Criciúma

Sem o trilho? Vereador propõe desativação da linha férrea no Pinheirinho

Estudo contratado pela Prefeitura de Criciúma prevê necessidade de intervenção

Por Thiago Hockmüller - thiago.hockmuller@engeplus.com.br

Em 27/10/2023 às 13:56
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Foto: Divulgação/FTC

O traçado da ferrovia em Criciúma está em discussão. Partiu do vereador Miri Dagostim (PP) o requerimento que questiona a concessionária Ferrovia Tereza Cristina (FTC) sobre a transferência do pátio ferroviário localizado no bairro Pinheirinho e desta forma a desativação dos trilhos naquele local. 

Ao Portal Engeplus, a FTC afirma que responderá o requerimento até segunda-feira, dia 30. Para Dagostim, a desativação dos trilhos na região do Pinheirinho aumentará a segurança no bairro e também contribuirá no desafogo do trânsito da avenida Centenário e da rua Imigrante Meller, os dois principais acessos para a Universidade do Extremo Sul Catarinense para quem se desloca no sentido Centro/bairro. 

“O Pinheirinho é um polo educacional com a Unesc, o Cedup e o Bairro da Juventude e por onde passam 40 mil pessoas por dia. E no final do expediente passa o trem, que não tem mais porque passar ali. Estou questionando para fazer um estudo para retirar dali”, argumenta o vereador (foto ao lado).

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Depois de receber a resposta da FTC, o vereador prepara os passos seguintes para fomentar o tema e levá-lo adiante. Um deles é uma audiência com a direção da FTC, com participação do deputado estadual Pepê Collaço (PP). O outro é uma audiência pública com a própria comunidade do bairro Pinheirinho.

“Criciúma não tem mineração, que já cumpriu o seu papel e trouxe desenvolvimento quando precisava.  As minas são em Urussanga, Içara, Siderópolis, Treviso, Lauro Müller… precisamos de uma alternativa. A Acic (Associação Empresarial de Criciúma) está de acordo, inclusive para que se faça um traçado em anexo ao Anel Viário, que dá acesso a Siderópolis e para a região de Urussanga”, explica Dagostim.

 Plano de mobilidade urbana prevê intervenção 

O tema também faz parte do documento final do Plano de Mobilidade Urbana construído pela Consultran Engenharia, empresa de consultoria contratada pela Prefeitura de Criciúma com a finalidade de apontar o diagnóstico e prognóstico da mobilidade, com levantamento de soluções que melhorem o trânsito na cidade. 

Criciúma conta com cerca de 15 quilômetros de ferrovia, com projeção desde o bairro Cristo Redentor, no limite com Içara, até o bairro São Marcos, no limite com Siderópolis. Existe ainda o ramal que sai do Pinheirinho em direção ao bairro Ouro Negro, em Forquilhinha, somando mais 9 quilômetros de ferrovia.

Como diretriz do Plano de Mobilidade Urbana, há previsão para “implantação de uma nova avenida ocupando o atual traçado da Ferrovia Tereza Cristina, com a sua futura desativação”. Também ao Portal Engeplus, o arquiteto da Secretaria Municipal de Infraestrutura, Planejamento e Mobilidade Urbana, Giuliano Elias Colossi, explica que não há projeto em desenvolvimento ou planejamento concreto para uma possível intervenção. E que a ideia de avenida não necessariamente passa pela desativação da ferrovia na área urbana de Criciúma, ou seja, os trilhos poderiam ser mantidos no canteiro central.

“Tudo depende de conversa, da parte técnica e política, e vários setores da sociedade que tem que participar. Ele (Plano de Mobilidade Urbana) contempla a construção de uma avenida nas vias marginais da rede ferroviária Tereza Cristina. Não há previsão de retirada dos trilhos. Isso é questão da concessionária”, explica Colossi.

A ideia da abertura de uma nova avenida também demandaria um profundo estudo, já que ao longo da ferrovia há áreas residenciais próximas aos trilhos, enquanto outros locais são desocupados. “Precisa de grande projeto para definir qual o perfil viário e como a nova avenida iria se comportar ao longo dos bairros. Há desnível, área ocupada irregularmente e trechos abertos e mais rápidos. Não sou contra a ferrovia. Prefiro ela funcionando e gerando emprego, do que ter mais uma avenida, que, claro, vai servir com meio de transporte, mas tem que manter o trilho com os projetos corretos para manutenção do próprio sistema ferroviário”, justifica o arquiteto.

Mudança socioeconômica


Estudo conduzido pela Consultran aponta linha férra como demarcação física e social. (Foto: Divulgação/Unesc)

O Plano de Mobilidade Urbana não prevê prazo e como seria a intervenção ideal, apenas pondera sobre a necessidade de mudança. Para o vereador Miri Dagostim, a desativação da ferrovia, sobretudo na área do Pinheirinho, é preponderante para a transformação socioeconômica do bairro. O próprio estudo cita a necessidade de melhorias na malha para garantia do seu futuro e também cita a ferrovia como “barreira física e social”.

"É necessário investir no traçado e modernizar os trens, a fim de aumentar a velocidade média da ferrovia”, diz o estudo. “Os trilhos da ferrovia demarcam uma barreira física e social por onde passa, segregando uma parte da população em moradias e condições financeiras com menos poder aquisitivo e estrutura urbana”, completa.

Dagostim explica que o requerimento partiu do resultado da análise sobre o bairro, uma construção feita em conjunto com moradores e comerciantes. “Minha vivência é muito no Pinheirinho e sempre estou em contato com as pessoas. Percebemos que o bairro está parado, não está se desenvolvendo. A ferrovia tem potencial de investimento muito alto e pode sair dali. É uma medida viável e interessante para a cidade”, avalia Dagostim.

Sobre a FTC

A Ferrovia Tereza Cristina (FTC) é a concessionária da malha ferroviária sul catarinense. Com 164 quilômetros de extensão, passa por 14 municípios: Imbituba, Laguna, Pescaria Brava, Capivari de Baixo, Tubarão, Sangão, Jaguaruna, Içara, Criciúma, Siderópolis, Morro da Fumaça, Cocal do Sul, Urussanga e Forquilhinha, conectando o Porto com a Usina Termelétrica e o Terminal Rodoviário. 

Conforme dados da própria concessionária, com números levantados até 2022, são mais de 70 milhões de toneladas transportadas, mais de R$ 80 milhões investidos nos 14 municípios para o funcionamento da linha férrea e mais de R$ 297 milhões arrecadados ao Tesouro Nacional. Ainda conforme a FTC, são mais de 15 mil famílias atendidas por ano em projetos sociais, além da geração de mais de 140 empregos diretos. 

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