Operação Caronte

Entenda os argumentos usados pela desembargadora para definir soltura de Clésio Salvaro

Cinthia Schaefer apontou que MP não acusou envolvimento de Salvaro em crimes de corrupção

Por Rafaela Custódio -

Em 27/09/2024 às 10:41
imagem da noticia
Foto: Thiago Hockmüller/Arquivo Engeplus

No despacho em que determinou a soltura do prefeito afastado de Criciúma, Clésio Salvaro (PSD), a desembargadora relatora do processo, Cinthia Schaefer, trouxe novos detalhes da investigação. No documento, ela aponta que a denúncia do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) não acusa a participação de Salvaro em crime de corrupção, apenas indica seu suposto envolvimento em organização criminosa e delitos licitatórios relacionados às contratações públicas. 

Cinthia descreve que a apreensão de documentos sigilosos em posse do prefeito evidencia o seu conhecimento prévio sobre as investigações e sobre os fatos criminosos supostamente ocorridos na sua gestão. “O prévio conhecimento dos supostos crimes e a inércia em, no mínimo, determinar a abertura de um procedimento administrativo para apurar os fatos, é indicativo que o prefeito estaria, em tese, em conluio com as tramas escusas desvendadas pelas investigações”, descreve a desembargadora. 

A relatora aponta que o prefeito Salvaro adotou uma postura mais ativa para fazer cessar a suposta prática delitiva nos serviços funerários de Criciúma após a deflagração da primeira fase da Operação Caronte. Após a deflagração da investigação, Salvaro montou uma comissão dentro da Prefeitura de Criciúma para apurar os fatos. 

Continua após anúncio
Fim do anúncio

Em sua decisão, Cinthia entendeu que a substituição da prisão preventiva por medidas cautelares é suficiente para manter os andamentos investigatórios. “Primeiro, porque todos os citados ostentam predicados pessoais favoráveis, isto é, são primários, possuem residência fixa e renda lícita. Depois, porque a investigação está encerrada, a denúncia foi ofertada e eles já apresentaram defesa preliminar. Esse novo cenário, no meu entender, garante a eficiência das medidas cautelares alternativas para preservar os valores jurídicos protegidos pela lei penal, notadamente a ordem pública e a instrução criminal”, escreveu.

Salvaro usará tornozeleira eletrônica por 90 dias, não poderá ter contato com testemunhas e outros denunciados, não poderá fazer uso de rede social e conceder entrevistas, não poderá acessar a Prefeitura de Criciúma e qualquer outro órgão público municipal e ficará afastado do seu cargo público pelo prazo de 120 dias. Dessa forma, ele não retornará ao seu mandato, que encerra no fim do ano e o prefeito em exercício, Ricardo Fabris (MDB), seguirá comandando o Paço Municipal. 

A Operação Caronte, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) e pelo Grupo Especial Anticorrupção (Geac) apura crimes de organização criminosa, fraudes licitatórias e contratuais, corrupções, crimes contra a ordem econômica e economia popular envolvendo a concessão de serviço funerário na cidade de Criciúma.

Leia também:

Criciúma e Içara na lista: sete mandados de prisão preventiva foram cumpridos na Operação Caronte

Operação Caronte: vereador é afastado por 180 dias

Investigação aponta suposta interferência de Salvaro para aprovar lei na Câmara e beneficiar empresários

Em nota, ex-secretário preso em operação do Gaeco diz que acusações são ‘infundadas e absurdas’

Clésio Salvaro grava vídeo e se manifesta sobre prisão: ‘a política nos prega muitas surpresas’ 

Salvaro chega a Criciúma nesta quinta-feira, mas decisão judicial impede volta ao cargo de prefeito

Com apoiadores e carreata, Clésio Salvaro é recebido em Criciúma após 23 dias preso

Leia mais sobre:

criciuma,

Clésio Salvaro,

Cinthia Schaefer.

Receba as principais notícias de
Criciúma e região em seu WhatsApp.
Participe do grupo!

Clique aqui

Confira mais de Justiça