Por Lucas Renan Domingos -
Em 09/10/2024 às 19:19Um júri popular está marcado para esta quinta-feira, dia 10, a partir das 9 horas, na 2ª Vara Criminal da Comarca de Criciúma. O julgamento decidirá sobre a absolvição ou condenação dos acusados de serem os autores do assassinato de Edson da Rosa, de 43 anos, no dia 1º de novembro de 2022, no bairro Colonial, em Criciúma. Os réus são o filho e a ex-esposa da vítima.
O corpo de Rosa foi encontrado horas depois dele ser morto, quando policiais militares foram até a casa dos réus e encontraram a vítima sem vida. O filho dele, que atualmente tem 21 anos, relatou a época que estava na casa onde morava com a mãe, a esposa e seu filho e que seu pai, que havia deixado a residência há um mês, retornou ao local para pegar documentos, momento em que houve uma discussão.
Ainda durante seu depoimento, o acusado disse que o pai pegou um canivete e partiu para cima da sua mãe. Para protegê-la, ele reagiu e foi esfaqueado na mão, mas conseguiu aplicar um golpe “mata-leão” em Rosa até ele desmaiar. Após isso, o filho disse que foi até um hospital para tratar o ferimento, onde foi interrogado pelos policiais.
Após ouvirem o filho, os policiais foram até a casa e abordaram a ex-esposa da vítima, que tem 43 anos. Ela confirmou que seu ex-marido e filho brigaram, mas que ambos saíram do local após a discussão.
Os militares pediram para entrar na casa, pois havia a suspeita de que havia um corpo no local. Nesse momento, a mulher mudou a versão e disse que durante a briga o seu filho foi atingido com uma facada na mão e conseguiu arrancar a faca do pai, desferindo diversas facadas em seu marido. A vítima foi atingida 24 vezes.
Mãe e filho chegaram a ser presos em flagrante, mas liberados no dia seguinte. A faca e o canivete utilizados no dia do crime foram apreendidos. Após a investigação, a Polícia Civil constatou que o assassinato foi premeditado. Para os investigadores, os dois planejaram o crime para obter benefícios financeiros com a morte. Com isso, eles retornaram para o sistema penitenciário no dia 18 de maio de 2023, após a Justiça autorizar a prisão preventiva de ambos.
Foto: Divulgação/Polícia Civil
Acusação
A promotora de acusação durante o juri popular será Greice Chiamulera Cristianetti. A advogada de defesa da família da vítima, Aline Marques, será a auxiliar da promotoria durante a manifestação. Ela reforça a versão da Polícia Civil de que o crime foi premeditado.
“Na época, Edson estava separado, já havia saído da casa há 30 dias, mas precisava pegar documentos que estavam na casa dos réus, onde também morava quando casado. Sabendo dessa necessidade, sua ex-esposa insistiu que Edson fosse pessoalmente buscar, com a ameaça de que, se não fosse, iria jogar fora os documentos. Edson foi até a casa e, ao pegar os documentos, foi golpeado pelas costas pela ex-esposa. O filho segurou Edson, impedindo que ele pudesse reagir e a ex-esposa seguiu o esfaqueando”, afirmou Aline.
Ainda conforme a advogada de defesa, os laudos periciais apontam que o filho também é suspeito de desferir facadas na vítima, já que os ferimentos foram ocasionados por uma faca e por um canivete.
“O motivo do homicídio foi a possibilidade de quitar o financiamento da casa. O contrato previa que a morte do contratante, no caso Edson, gerava a quitação. Além disso, eles receberiam a pensão por morte. O objetivo foi alcançado, porque atualmente a ex-esposa recebe a pensão e a casa está quitada. Após o homicídio, os réus alegaram que existia violência doméstica, mas não existem registros de violências de Edson, assim como não há nenhuma prova de qualquer violência dele contra os réus no dia do fato, já que não tinham lesão”, acrescentou a advogada.
Defesa dos réus
Para o advogado de defesa dos réus, não houve premeditação do crime. “O entendimento da Polícia Civil e do Ministério Público está equivocado. E nós vamos demonstrar isso amanhã durante o juri. Como que uma pessoa pode premeditar um crime na casa onde eles moravam? E de que forma eles iriam transportar este corpo, se nem carro eles tinham?”, questionou Frank Bez Fontana, um dos advogados que defenderá mãe e filho no julgamento.
A defesa dos réus também refuta a acusação sobre a motivação do crime ter sido benefício financeiro. “O Edson e a minha cliente tiveram uma união de 19 anos. A casa onde eles moravam já era dela. O pai dela deu para ela. Além disso, o tempo em que eles estiveram juntos caracteriza uma união estável. Ou seja, na separação os dois teriam direito da repartição dos bens”, enfatizou Fontana.
Durante o juri, os advogados de mãe e filho ainda confirmarão que apenas ela efetuou as facadas. Eles ainda argumentarão que a vítima de homicídio possuía histórico de violência doméstica. “Eles tiveram uma discussão. O Edson pegou um canivete e foi para cima da minha cliente. O filho foi defender ela e foi esfaqueado na mão. Ela pensou que o Edson tinha atingido o seu filho e reagiu, esfaqueando o Edson”, justificou o advogado.
“O Edson era, sim, um homem trabalhador. Isso não tem como negar. Mas fora de casa ele era totalmente diferente de como se comportava dentro de casa. Nós vamos comprovar isso”, afirmou.
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