, reduz o tempo do trabalho de parto e melhora a satisfação com a experiência de parir. "Esses são dados científicos de um grande artigo disponível na biblioteca Cochrane. A doula auxilia a mulher a reconhecer-se como mãe, a perceber as mudanças físicas, sociais e até políticas por um viés positivo, que a tira da invisibilidade, faz valorizar essa preciosa função e juntar-se a outras na luta por direitos das mulheres mães", pontua.
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