Por Denis Luciano - denis.luciano@engeplus.com.br
Em 22/03/2017 às 20:00M. é uma bonita jovem. Tem 21 anos. Mora em Sombrio. Com os R$ 8 mil que ganha em média por mês, ajuda a pagar o aluguel dos pais e a colocar pão na mesa de parentes e até amigos. E ela tem um sonho. “Quero terminar um curso até o fim do ano e mudar de vida”.
M. está entre as dezenas de prostitutas que se sustentam oferecendo serviços sexuais às margens da SC-108, em Cocal do Sul. Elas são personagens da Rodovia do Amor, título conferido pelos vizinhos que convivem com anos de presença das moças por ali, dia após dia, em busca da farta e animada clientela.
“Eu atendia em casas da noite, mas o negócio anda ruim. Faz seis meses, me falaram dessa estrada. Fui, e gostei”, confidencia M. Profissional do sexo há três anos, desde os 18, ela prevê queda brutal nos negócios com a instalação de câmeras e fiscalização mais rigorosa da Polícia Militar no trecho da SC-108 no acesso a Cocal do Sul, medidas prometidas pelo prefeito Ademir Magagnin. “Os clientes vão ficar com medo de serem flagrados”, confirma a prostituta.
"Agora elas
vão sair"
Para o prefeito, a chance já foi dada para as meninas que vivem do vai e vem de clientes na Rodovia do Amor. “Há uns dois anos, levamos assistentes sociais ali, conversamos com elas, pedimos que dispersassem, oferecemos ajuda. Elas não nos ouviram”, conta Magagnin. “Agora, vai ser do nosso jeito. Vamos tirá-las dali, e agora vai ser para valer”, afirma.
Os apelos começaram no bairro Jardim das Palmeiras, cortado pela rodovia a partir do portal fixado no limite para quem vem de Criciúma. “Mas até ali é Morro da Fumaça”, lembra a vereadora Giovana Galatto, que levantou a polêmica. “Moro no bairro e sabemos de mulheres que já foram abordadas nas paradas de ônibus por homens querendo programas. Essa confusão causa muitos constrangimentos”, relata.
Mulheres do
bairro assustadas
O presidente da Associação de Moradores do Jardim das Palmeiras, Pedro de Faveri, é portador de histórias de medo das vizinhas. “Pelo menos duas vezes estudantes que voltavam de aulas à noite foram perseguidas por clientes das prostitutas querendo colocá-las à força dentro dos carros. Isso causou pânico aqui”, observa.
Mas M., a prostituta, reclama que as profissionais do sexo que atuam na Rodovia do Amor não foram ouvidas em busca de uma solução. “Ninguém veio nos perguntar. Eu concordo que as meninas não deveriam ficar nas paradas de ônibus. Bastava proibi-las e pronto, estaria resolvido”, assegura. “Agora, vão tirar o sustento de mulheres que não estão fazendo mal para ninguém ali. Não obrigamos ninguém a parar”, comenta M.
A Câmara de Cocal do Sul já aprovou e o prefeito sancionou projeto da vereadora Giovana Galatto que obriga os ônibus que transportam passageiros no trecho a liberá-los – mulheres, idosos e portadores de deficiência –, em quaisquer lugares, fora dos pontos, entre 21h e 6h. Até sexta-feira, o prefeito edita e despacha um decreto autorizando as polícias a intensificar a fiscalização e, caso necessário, remover as prostitutas da estrada.
“Só o fato de levantar esse debate já diminuiu bastante a presença delas ali. Houve dias em que mais de vinte meninas estavam no trecho. Sofremos com isso há dez anos”, destaca a vereadora. Em breve, uma comissão será formada para formalizar denúncia ao Ministério Público, visando mais apoio para desmobilizar as mulheres da Rodovia do Amor.
Em um mês,
quatro câmeras
O próximo passo, porém, será a implantação de quatro câmeras no trecho da SC-108 entre o portal de Cocal do Sul e os arredores da Polícia Militar Rodoviária (PMRv). “Se forem necessárias mais, colocaremos. Estamos lançando a licitação de 15 câmeras para toda a cidade e esperamos em trinta dias estar em condições de instalá-las”, revela o prefeito Magagnin.
Enquanto isso, embora a queda já notada no movimento, M. e suas colegas ainda usufruem da referência. Nesta quarta-feira, por volta das 16h, quatro profissionais do sexo esperavam clientes na estrada, duas abrigadas em uma parada de ônibus e outras duas em pontos diferentes do acostamento, separadas por pouco mais de um quilômetro. “Tiro uns R$ 200 a R$ 300 por dia ali, tem dias que faturo até R$ 600”, observa M., que atende sua clientela de terça a sexta-feira na Rodovia do Amor. E depois, com as câmeras? “Continuarei indo lá. Não fico em paradas e não estou cometendo crime algum”, conclui ela.
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