Especial

O futuro do empreendedorismo: jovens transformam ideias em realidade

Empreendedores do Sul de Santa Catarina mudam de vida com seus negócios

Por Rafaela Custódio -

Em 30/08/2024 às 10:00
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Foto: Rafaela Custódio/Portal Engeplus

O empreendedorismo desempenha um papel crucial na vida de qualquer pessoa, ainda mais quando se é jovem e iniciando a vida, oferecendo não apenas oportunidades econômicas, mas também desenvolvendo habilidades essenciais para o futuro. Mais do que simplesmente criar negócios, empreender permite que as pessoas explorem a criatividade, a inovação e a capacidade de resolver problemas de maneiras únicas. Empreender permite transformar ideias em realidade. Muitos jovens têm visões únicas e perspectivas que podem levar a novos produtos, serviços ou soluções para problemas existentes na sociedade. Empreender proporciona um espaço para testar essas ideias, aprender com os erros e adaptar-se rapidamente às mudanças no mercado.

Ter o seu próprio negócio é o terceiro maior sonho dos brasileiros, segundo a pesquisa realizada em 2023 pela empresa Global Entrepreneurship Monitor (GEM). A pesquisa ainda mostrou que o Brasil segue com a segunda maior estimativa absoluta de “Empreendedores Potenciais” (com 48 milhões de pessoas), atrás apenas da Índia (com 106 milhões de pessoas). 

A reportagem do Portal Engeplus conversou com jovens empreendedores para entender a mudança na rota e porque resolveram não seguir um ciclo comum da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Afinal de contas, a cidade de Criciúma cresce diariamente para se tornar uma cidade cada vez mais empreendedora e entidades como a Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) ajudam para que isso possa se tornar realidade com a criação do Núcleo de Empreendedorismo e a abertura do Centro de Inovação. 

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De porta em porta para duas grandes marcas 

Everton Maciel, de 30 anos, empreende há 13. Entre acertos e erros, abriu duas empresas no ramo de vestuário em Criciúma. “Comecei a empreender quando tinha 17 anos. A ideia de começar o próprio negócio surgiu quando percebi que pessoas próximas de mim possuíam suas empresas, claro, de forma pequena. Mas quando você começa a empreender, percebe que tem um mundo diferente do convencional, e isso chama a atenção”, observa.  

Empreendedor desde os 17 anos, Maciel sempre quis se tornar um empresário, mas o início começou na adolescência e nem sempre foi fácil. “Eu e outro amigo, o Jonas, conversávamos muito sobre empreendedorismo e decidimos montar uma marca de roupa. No começo, a ideia era sport chic, mas foi mudando com o passar das conversas e daí surgiu a marca Mr. Darwini, uma loja de roupas, como camisetas, bonés, meias, tênis, jaquetas, moletons, calças, bermudas, entre outros produtos. Mas nem sempre foi assim. No começo eram apenas camisetas e depois fomos evoluindo e testando produtos até chegarmos em uma loja física”, recorda. Apesar da marca ter sido pensada com um amigo, atualmente ele é o único proprietário da marca. 


Legenda: Produto fabricado pela marca Mr. Darwini.

Problemas surgiram 

Há 13 anos, o mundo tecnológico era diferente. Atualmente, o algoritmo das redes sociais entende quando uma pessoa é empreendedora, por exemplo, e até mesmo sugere conteúdos para ajudar no dia a dia. “No começo foi bem na cara e na coragem, porque nessa época era bem difícil achar conteúdo. Hoje, você abre qualquer rede social e encontra o que está buscando. Quando eu comecei, não existia isso e qualquer conteúdo desse tipo era muito difícil. Era mais na cara e na coragem. Na confecção tem muito isso, ou seja, você vai em uma costureira, ela te indica alguém de corte, de molde e assim você vai encontrando profissionais”, frisa. 

Ao iniciar no mundo dos vestuários, Maciel não imaginava que aprenderia sobre economia, gestão de negócios, cortes de roupas e até moldes, mas a necessidade o fez estudar e aprender detalhes importantes para uma empresa. “No começo foi tudo muito difícil, porque tínhamos que perguntar para quem sabia fazer e iniciamos cursos para aprender. Foi tudo na raça mesmo”, conta. 

A primeira loja física da Mr. Darwini foi aberta em 2012, na área central de Criciúma. Antes, Maciel trabalhava de porta em porta vendendo seus produtos. “Tínhamos uma sala menor e ficamos durante quatro anos no mesmo espaço. A procura pelos nossos produtos cresceu e nos mudamos para uma sala na rua Henrique Lage. Anos depois, este segundo espaço também ficou pequeno e fomos novamente para uma loja maior, mas na mesma rua. Parece um sonho, mas não é. Vamos nos mudar novamente para um espaço próprio no bairro Próspera”, destaca. 

A ampliação dos negócios 

Maciel ressalta que ampliou seus negócios pela necessidade. “Como o dinheiro sempre foi curto, acho que a maior dificuldade de todo mundo que empreende é recurso financeiro. O início é tudo de pouquinho em pouquinho. Não dá para errar muito. Nós só criávamos uma nova peça ou tamanho se realmente tínhamos uma demanda e pedidos. Vendeu? Produzimos mais. Sobrou um pouco de dinheiro? Investimos em um novo produto. Assim fomos crescendo dia após dia”, frisa. 

Uma nova marca surgiu 

Com 17 anos, quando iniciou sua marca, Maciel não imaginava que seria empresário e mudaria de vida. Seu sonho era empreender, mas sua vontade o fez dono de duas grandes marcas. “Quando iniciei a Mr. Darwini, tive uma grande dificuldade de encontrar costureiras e empresas que me ajudassem. Então, percebi que esse era um problema para outros empreendedores que estavam começando no mesmo ramo que o meu, e por que não ajudá-los? Assim, nasceu a Atram, uma empresa que produz peças para outras marcas”, explica. 

 Atram = private label

A nova marca de Maciel é considerada uma private label, ou seja, refere-se a produtos fabricados por uma empresa (geralmente um fabricante ou fornecedor) e vendidos sob a marca de outra empresa, geralmente uma varejista ou distribuidora. Em síntese, o fabricante produz os produtos, mas eles são comercializados e vendidos com o nome e a marca do varejista. 

“Com a Atram, atendemos o Brasil inteiro. Produzimos desde pequenos negócios que precisam de uniforme, até marcas que produzem suas confecções. Produzimos literalmente do zero e entregamos a peça pronta ao cliente. Quando eu comecei a minha marca, não se ouvia falar nisso. Quando se ouvia falar em private label, as quantidades eram altíssimas, como ainda é hoje. Só que como lá no começo eu tinha dificuldade de produzir pouco, decidimos criar uma solução que atende as marcas pequenas que estão começando, que têm pouco recurso e oferecer packs pequenos para eles começarem. Porque o negócio é começar. Depois vamos aprendendo, evoluindo, assim como eu fiz lá no começo. Fui evoluindo, aprendendo, melhorando e cresci. Por que não ajudar outros empreendedores a crescer?”, frisa. 

Nos últimos três anos, a nova empresa de Maciel atendeu mais de mil marcas espalhadas pelo Brasil. 

A gente foi ensinado a trabalhar e, não, a empreender” 

Maciel afirma que muitos jovens não são ensinados a empreender e outras pessoas não nasceram para isso. “Não estamos modulados para empreender, não fomos ensinados a empreender. Fomos ensinados a trabalhar e, não, a empreender. Por que muitas empresas dão errado? É muito legal empreender? É. Mas é muito difícil, é dolorido e sofrido, principalmente pra quem não tem recursos, para quem realmente tá começando do zero. Existem pessoas que nasceram para empreender e tem pessoas que nasceram para trabalhar como CLT. É do perfil do ser humano”, observa. 

“Empreender não é uma coisa rápida, não é uma fórmula instantânea que vai acontecer da noite para o dia. Com o crescimento das redes sociais, vejo que as pessoas estão ficando cada vez mais ansiosas e achando que a vida de todo mundo é assim. Não é. A gente não começa um negócio da noite para o dia e da noite para o dia começa a dar rios de dinheiro. No primeiro ano vai ser difícil, no segundo ano vai ser pior. E depois do terceiro que vai começar a se equilibrar. Ter cabeça no lugar é primordial para o negócio dar certo”. 

Everton Maciel, empreendedor
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Funcionários 

Internamente, Maciel conta com cinco funcionários, mas existem empresas terceirizadas que prestam serviços. “Temos cinco pessoas que atuam internamente, só que temos os terceiros nas confecções, pois são três confecções que atuam exclusivamente para nossas empresas”, explica. 

O que adquiriu com as empresas? 

Aos 30 anos, Maciel tem seu carro próprio, casa, lote na praia e segue sonhando. “O principal sonho era termos um local próprio, e compramos. São 300 metros quadrados que serão exclusivos das nossas marcas. Poderemos atender ainda melhor nosso público. Vou continuar sonhando ao lado da minha esposa e dos meus filhos e, claro, com meus colaboradores”, destaca. 

Nem tudo são flores

Para conquistar seus sonhos, Maciel também precisou abrir mão de algumas coisas em sua juventude. “Comecei bem pequenininho mesmo e foi um amadurecimento gradativo. Fui aprendendo sobre faturamento, dinheiro, controle de caixa e impostos aos poucos. Acho que uma das barreiras de entrada para o empreendedor é a burocracia. Muita gente tem vontade de empreender, mas acaba nem começando porque sabe o que é burocrático, mas é uma coisa gradativa, vamos aprendendo. Tem muita coisa que eu não sei e até nem quero aprender, porque tem profissionais na área que fazem e vão fazer muito melhor do que eu. Estou sempre buscando aprender um pouco mais sobre diversos assuntos, porque aprendendo sobre tributação, cobramos certo nossos produtos baseados na tributação correta, fazendo todo esse cálculo incluindo os impostos, por exemplo”, detalha. 

“Empreender às vezes é isso, é uma escola. Não é fácil, é devagar, é gradativo, é aprender e melhorar diariamente. Aos poucos as coisas vão acontecendo. Acho que o mais importante é continuar fazendo bem feito, mas precisa de tempo e as coisas irão fluir”.  
Everton Maciel, empreendedor
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De CLT à empreendedor e as mudanças na rotina 

Bruno Sartor Nunes, de 24 anos, é um dos sócios da Sartor Films, produtora especializada em vídeos e fotos de alta qualidade. Localizada em Criciúma, a empresa iniciou os trabalhos em 2023. “Produzimos todo o tipo de vídeo que o cliente pede. Entregamos gravação de conteúdo para redes sociais e atuamos com o mercado do audiovisual”, detalha. 

Nunes é ligado a gravação de vídeos desde a adolescência. “Sempre gostei muito dessa parte de vídeo e foto. Eu tenho 24 anos, mas já trabalho com isso há mais de uma década, porque comecei produzindo vídeos para o YouTube, primeiro de joguinhos, depois de vlogs. Eu andava de skate também, então eu comecei a gravar vídeos de skate, sempre me interessei muito por isso. Com meu crescimento, entrando na fase adulta, algumas coisas vão mudando e atuei em contabilidade, trabalhei como office boy, auxiliar administrativo, porém tive uma oportunidade de trabalhar como editor de vídeos. Trabalhei para uma uma empresa que era de um jovem empreendedor também, depois troquei de empresa e conheci meu atual sócio”, lembra. 

Como foi essa virada de chave?  

Com uma família empreendedora, Nunes teve a chance de aprender, ter ensinamentos e incentivo dentro de casa. “A virada de chave não aconteceu de um dia para o outro. Às vezes, é necessário não ficar se planejando tanto, é só fazer, ir atrás e ao longo do caminho vamos aprendendo. Então, a virada de chave veio nessa conexão das pessoas em minha volta, me incentivando, e eu simplesmente pensando em fazer e encarar o novo desafio”, afirma. 

Qual foi o maior desafio do empreendedorismo?  

Nunes ressalta que empreender precisa da doação de 100% do empreendedor. “São 24 horas por dia, em sete dias da semana. Você não para e precisa estar sempre disposto a resolver alguma pendência. A diferença do CLT e empreendedor é que você vai precisar dedicar 100% do seu dia para o empreendimento, principalmente no começo”, revela. 

O empreendedor afirma que ter uma empresa não é apenas prestar um determinado serviço. “Existem muitos detalhes em uma empresa. Por exemplo, o financeiro. Números não são comigo, pois não me dou bem com eles, mas é necessário e, por isso, contratamos uma contabilidade. Empreender é aquela coisa: eu estou criando uma empresa de audiovisual, mas não estou só gravando e editando. Eu estou gravando, editando, fazendo financeiro, respondendo clientes, fazendo a contabilidade. Mas é bem complicado. Quando você vira empreendedor, você vira basicamente tudo”, observa. 

Funcionários 

Atualmente, a Sartor Films possui dois sócios e uma funcionária. “A maioria dos empreendedores possuem problemas com a questão humanitária. Às vezes eles cobram tanto do funcionário para trabalhar que acabam perdendo um bom colaborador. Sou muito humanitário. A nossa colaboradora tem uma filha, eu também preciso entender que muitas vezes ela vai precisar sair mais cedo por causa da filha que está na creche, por exemplo. Olho o lado humano antes de olhar o lado funcionário, e essa é uma coisa que eu quero levar pra empresa. Eu não quero sugar de uma pessoa porque ela não tá ali para isso, eu quero que ela esteja na empresa para ajudar”, declara.  

A Sartor Films já atendeu mais de 100 empresas em Santa Catarina e devem atender instituições de outros Estados também futuramente. “Já tivemos um projeto internacional também, pois tenho uma boa base no inglês e consigo fazer edições. A empresa está bem saudável para o tempo que temos”, reitera. 

Futuro 

Nunes observa que a Sartor Films deve crescer nos próximos anos. “Enxergo o futuro da empresa como uma produtora audiovisual de alto nível. Queremos nos tornar uma referência na região e até nacionalmente. Nosso objetivo é ter um lugar maior e atuar com produções no ramo nacional mesmo”, projeta. 

Dica para novos empreendedores 

Empreendendo há mais de um ano, Nunes ressaltou a importância de começar e tirar do papel as ideias. 

Do futebol ao brownie

Com apenas 19 anos de idade, Theo Duarte já protagonizou uma história empreendedora e deu o primeiro grande passo de sua jornada com a abertura de uma loja física do 'Brownie do Theo', na rua Henrique Lage, uma das principais vias do comércio de Criciúma. 

Mas antes de abrir sua loja física, precisou se adaptar às novas mudanças em sua vida. “Desde os 10 anos, sempre joguei futebol e queria me tornar um jogador, porém acabei saindo da escolinha de futebol e, antes de me despedir, minha mãe Juliana Duarte, acabou fazendo brownies para eu presentear meus professores em forma de agradecimento pelos dez anos na escola de futebol. Os brownies foram elogiados, sobraram alguns e acabamos comendo em casa. Gostei muito, muito mesmo. Então surgiu a ideia: por que não fazer brownies? Eu não sabia o que eu queria cursar na faculdade e estava meio indeciso sobre o futuro”, recorda. 

Brownie e a ideia de empreender 

Apesar de ter gostado dos brownies, Duarte ficou durante seis meses planejando a venda dos produtos. “Essa ideia ficou matutando na minha cabeça por seis meses. Então, no final de dezembro de 2021, decidimos fazer. Porém, ficou muito ruim, nada a ver com a primeira receita que ela tinha feito. Refizemos algumas vezes até chegarmos em uma receita e entregamos na saída de uma escola de graça, para as pessoas conhecerem. Fomos melhorando a receita e começou a ficar bom até chegarmos na receita de hoje”, comenta. 

Sem contato nenhum com a cozinha 

Apesar de hoje ter uma empresa de brownie, Duarte nunca esteve ligado à cozinha. “Se eu falar que eu sabia fazer um arroz é demais. A primeira receita quem tinha feito era a minha mãe e daí surgiu a ideia. Ela sempre esteve ao meu lado ajudando. Depois eu fui pegando os macetes e entendi como é que se produz”, explica. 

Durante as entregas gratuitas na escola, Duarte deixou um bilhete para que as pessoas que gostassem pudessem encomendar. “As pessoas gostaram e começaram a nos chamar para fazer encomendas. Então, basicamente, foi essa transição de entregarmos e já começar a produzir”, aponta. 

Loja física 

O empreendedor conta que sempre pensou em ter um espaço físico para atender seus clientes. “Entendemos que não existia uma loja que só trabalhasse com brownies. Na verdade, existe quem vende no seu estabelecimento, mas como o único produto, não. Decidimos visitar a sala, gostamos e são uns seis meses aqui no espaço físico”, comenta. 

Virada de chave

O impulso e a inspiração para o início da trajetória do Brownie do Theo têm um encontro com uma estrela do varejo brasileiro: o fundador e CEO da Chilli Beans, Caíto Maia.

O menino e um dos “tubarões” do reality show de empreendedorismo Shark Tank Brasil se conheceram em uma edição do evento Empreende SC, em Criciúma. “Tivemos uma interação durante a palestra dele no evento, quando ele me escolheu aleatoriamente na plateia, perguntou sobre o que eu fazia, contei sobre o Brownie do Theo e ele me disse palavras muito inspiradoras. Foi uma grande experiência”, relata. 

A relação com o Empreende SC

Em 2022, Duarte se deparou com a divulgação do evento através de um anúncio patrocinado nas redes sociais. A partir daí, surgiu o interesse na participação juntamente com sua mãe. “Achamos que seria de grande importância nossa participação, pois como eu estava prestes a iniciar minha vida no empreendedorismo. O evento poderia ser um estímulo a mais”, conta o jovem. 

A poucas semanas da realização do evento, ao se deparar com o valor dos ingressos, o jovem logo entrou em contato com o idealizador e responsável pelo Empreende SC, Fernando Sabino, para propor a ele uma negociação. “Eu pedi ao Fernando para que nos desse um desconto pela compra dos dois ingressos, dessa forma, eu poderia contribuir com brownies para compensar o valor restante”, explica. 

No mesmo momento, Fernando propôs ao jovem que poderia realizar totalmente a troca dos ingressos por brownies, para que ele pudesse fazer a distribuição dos doces entre todos os presentes. “Foi uma quantidade bem considerável, tivemos que ser ágeis para dar conta. Lembro que eu estava no meio de uma prova na escola e tive que sair correndo para entregar o pedido”, relembra. “Foi neste evento que consegui trocar ideias com o fundador e CEO da Chilli Beans, Caíto Maia. Foi muito bacana”, acrescenta.

Próximos anos..

Para os próximos anos, as ideias são cada vez maiores para fazer com que as pessoas conheçam a marca e o espaço. “Queremos deixar as melhores lembranças na memória das pessoas quando elas lembrarem do conceito do brownie. Por exemplo, “ah quero tomar um café, vou lá no Brownie do Theo’”, destaca.

Sabores

Atualmente, o Brownie do Theo conta com diversos sabores como o tradicional, meio amargo, chocolate branco, chocolate preto, nutella de montão, jogue confete e café. 

Quando devo começar?

Do hobby ao empreendedorismo 

Um bordado é uma forma de arte manual que consiste na aplicação de fios, geralmente de algodão, lã, seda, entre outros, sobre um tecido para criar desenhos decorativos ou até mesmo figuras. Bordados podem incluir técnicas, como ponto cruz, ponto cheio e ponto haste. A empreendedora Natalia Girardi gosta de costurar e tem afinidade com agulhas desde criança, quando costurava as roupas de suas bonecas. Se formou em odontologia, mas criou afinidade com o bordado e atualmente ganha seu dinheiro produzindo suas artes. 

“Costuro desde criança, fui aquela criança que gostava de fazer roupa de boneca. Sempre tive noção de costura e, na pandemia da Covid-19, estava programada para viajar à Irlanda, visando um intercâmbio, porém com a pandemia os planos foram adiados. Então, decidi bordar em casa, pois uma amiga começou a bordar também. Achei legal a ideia e iniciei”, recorda. 

Natalia conta que começou postar seus bordados nas redes sociais e as encomendas começaram a chegar. “No início foram amigos me pedindo, encomendando e realmente vendia para pessoas conhecidas. Tudo começou sem pretensão nenhuma. Depois de alguns meses vendendo meus trabalhos consegui embarcar para a Irlanda, aprendi a bordar o ponto cruz e continuei bordando, mas sem vender. Porém, minha mãe acabou descobrindo um câncer e retornei ao Brasil”, conta.  

Ao retornar ao Brasil, Natalia voltou a vender seus bordados. “Profissionalizar era uma meta e consegui. Fiz uma logo, um Instagram, criei a minha própria marca e consegui. A intenção era vender de uma forma mais profissional, com embalagem, por exemplo, e deu certo”, ressalta. 

A vida de um empreendedor 

Natalia também seguiu empreendendo e, ao levar a mãe para as consultas e exames em virtude do câncer, utilizava o tempo também para bordar. Mas reconhece que não sabia que o empreendedorismo era tão corrido.  

Próximos passos

Atualmente, Natalia utiliza as redes sociais como um meio de vendas para seus bordados. “Teve um vídeo meu que tem mais de 1,5 milhão de visualizações e acabou viralizando. Recebi muitos pedidos”, conta. O tempo para bordar varia de acordo com o pedido. “Tem bordados que consigo fazer em uma tarde, tem bordado que eu levo uma semana. Depende do pedido”, acrescenta.  

Apesar de ser apaixonada por bordados, Natalia revela que não quer atuar com empreendedorismo para sempre. 

Criciúma: uma cidade ligada ao empreendedorismo 

A cidade de Criciúma está se tornando dia após dia uma cidade empreendedora e que visa auxiliar pessoas que querem empreender. Para oferecer orientação, apoio e o suporte necessário para os empreendedores, o governo municipal criou a Casa do Empreendedor. Com seis anos de funcionamento no Paço Municipal Marcos Rovaris, o setor cumpre um importante papel de incentivo na geração de empregos e empreendedorismo. O setor beneficia todos os portes de negócios, como Microempreendedores Individuais (MEIs), Microempresa (ME), Empresas de Pequeno Porte (EPP), Empresas de Médio Porte (EMP), Empresas de Grande Porte (EGP) e profissionais autônomos.

Serviços

Entre os novos serviços oferecidos pela Casa do Empreendedor estão a emissão de guias DAS-MEI, declaração anual (MEI), auxílio para emissão de notas fiscais e orientações sobre linhas de crédito disponíveis ao Micro e Pequeno Empreendedor.

Também foi aberto um novo um canal de comunicação entre a Casa e os contribuintes/empreendedores. O contato por meio do aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp pode ser feito pelo número (48) 9 9951-2785. 

Áreas industriais

Criciúma já possui cinco áreas industriais, localizadas nos bairros Cristo Redentor, Rio Maina, Laranjinha, Linha Batista e Bosque do Repouso. A Casa do Empreendedor é responsável pelos trâmites do processo do sexto espaço, localizado no bairro Verdinho.  

Semana do MEI  

A Prefeitura de Criciúma também realiza a Semana do MEI. A ação é anual e exclusiva para os MEIs, tendo como foco principal conscientizar e informar os microempreendedores. “A Semana do Microempreendedor é mais uma iniciativa do governo municipal, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), para apoiar aqueles que decidiram seguir o caminho do empreendedorismo. Esta semana é uma oportunidade para todos os microempreendedores de Criciúma se envolverem, aprenderem e se beneficiarem das ferramentas e dos recursos disponíveis para impulsionar seus negócios”, observa o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro.

Programa de crédito Mão na Roda 

O governo municipal de Criciúma também criou, em maio de 2023, o programa de crédito ‘Mão na Roda’, que tem como instituição credenciada a Credisol Microcrédito Brasil. O benefício do subsídio é destinado, exclusivamente, ao MEI registrado em Criciúma.  

O programa Mão na Roda foi criado para fomentar os pequenos negócios. Conforme o diretor de Desenvolvimento Econômico, Marlon Araújo, desde o lançamento do programa, já foram realizadas capacitações sobre Gestão Financeiras, Marketing Digital e Administração. “No primeiro dia útil de cada mês, a Casa do Empreendedor emite a entrega dos termos de encaminhamento. Posteriormente, os Microempreendedores Individuais vão até a Credisol Microcrédito Brasil. A instituição credenciada pelo projeto faz a análise de crédito e fomenta os negócios registrados, exclusivamente, em Criciúma”, explica o diretor.

Araújo reforçou que os termos de encaminhamento são oportunidades únicas para quem quer empreender em Criciúma. “O programa consiste em um empréstimo de até R$ 5 mil para os Microempreendedores Individuais. Os termos de encaminhamento são divididos em oito parcelas. O município de Criciúma pagará a sétima parcela, já que é referente ao financiamento feito pela Prefeitura de Criciúma. Já a oitava parcela, que corresponde aos juros, será paga pelo Governo do Estado”, detalha.

Com essa oportunidade, o diretor de Desenvolvimento Econômico destacou, ainda, que os microempreendedores que estiverem com os pagamentos das parcelas em dia acabam pagando menos dos R$ 5 mil financiados. “Desde o início do projeto, consolidamos inúmeros cases de resultados positivos por meio do investimento do Mão na Roda”, comenta. 

Em um ano de funcionamento no município, o programa Mão na Roda já fomentou mais de 900 empresas. Para ter acesso à linha de crédito de até R$ 5 mil do programa Mão na Roda é necessário ser MEI registrado em Criciúma e solicitar o Termo de Encaminhamento na Casa do Empreendedor, localizada no piso superior do Paço Municipal Marcos Rovaris. 

Ampe: consultoria e o suporte aos micro e pequenos empresários

A Federação das Associações de Micro e Pequenas Empresas e Empreendedor Individual de Santa Catarina (Fampesc) tem como âmbito de atuação a defesa, o apoio e a capacitação das empresas de micro e pequeno porte (MPEs) do Estado de Santa Catarina. O objetivo primordial da Federação é promover o desenvolvimento das micro e pequenas nos aspectos tecnológicos, gerenciais, de recursos humanos, entre outros, sempre fundando-se nos princípios associativistas. Para isso, a Fampesc agrega as Micro e Pequenas Empresas do Estado através de uma rede de Associações registradas com a marca da Associação das Micro e Pequenas Empresas de Criciúma (Ampe). 

A Ampe presta consultorias jurídicas, ambientais, dentre outros segmentos. Além destas consultorias, a instituição capacita, promove palestras e dá acesso jurídico aos associados.  “Em Criciúma, nós estamos atuando desde 1988. Atendemos todos os municípios da região carbonífera e representamos mais de 80% dos postos de trabalho de micro e pequena empresa. Se pegarmos, por exemplo, Criciúma, temos 30 mil CNPJs abertos, sendo que 27 mil destes somos nós. O que que nós fazemos? Atuamos com representatividade de toda essa classe de empreendedores”, destaca a presidente da Ampe de Criciúma, Adriana Borges Marquezine

“O empreendedor é gigante”

Adriana ressalta que as pessoas se confundem ao chamar de micro e pequeno empreendedor se referindo ao Microempreendedores Individuais (MEIs) e Microempresas (ME). “Micro e pequena são as empresas. O empreendedor é gigante, ele gera emprego, é um prestador de serviço”, afirma. A presidente da Ampe destaca que a instituição atua dando retaguarda para os empreendedores. “Geramos oportunidades, melhoramos aquilo que já existe e oportunizamos que eles continuem crescendo. Às vezes, pegamos alguém que faz um bordado em casa, por exemplo, acolhemos, trazemos para as capacitações e ajudamos a crescer”, frisa. 

Ações da Ampe 

Hoje, Criciúma é conhecida como as cidades dos parques e a Ampe tem utilizado esses espaços. “Fizemos diversas ações, em destaque para as feiras espalhadas nos parques da cidade. Essas feiras reúnem diversos empreendedores e oportuniza uma renda extra, contatos e, óbvio, vendas”, comenta.

Como participar da Ampe? O micro e pequeno empreendedor pode entrar em contato pelo telefone (48) 9.9160-5342. O associado paga um valor simbólico de R$ 30 por mês e se associa. Atualmente, são mais de 350 associados à Ampe.  

 Associação de Jovens Empreendedores de Criciúma (AJE)

A cidade de Criciúma tem se tornado empreendedora e os números mostram isso, como a presidente da Ampe ressaltou. Mas também é um município que possui um grupo de apoio ao empreendedor. Além da Ampe, Criciúma possui, desde 1995, a Associação de Jovens Empreendedores de Criciúma (AJE), que é um núcleo da Associação Empresarial de Criciúma (ACIC) e faz parte do Conselho Estadual dos Jovens Empreendedores de Santa Catarina (CEJESC).

A AJE busca entregar conhecimento nas mais diversas áreas aos seus associados, além de promover o networking, incentivando e ajudando os empreendedores de Criciúma e Região.

Os encontros acontecem quinzenalmente, geralmente realizados na sala da AJE na ACIC. O presidente da Associação de Jovens Empreendedores de Criciúma, Fernando Zomer, ressaltou a importância do empreendedorismo.

Associação Empresarial de Criciúma​

O presidente da Associação Empresarial de Criciúma (ACIC), Valcir José Zanette, observa que o empreendedorismo é um catalisador para o crescimento econômico, para a inovação e transformação social. “Investir e fomentar o empreendedorismo em novas iniciativas traz inúmeros benefícios para uma cidade, elevando a qualidade de vida de toda a comunidade. A Acic está envolvida em um importante projeto promovido pela gestão pública em parceria com as empresas para desenvolver competências empreendedoras nos estudantes, proporcionando a oportunidade de vivenciar, na prática, o dia a dia de uma empresa e desenvolver o espírito de coletividade e empreendedorismo”, destaca. 

Além disso, a entidade abriga diversos núcleos empresariais dedicados ao fomento do empreendedorismo. Entre eles, destacam-se o Núcleo dos Jovens Empreendedores e o Núcleo dos Empreendedores. "Essas iniciativas são fundamentais para incentivar e apoiar os novos empreendedores, oferecendo-lhes um ambiente colaborativo e possibilidades para fomentar seus negócios”, afirma. 

Universidade do Extremo Sul Catarinense​

A Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) é uma instituição apoiadora e incentivadora do empreendedorismo em Santa Catarina. Com diversos projetos e atualmente gestora do Centro de Inovação Criciúma (Crio), a Universidade consegue desenvolver ações para micros e pequenos empreendedores. A Unesc é a encarregada pela administração do empreendimento, localizado no antigo Complexo Educacional Nereu Guidi, entre as ruas Araranguá e Henrique Lage, na área central de Criciúma. 

"No Centro de Inovação nós temos várias possibilidades de a sociedade participar desse espaço, seja por meio de uma empresa residente, essa que é vinculada a um processo seletivo para poder fazermos a seleção dos projetos inovadores que serão instalados naquele equipamento. Nós podemos também ter a oportunidade de participar como visitantes onde estaremos nos instalando ali a partir de uma mensalidade, pagando a diária ou a mensalidade para a utilização daquele espaço para fins de trabalho. Nós temos espaços de coworking, salas de reuniões individuais para realizarmos reuniões remotas, salas de reuniões coletivas onde você pode locar para fazer um encontro empresarial, oferecemos espaços de uso individual como espaços de uso coletivo, áreas de uso comum, onde as pessoas podem utilizar para trabalhar. E tem muitas pessoas autônomas que às vezes não dispõem de um escritório para poder realizar suas atividades e podem alocar um espaço, um ponto de trabalho para exercer a sua atividade profissional”, explica a pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação, Inovação e Extensão da Unesc, Gisele Coelho Lopes.

Gisele também comenta que o Centro de Inovação de Criciúma conta com um espaço de serviço de endereço fiscal. “As empresas que queiram migrar para aquele endereço podem também solicitar esse serviço e também endereço postal. Então, o Centro de Inovação de Criciúma é um espaço para oportunizar negócios e oportunidades. Acredito que ele pode oportunizar às pessoas que utilizam aquele ambiente o acesso a muitas outras conexões a partir de pessoas que transitam naquele lugar”, observa. 

O empreendedorismo sempre esteve ligado à Unesc 

A pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação, Inovação e Extensão ressalta que a Unesc sempre esteve ligada à inovação e ao empreendedorismo, buscando ajudar o desenvolvimento regional. São mais de dez anos investindo em programas para ajudar empreendedores. 

Núcleo de Empreendedorismo 

O Núcleo de Empreendedorismo da Unesc visa potencializar a educação empreendedora, capacitando e apoiando ações inovadoras em benefício do desenvolvimento econômico, social e ambiental da região Sul de Santa Catarina.

Embora empreender seja um desafio, especialmente para os jovens, é fundamental seguir em frente para transformar sonhos em realidade. A jornada é repleta de obstáculos, mas a perseverança e a inovação são essenciais para superar as dificuldades e alcançar o sucesso. Empreender é mais do que uma busca por dinheiro, é uma maneira de criar oportunidades e moldar o futuro com coragem e criatividade. 

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