Cadeira de Rodas Inteligente

Em todo o mundo, milhões de pessoas vivem com paralisia dos membros inferiores, sendo os acidentes vasculares cerebrais, lesão da medula espinhal e esclerose múltipla as causas mais comuns. Embora não haja estatísticas sobre a paralisia em todo o mundo, a Organização Mundial da Saúde estima que ocorrem de 250.000 a 500.000 novos casos de lesão medular a nível mundial anualmente. O Desafio Toyota Mobility Unlimited, lançado em 2017 para impulsionar a inovação no campo de tecnologias assistivas para pessoas com paralisia de membros inferiores , vem se tornando ainda mais impactante.

Um dos projetos selecionados, criado pela empresa inglesa Phoenix Instinct,  foi a cadeira de rodas com "centro de gravidade inteligente" denominada Phoenix i.  Ela já existe na forma de um protótipo funcional e deverá ser lançada no mercado em 2022.

A solução desenvolvida com um subsídio de desenvolvimento de 500.000 libras do Mobility Unlimited Challenge, que é administrado pela Toyota Mobility Foundation, em conjunto com o Challenge Prize Center, da empresa Nesta (instituição inglesa sem fins lucrativos e que promove projetos sociais),a cadeira de rodas Phoenix i usa a tecnologia inteligente para melhorar sua funcionalidade básica: leve, com o eixo móvel e que ajusta automaticamente o centro de gravidade da cadeira, para evitar o desequilíbrio. "A cadeira de rodas é comprovadamente o meio mais viável de se locomover se você estiver paralisado", disse o designer fundador da fabricante Phoenix Instinct, Andrew Slorance. "No entanto, a tecnologia da cadeira de rodas não evoluiu desde os anos 80, enquanto os sistemas inteligentes transformaram os produtos ao nosso redor". "As próteses foram revolucionadas em função, aparência e percepção, enquanto a cadeira de rodas continuam sendo um dispositivo inanimado e desajeitado como a prótese costumava ser. Agora é a hora da cadeira de rodas evoluir." 

Feita de fibra de carbono leve, as rodas são montadas em um eixo ajustável que pode se mover para frente ou para trás, dependendo da posição do usuário. Sensores detectam se o usuário está inclinado para frente ou para trás e move a posição do eixo para ajustar seu centro de gravidade. Isso significa que a cadeira de rodas pode ser estável e ágil, reduzindo o risco de cair para trás. "A distribuição do peso é a chave para a agilidade e estabilidade das cadeiras de rodas", explicou Slorance. "A posição dos eixos das rodas traseiras determina como o peso é distribuído pelas rodas dianteiras e traseiras."  "Quanto mais peso passar pelas rodas dianteiras, mais estabilidade traseira será alcançada", continuou ele. "Se muito peso for carregado pelas rodas traseiras, a cadeira pode desequilibrar e cair para trás." De acordo com o designer, isso significa que quem usar a cadeira sofrerá menos lesões.

"Pela primeira vez, a cadeira de rodas e o usuário têm o mesmo centro de gravidade", disse Slorance. “As rodas estão sempre na mesma posição em relação ao usuário, independentemente de ele inclinar-se para a frente ou para trás”, continuou. "A posição de empurrar permanece constante e confortável, o que significa menos lesões, mais fácil para empurrar, maior agilidade e melhor estabilidade."

A Phoenix Instinct pretende vender a cadeira de rodas Phoenix i a um preço comparável ao das cadeiras de rodas convencionais, pois a empresa acredita que as cadeiras de rodas inteligentes devem ser amplamente utilizadas. "Cadeiras de rodas são amplamente financiadas por programas de reembolso, portanto, aumentar o teto sobre o que as seguradoras pagarão significa provar que os benefícios de melhoria de vida trarão maior economia para a seguradora a longo prazo, menos lesões, maior independência, etc.", disse Slorance. "Isso foi alcançado com os avanços nas próteses, portanto, também deve ser possível com cadeiras de rodas. No entanto, pretendemos definir o preço da nova cadeira de rodas em linha com as cadeiras de rodas convencionais, de modo a acelerar a mudança no sentido de que as cadeiras de rodas inteligentes se tornem a norma."

“Por muito tempo, a comunidade de deficientes enfrentou a mobilidade e acessibilidade restrita. A pandemia do coronavírus obrigou a uma mudança de atitude em relação ao trabalho remoto, mostrando que é possível estar presente e produzindo em casa. No entanto, a pandemia também destacou a necessidade de as pessoas sem deficiência compreenderem melhor a importância da mobilidade para todos. Esperamos que esses dispositivos melhorem a mobilidade das pessoas em todo o mundo e contribuam para um futuro mais inclusivo ”, finaliza Liz Vossen, da Nesta Challenges.