Estilo de vida hippie e sustento que vem do artesanato
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Por Vanessa Amando - vanessa.amando@engeplus.com.br
Em 22/07/2012 às 19:25
Foto: Fotos: Vanessa Amando
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Quem costuma passar pela Praça Nereu Ramos, no Centro de Criciúma, seja durante a semana ou aos sábados, já está habituado com os hippies e artesãos que montam suas exposições e trabalham no "coração da cidade do carvão". Como é o caso de Marco Antônio Goulart, de 47 anos, natural de Curitiba, no Paraná, mas que fixou residência em Criciúma há, pelo menos, sete anos. Ele conta que já trabalhou como cozinheiro, foi agente do Censo em 2000, também realizou serviços gerais de consertos em casas, mas que sempre esteve envolvido com a arte. "Já fiz vários bicos, em muitos lugares pelo Brasil, mas descobri esse gosto e o talento para os trabalhos manuais e artesanais há mais de 30 anos, então nunca deixei de fazer isso, é de onde tiro meu sustento", afirma.
Ele lembra dos anos 80, quando a filosofia de vida hippie era muito mais forte, e diz que também passou por essa fase. No entanto, como hoje tem residência fixa e vê no trabalho com o artesanato uma maneira responsável e honesta de conseguir o próprio dinheiro, ele defende que é um artesão, não apenas um hippie.
O trabalho manual e a Praça Nereu Ramos também são fonte de renda para Célio da Silva, de 46 anos. Ele nasceu em Imaruí, mas veio com a família para Criciúma quando tinha apenas cinco anos e é nesta cidade que ele compra os materiais naturais, a maioria couro bovino, confecciona os próprios artigos e os vende diariamente.
O artesão revela que tem cinco filhos, mas é separado da mãe deles, por isso o dinheiro conquistado com a venda das peças em couro também é usado para pagar pensão a eles. "Já fiz um curso técnico em elétrica predial e industrial, mas não consegui exercer essa função, o que eu gosto de fazer é mexer com o couro, criar modelos, trabalhar com o artesanato mesmo, que é o que eu sei fazer melhor", conta Silva.
Marco Antônio Goulart também usa materiais naturais para fazer suas peças. "Muita coisa pode virar arte. Faço o trabalho de modelagem, mas também muitos artigos com arame, couro, sementes, pedaços de osso, até caroço de manga, e o pessoal gosta bastante", destaca o artesão. O que ele reclama é dos "falsos artesãos, que compram as peças por valores muito baixos em outros estados e depois revendem por um preço abaixo do nosso. Além do cliente levar para casa um artigo que não é legítimo e tem qualidade inferior, isso prejudica o meu trabalho, por exemplo, que é 100% natural e original, pois eu crio as peças".
Os dois afirmam que já saíram de Criciúma, principalmente durante o Verão, quando visitam as praias atrás de clientes, mas nunca vão muito longe. "Sempre acabo voltando, o meu trabalho é aqui, minha casa, também é onde estão os meus filhos, dificilmente moraria em outro lugar", conta Célio da Silva.
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