Criciúma

Mães de alunos protestam contra demissões de professoras da Afasc

Elas foram demitidas após um aluno ser flagrado sozinho próximo à grade da instituição

Por Thiago Hockmüller - thiago.hockmuller@engeplus.com.br

Em 14/03/2025 às 12:23
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Foto: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus

Mães de alunos protestaram contra a demissão de duas professoras do Centro de Educação Infantil (CEI) Beato Aníbal Maria di Frância, no bairro Boa Vista, em Criciúma. A manifestação ocorreu na manhã desta sexta-feira, dia 14, em frente à escola. As educadoras foram afastadas após a Associação Feminina de Assistência Social de Criciúma (Afasc) concluir que houve negligência no cuidado de um aluno do grupo 2, que foi flagrado sozinho próximo às grades da instituição.

O filho de Dieni Medeiros estuda na mesma sala em que as professoras atuavam e considera injusta as demissões. “Sou mãe do Vicente. Estamos aqui reunidas para reivindicar a contratação dessas professoras que foram demitidas sem motivo justo. Eu sou mãe de um e eu perco meu filho dentro de casa, porque eles são muito rápidos. Imagina duas pessoas para mais de 20 crianças dessa idade. Não vai dar conta”, defendeu.

Ela afirma que a filmagem feita e replicada nas redes sociais foi em um curto intervalo de tempo entre a separação da criança da turma e o reencontro. “Não foi esquecida, a criança não foi deixada, a criança fugiu e foi o tempo da professora ir buscar. A pessoa que gravou poderia ter chamado a diretora e dizer que isso tinha acontecido. Poderia perguntar o que tinha acontecido antes de sair gravando e dizendo que a criança foi esquecida, porque ela também não sabia se a criança tinha sido esquecida”, avalia.

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Dieni diz que a ausência das duas professoras provocou a junção de duas turmas com alunos de idades diferentes, agravando o problema. Ela defende as professoras e afirma que se sentia segura quando Vicente era cuidado por estas profissionais. Além do mais, cobrou da Afasc uma solução.

“Isso resultou em deixar o meu filho sem professora. Hoje, a sala do meu filho está junto com uma outra sala de crianças menores. Tem criança que está aprendendo a sentar, tem criança que engatinha, o meu filho caminha, é um furacão, são mais de 20 crianças que caminham no meio de crianças que não caminham. Eu já estagiei com uma dessas professoras, ela é maravilhosa e sei o quanto é cuidadosa, porque ela é cuidadosa de ser chata, ela é de pegar no pé das estagiárias. Então não foi falta de cuidado”, argumenta.

“Se fosse um erro, a gente não ia estar aqui hoje. Porque é a vida do meu filho que está em jogo. Quando ele estava com essas professoras, eu sentia que meu filho estava protegido. Hoje não sinto, porque hoje ele não tem professora, ele tem duas estagiárias. Eu já liguei para a Afasc nesta semana reclamando disso e eles disseram que estavam tentando resolver a situação. Tentando? Enquanto isso o meu filho fica ali sem ser supervisionado por uma professora responsável?” 


Demissões injustas

Jaqueline Ferreira é mãe de Ana Júlia e Isadora, crianças que foram alunas das duas professoras demitidas pela Afasc. Moradora do bairro Progresso, ela se deslocou ao Boa Vista para apoiar a manifestação que pede a recontratação das duas profissionais.  

“Eu só vim mesmo porque eu conheço as duas professoras, porque eu boto a minha mão no fogo no lado profissional delas. São super responsáveis e o que fizeram com elas foi injusto. Não tem como em um segundo ficar de olho em todas as 20, 25 crianças. Foi só um descuido que dá para relevar. Não precisava o prefeito vim lá da prefeitura exonerar duas professoras profissionais. A criança estava dentro da creche, não teve perigo nenhum”, relata.

As duas mães cobram da Prefeitura de Criciúma e da Afasc a contratação de mais profissionais, já que entendem que a grande demanda de alunos torna sobrecarregado o trabalho dos professores. Jaqueline pede para o prefeito Vaguinho Espíndola (PSD) realocar as duas professoras aos cargos. 

“As duas professoras merecem uma chance, merecem voltar para o cargo. Eu não sou criança, tenho 38 anos. E eu não sou mãe de status e não sou de ficar apontando o celular para apenas a metade da história. Eu sou uma mãe responsável. Eu vim do meu bairro para pedir humildemente para o nosso prefeito dar uma chance para elas. A gente quer elas de volta. E também mais algumas, porque está sobrecarregada essa linha. Está faltando um monte de professor. Tem que dar uma assistência também”, explica.

Mães protestam contra demissões. (Fotos: Thiago Hockmüller/Portal Engeplus)

Entenda o caso

A Associação Feminina de Assistência Social de Criciúma (Afasc) concluiu que houve negligência no caso do aluno, que foi flagrado sozinhosem supervisão, no Centro de Educação Infantil (CEI) Beato Aníbal Maria di Frância. O caso aconteceu no dia 5 de março e as professoras foram demitidas na manhã do dia 6, sob argumento de negligência.

“Ainda na quarta-feira, as duas professoras responsáveis pela turma do Grupo 2 foram afastadas e uma sindicância foi aberta para que todos os detalhes fossem apurados. As informações foram coletadas e chegou-se à confirmação de que realmente houve um caso de negligência. Por este motivo, as duas professoras foram demitidas na manhã desta quinta-feira”, justificou a Associação. 

Logo após a repercussão do caso, o prefeito Vaguinho manifestou no Instagram que cobraria a Afasc para a “imediata apuração dos fatos e a exoneração dos responsáveis”.  

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