No Limite do Fato

Falece Dilson e lá se vai mais um pedaço da história do Grupo Freitas

Era um dos dois únicos com verve política na família, além de Diomício - o outro foi Dite

Por Aderbal Machado - aderbal.machado@engeplus.com.br

Em 10/04/2021 às 12:57
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Desde quando nem sonhava em trabalhar com o Grupo Freitas, antes até de 1961, data em que cheguei a Criciúma para ficar durante 22 anos ininterruptos, já o conhecia e começou quando ele, representando o grupo, recebeu Doris Monteiro, a grande cantora da velha guarda, que se apresentou na cidade. Era um jovem, nos idos, sei lá, de seus 20 anos, se tanto.

E quando, alguns tempos depois, ingressei no Grupo Freitas como radialista e jornalista e ali fiquei por tantos anos gloriosos e profícuos, passamos a conviver mais próximos, inclusive no mesmo prédio, na Rua Ruy Barbosa. A sede do Grupo era no primeiro andar e no térreo e a rádio no segundo andar.

E então houve uma sequência de fatos até históricos, principalmente na área política, naquele turbilhão valioso de acontecimentos das décadas seguintes, até a morte de Diomício, em 1981. 

Creio até que ele foi da direção do mítico Esporte Clube Metropol, time criado pel Grupo para gerar união social dos empregados. Até hoje insubstituível time, histórica e profissionalmente falando.

Político de sangue e alma, Diomício, o velho capitão, se envolvia até a medula - sendo candidato a deputado federal e vencendo e depois promovendo companheiros, como o saudoso Adhemar Ghisi, tantas vezes eleito com o seu apoio estrutural, financeiro e pessoal.

E no curso do tempo, muitas campanhas se sucederam - de caráter estadual e municipal - e Diomício, quando não podia estar presente, delegava isso a Dilson, o menino que adorava e o único, quem sabe, com verve herdada dele mesmo, Diomício. Pois gostava de política. Presidiu a Arena de Criciúma e eu o vi, várias vezes, compondo missões da política sob procuração e orientação segura do pai.

No entanto, por essas coisas que a política não explica, jamais o velho Diomício quis filhos candidatos. Preferia ver funcionários seus indo pra labuta com o seu apoio.

E dois foram muitas vezes citados como eventuais candidatos, até a prefeito: Dite (José Francioni Deusdedith - daí o apelido - de Freitas) e Francisco Dilson de Freitas, ou apenas Dilson. Citados, porque Diomício embargava na hora. Dizia que "bastou ele ser candidato". E nunca ninguém se atreveu a contrariá-lo. 

A vida empresarial de Dilson passou por muitas fases, quando na força máxima do grupo e quando ele, na prática, já não existia. A última que lembro foi quando comandou o velho Hotel Ouro Preto. Poucas vezes nos vimos depois disso.

Tinha uma enorme capacidade de aproximar-se de pessoas de quem gostava ou admirava. Hoje se fala muito em empatia. Que seja. E a dele foi formidável sob todos os aspectos.

Dilson deixa a missão após uma longa enfermidade, vitimado - mais um - pela horrorosa Covid-19. 

Que sejam seus exemplos presentes. Com ele, desaparece também um pedaço do Grupo Freitas e tudo o que representou em desenvolvimento e força do sul de Santa Catarina, principalmente Criciúma. 

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