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Forquilhinha/SC - 26 de abril (Parte 7)

110 anos de fundação colonização alemã e 33 anos de emancipação político administrativo

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Por Willi Backes

Em 10/04/2022 às 09:35
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DE CRESCIUMA PARA CRICIÚMA

Em 30 de Dezembro de 1948, pela Lei Estadual n. 247, o município de Cresciuma passou a ser denominado de Criciúma.

O nome Criciúma, deriva de uma gramínea brasileira – criciúma asymmetrica, que é aparentada com a chusquea ramosíssima - que parece um pequeno bambu e era bastante encontrada na região. No idioma Tupi, o nome criciúma corresponde a “taquara lisa e delicada, delgada”, bambuzinho, taquarinha – kyruy-Syiuâ – ou facilitando: quirei-ci-ua. Tupi é lingua sem tradição escrita, então sibilando entre vogais se escreve c e não sc. 

Cresciuma, como se refere erradamente à planta, lei municipal, era uma forma de grafia antiga e equivocada utilizada na lei de criação do município – Lei nº 1516 de 4 de Novembro de 1924 - desmembrado de Araranguá, e usada em documentos oficiais até o final dos anos 40, quando através da Lei nº 247 de 30/12/1948, que delimitou a Divisão Administrativa e Judiciária do Estado, o nome do município passou a ser grafado como “Criciúma”.

Referência: IBGE - Índice dos topônimos da Carta do Brasil.

EDIFICAÇÕES PARA TRANSPOSIÇÃO DAS ÁGUAS

Os fundadores e colonizadores de Forquilhinha em 1912 e os demais que se seguiram, adquiriram terras planas e férteis, com miúdas florestas tropicais e bacia hidrográfica composta por inúmeros riachos e rios caudalosos, como os Rios São Bento e Mãe Luzia. Eram rios importantes no abastecimento hídrico e também na criação de peixes ditos da água doce e marítimos. O Rio Mãe Luzia com desague no Rio Araranguá, permitia que peixes como o robalo, tainha e outros, em cardumes, subissem as correntes do rio até ultrapassar a comunidade central de Forquilhinha.

Entretanto, as propriedades agrícolas e moradias do lado direito do Rio Mãe Luzia observaram dificuldades para abastecimento regular, consumo das famílias, animais e irrigação das lavouras.

Em 1946, em torno de 60 moradores proprietários de terras do lado direito do Rio Mãe Luzia, sob a liderança de Aloísio Back, topógrafo prático, criador do projeto de planimetria, iniciaram a construção de um “rio paralelo” ao Rio Mãe Luzia, para transposição das águas do Rio São Bento por canal central com 9 km de extensão até desague no Rio Araranguá. Considerando os valos construídos para atender individualmente e coletivamente as propriedades, foram edificados canais e valos com mais de 60 km de extensão.

Para ordenamento jurídico junto aos órgãos de fiscalização do Estado de Santa Catarina, foi criado a empresa “Granja Santa Terezinha Ltda”. As escavações iniciais desmoronaram devido a consistência das terras existentes, o que impôs a construção do canal principal todo ele revestido por tijolos em arco, permitindo a reposição das terras por sobre a construção e aproveitamento das áreas para o plantio.

No leito do Rio São Bento foi construído uma represa, captação de água para o canal com 30 metros de largura e 5 metros de profundidade.

A fabulosa obra construtiva resolveu o problema do abastecimento, e mais, anteviu a desgraça com o meio ambiente ocorrida duas décadas após quando as águas do Rio Mãe Luzia foram poluídas desgraçadamente devido a mineração de carvão ocorrida na vertente e curso inicial do rio.

A obra da construção do canal de irrigação e abastecimento em Forquilhinha, foi pra época e válida para todos os tempos, uma verdadeira epopeia quanto ao esforço e resultado construtivo, e que funciona regularmente até os tempos atuais.   

DEU-SE A LUZ EM FORQUILHINHA

Um ano após a elevação de Distrito de Criciúma, em 1950, Forquilhinha de forma associativa e cooperada, adquiriu um motor a gasolina e um gerador de força elétrica para fornecimento de energia, atendendo há algumas moradias e hotel instalado no centro da comunidade. Alfredo Steiner, proprietário do Hotel Forquilhinha, vigiava e colocava o motor em funcionamento até às 22 horas.

PONTE DE FERRO POR SOBRE O RIO MÃE LUZIA

Em Outubro de 1950 foi inaugurada ponte sobre o Rio Mãe Luzia, no centro da Vila da Colônia de Forquilhinha, com quatro longas vigas de ferro cedidas pela Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina, apoiadas em pilares no centro do rio. A ponte era prolongamento da rua João José Back, foi construída com participação de toda comunidade e com orientação técnica do Engenheiro José Frydberg, de Criciúma.

Durante décadas a ponte permitiu ligação entre as comunidades nas duas margens do Rio Mãe Luzia, até que após uma enchente de grandes proporções em 1986 ruiu no leito do rio. No local foi construída e inaugurada em 30 de Novembro de 2007, obra denominada “Passarela das Origens” de ferro para ciclistas e pedestres, com 72 metros de extensão.

De 1979 à 1986, quando ruiu, a Ponte de Ferro ficou limitada para uso apenas de pedestres, ciclistas e motociclistas.  

Em 02 de Agosto de 1976, portanto antes da Ponte de Ferro ruir no leito do Rio Mãe Luzia, a Prefeitura Municipal de Criciúma na gestão de Algemiro Manique Barreto e Fidélis Back, lançou edital e contratou construção da primeira ponte de concreto pré-fabricado, a 100 metros da ponte de ferro ainda em uso. Em Fevereiro de 1979, na gestão do Prefeito Altair Guid e Mario Sônego, foi inaugurada a nova ponte, denominada Ponte Gabriel Arns, com 110 metros de extensão, ligando a Avenida 25 de Julho com a Rodovia Antônio Valmor Canela, em direção ao município de Meleiro. 

EMPREENDEDORISMO NOS TRANSPORTES RODOVIÁRIOS

Em 25 de Julho de 1958, o empresário Mário Tiscoski, em Forquilhinha, iniciava formato de transporte de passageiros de forma coletiva, quando adquiriu e ele mesma dirigia um veículo Chevrolet Gigante.

Em 1976, o minerador Fidélis Barato tornou-se sócio da empresa que já fazia roteiros diários entre Forquilhinha e Criciúma. Em 1979 a sociedade adquiriu as empresas Expresso Rio Maina e Transportes Coletivos São Marcos com atuação em Criciúma.

Em 30 de Maio de 1980 a empresa passou a ser denominada Expresso Coletivo Forquilhinha. Em 1995, a empresa comandada por Mário Tiscoski e Fidélis Barato adquiriu a São Geraldo Transportes Coletivos e Socibra-Tursul Turismo Sul Catarinense, ambas da cidade de Tubarão/SC.

Em Criciúma, em 1960, o empresário Auzenir Guimarães fundou o Expresso Pinguim com frota de 5 kombis para transporte coletivo entre os bairros e centro da cidade.

 

Fotos/Reproduções:

7. Cresciuma Anos 40 – Estação 23.

7.0 Transposição das Águas, construção da Barragem.

7.1. Hotel Forquilhinha Anos 50

7.2. Frota ônibus de Mario Tiscoski Anos 60

7.3. Ponte de Ferro em Forquilhinha.

7.4. Ponte de Ferro ruída no leito do rio 1986.

7.5. Passarela das Origens.

7.6. Hotel – Postes para distribuição de Energia Elétrica.

7.7. Passeio e Lazer na beira dos Rios Anos 60-70.

 

Do autor:

26 de Abril (Parte 7) - Em pequenos “capítulos”, pesquisados em obras publicadas pelo Prof. Adolfo Back e inúmeras Famílias residentes, conhecimento pessoal, bem como em arquivos oficiais e públicos, resumo da trajetória histórica da comunidade de Forquilhinha.

Escusas pelos eventuais equívocos e/ou lapsos históricos. 

Leia mais sobre:

Forquilhinha,

110 anos de fundação de Forquilhinha.

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