Por Douglas Saviato - douglas.saviato@engeplus.com.br
Em 11/06/2017 às 19:46Os pesquisadores da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) registraram neste fim de semana, a morte de mais um boto da espécie tursiops truncatus, conhecida popularmente por boto da tainha ou boto pescador. O óbito foi constatado em Balneário Esplanada, pertencente ao município de Jaguaruna. De acordo com os biólogos do Projeto Boto Pescador, as lesões encontradas no animal durante a necropsia, indicam graves lesões de pele conhecidas como um tipo de lobomicose.
A lobomicose é uma doença causada pelo fungo lacazia loboi, que além de acometer pequenos cetáceos, ocorre também em humanos. O número de relatos em nível mundial aparentemente tem aumentado e está provavelmente relacionado a poluição das águas por diversos agentes, como rejeitos industriais, agrotóxicos, esgoto doméstico e combustíveis.
“Ela ocorre em seres humanos, mesmo não havendo o contato direto com os golfinhos. As pesquisas indicam que a poluição leva a imunossupressão diminuindo as defesas naturais do indivíduo, propiciando o desenvolvimento da doença”, explica o biólogo da Udesc, Pedro Castilho.
De 2012 até agora, já foram registradas mortes de 23 botos ao longo do litoral centro sul de Santa Catarina e Complexo Lagunar, que abrangem três lagoas (Santo Antônio dos Anjos, Imaruí e Mirim), além do Rio Tubarão. Do total de óbitos, 13 eram botos que nasceram e se desenvolveram na região. De acordo com os biólogos, muitos morreram de causas naturais, presos em redes de pescas e por doenças relacionadas com as condições deficitárias do meio ambiente.
Monitoramento de lagoas
O projeto Boto Pescador, vinculado a Udesc, busca parcerias para reverter os números negativos. A intenção dos pesquisadores é fazer um estudo detalhado de todo o complexo lagunar, por meio da alta tecnologia. Neste domingo, os estudiosos percorreram boa parte da Lagoa Santo Antônio dos Anjos, justamente para registrar a situação do local.
Com o apoio de uma equipe de Florianópolis, especializada em pesquisas marinhas, os biólogos fizeram gravações com o auxílio de uma embarcação robotizada e um drone. “A nossa intenção é monitorar a área ocupada pelos botos no complexo lagunar. Isso corresponde a 50% de todo o espaço entre as lagoas de Laguna, Imaruí e Imbituba. Com o auxílio da tecnologia, nós conseguimos aferir a batimetria, a qualidade das águas e prever situações de ameaças para a espécie”, relatou Castilho.
Uma plataforma para o desenvolvimento de um drone aquático já está em fase de projetos, mas demanda recursos e parcerias. Com o equipamento finalizado e em atividade, será possível realizar o monitoramento e ainda traçar metas para o cuidado efetivo com o ecossistema. “Tudo é reversível, mas é preciso que façamos o trabalho em seguida. Quanto maior a demora, mais difícil será a reversão dos problemas encontrados no meio ambiente”, informou Roberto Böell, também pesquisador do Projeto Boto Pescador.
Colaboração: Rodrigo Speck / Comunicação Boto Pescador - Udesc
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