Dia Mundial da Água

A barragem que salvou uma região inteira

Para marcar a data, Portal Engeplus resgata reportagens sobre a Barragem do Rio São Bento

Por Redação Engeplus - jornalismo@engeplus.com.br

Em 21/03/2017 às 21:05
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Foto: Guilherme Hahn / Jornal da Manhã / Arquivo

Para assinalar o Dia Mundial da Água, nesta quarta-feira, o Portal Engeplus estará publicando, em três etapas, reportagens sobre o maior manancial de armazenamento da região. Por ocasião dos dez anos da Barragem do Rio São Bento, em julho passado, o Jornal da Manhã produziu uma série, com os jornalistas Denis Luciano e Guilherme Hahn, e parte desta sequência vai ilustrar nossas postagens.

A primeira, abaixo, “Da várzea à salvação”, uma barragem que nasceu de um vale onde dois rios se encontravam entre Siderópolis e Nova Veneza. As histórias das origens do lugar por um antigo morador estarão em destaque. Na segunda etapa, “O prefeito, o agricultor e o deputado”, narrando personagens que se encontraram na trajetória de uma obra que mudou vidas e garantiu o abastecimento de toda uma região. E, por fim, na terceira fase, “Água, turismo e estrada” vai apresentar o impacto da construção e as perspectivas futuras.

Barragem, o antes: Da várzea à salvação

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Texto: Denis Luciano
Fotos: Guilherme Hahn e Bruno Neka Dal Pont

Fazia calor naquele verão do início dos anos 70. Um e outro falava numa promessa, de que aquela extensa área poderia um dia virar uma barragem, para armazenar água e resolver a falta d´agua crônica não muito longe dali, na cidade. Ou nas cidades. O tal lugar tinha uma igrejinha, perto dali uma venda, algumas casas e várias pequenas propriedades. Do solo delas, “o melhor chão dessas bandas”, as safras enchiam as mesas e garantiam as rendas. O tal lugar era o ponto onde o rio São Bento, na sua lenta cadência, se misturava ao rio que descia a Serrinha, este mais veloz.

“Era muito milho. Tinha arroz, fumo e cana também. Desse chão todo, dava umas 20 mil toneladas. Era muito fértil”. O capricho do agricultor Vitório Ghellere, hoje com 76 anos, o remete a uma, duas, três décadas, para lembrar a produção daquela bonita várzea, o solo fértil antes elogiado. E com propriedade. Mas era preciso abastecer a região. E a pressão era grande. Vinha de quem tinha poder.

Voltando no
tempo

Seu Higino, o pai, se ocupava de uma roça grande. Corria 1950. O pequeno Vitório contava dez anos. Estudar? “Até onde dava. O negócio era aprender a fazer contas. Aprendendo, pronto. Era ficar com o pai na lavoura”, recorda o então pequeno. O filho, da prole que contava mais sete – outros três meninos e quatro meninas –, bem sabia da lição que o nonno, pai do pai Higino, havia trazido da Itália. Aquela terra era o ganha pão, e dos bons. 

“Vitório, corre aqui nas batatas”. O grito de Higino, com a severidade costumeira, ditava um ritmo. “Lembro de com dez anos revirar essa terra para plantar batata. Brotava rápido, crescia bem, dava ótima batata ali”, contou, seis décadas e meia depois, apontando para o lugar hoje alagado, transformado na Barragem do Rio São Bento.

No submerso do extenso lago que consumiu alguns anos de construção, repousam muitas memórias. A mais marcante delas, e única fisicamente visível, é religiosa. A igrejinha, cuja torre é visível, mais ou menos, conforme a vazão da barragem. Enquanto o vento forte soprava, e teimava em tentar tirar do lugar o gorro do filho do seu Higino, o hoje senhor Vitório voltava a ser criança. “A gente pescava aqui, esses rios tinha muito peixe. Quando fizeram a barragem, morreu muito, mas uns quatro anos depois a natureza recuperou, arrumou tudo”, recordou.

*Publicado na edição de 18 de julho de 2016 do Jornal da Manhã.

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