Por Rafaela Custódio -
Em 30/05/2022 às 09:50Ser mulher e atleta de futebol não são tarefas fáceis nos dias atuais. As jogadoras enfrentam preconceito, campos ruins, campeonatos desgastantes e pouco apoio dos clubes. Imagina ser mulher e atuar com o futebol na década de 90? A situação era ainda pior. Nada disso foi empecilho para Sabrina Cassol, mais conhecida como Bina. Com 39 anos, atualmente ela é técnica da equipe feminina do Criciúma.
Natural de Concórdia, ela foi atleta e sua primeira competição oficial foi em 1998, no time de Seara. "A gente jogou o primeiro estadual adulto em Santa Catarina. Fui campeã em 1999 e já fui pra minha primeira Taça Brasil de futsal. Depois eu joguei um Gauchão no time da Associação Erechim, depois joguei em Videira e acabei parando aqui em Criciúma", relembra.
Bina ainda ressalta o quão era difícil jogar futebol feminino. "Eu morava no interior de Concórdia, na roça mesmo, então era difícil ter time. A gente jogava entre as nossas amigas e jogava com os meninos na escola, aí depois a gente se mudou e foi onde eu tive na escola até uma seletiva. Eu fiquei e foi onde a gente montou o time da escola e começamos a jogar competições. Nunca vou esquecer do primeiro campeonato, pois fomos campeãs e ainda fui artilheira", destaca.
A atual técnica conta ainda sobre o apoio da família. "Minha mãe sempre me apoiou, ela achou competições para jogar e buscava os campeonatos para nós jogarmos", recorda. "Em 2000, eu vim jogar uma competição emprestada que uma amiga minha, a Cris, que jogava aqui por Criciúma, só que como ela tinha mudado de serviço, ela não ia conseguir. Aí ela me indicou pro professor Mazinho e eu vim emprestada pra jogar no universitário. Em 2001, eu vim pra morar em Criciúma", conta.
Como virou técnica?
Em 2007, Bina sofreu uma lesão e acabou desistindo do futebol, porém não deixou suas companheiras e seguiu ajudando fora de campo. "Falo sempre que eu comecei ao contrário, de cima pra baixo, porque eu peguei um time que jogava a liga nacional. Então, a gente jogava contra o Chimarrão, que era o time favorito no futsal. Como treinadora, a gente ganhou de 5 a 1 delas, na casa delas. A partir daí, eu fiquei dando treino e seguindo o caminho de treinadora", explica Bina, que é formada em Educação Física pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc).
Evolução do futebol feminino
Bina comenta que o futebol evoluiu nos últimos, principalmente no Criciúma. "Hoje a gente tem testes, temos meninas muito pequenas interessadas em jogar futebol. Eu acho que o esporte é uma referência pra tudo. É uma pena que nossos políticos não enxergam desta forma. Até brinquei esses dias assim, poxa, a gente vê emenda parlamentar para diversos assuntos, e para o esporte? Acho que o esporte no Brasil poderia ser muito mais forte. A gente consegue ver que muitas pessoas podem mudar de vida através do esporte. A gente vê pelo time do Criciúma. Aqui tem meninas do Maranhão, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina", comenta.
"No time do Criciúma já tivemos uma atleta que morava na rua e conseguimos resgatar a história dela. Atualmente, ela é formada na faculdade, está trabalhando e mudamos a vida dela em virtude do esporte".
Futuro do futebol feminino
A ex-atleta comenta que o futebol feminino está crescendo. "A modalidade tem crescido dia após dia com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) investindo e ajudando o futebol feminino. Temos tudo para crescer ainda mais. Já em Santa Catarina, teremos reuniões para pensarmos melhor na modalidade. Chapecoense e Brusque estão na Série B do Campeonato Brasileiro, mas e o futebol feminino?", questiona.
Bina está no Criciúma desde 2016. "Nesta temporada, tivemos uma conversa com o presidente do Tigre, Anselmo Freitas, e ele está apoiando a equipe feminina. Temos patrocinadores próprios, trouxemos o terceiro lugar dos Jogos Universitários Brasileiros agora em maio. Vamos disputar no próximo mês a Série A3", frisou. Atualmente, são 28 meninas alojadas, de 16 a 27 anos no elenco.
Reconhecimento de Criciúma
Para Bina, o reconhecimento com o futebol feminino de Criciúma é realizado em todo país, mas poderia ser maior na própria cidade. "O nome do Criciúma é muito forte, a camisa do Criciúma é muito forte. A nossa formação, a base, as atletas que nós revelamos no Criciúma são muito fortes, mas o reconhecimento é pequeno diante de todos os nossos feitos nos últimos anos", destaca.
Mensagem para atletas
Bina ainda deixou uma mensagem para atuais e futuras atletas. "Se eu pudesse deixar uma mensagem como atleta e também como incentivadora do futebol feminino, uma pessoa que briga pelo futebol feminino, é dizer pras meninas que não desistam dos seus sonhos, que por mais que eles sejam difíceis, falo por mim, eu morava no interior, pensava que não queria ficar no mesmo lugar. Eu queria jogar futebol e eu consegui sair de lá, consegui achar um time, consegui jogar e hoje eu vivo com o que eu mais amo, que é o futebol. Então, nada é impossível se a gente correr atrás", finaliza.
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