Cuidados

Relacionamento abusivo: entenda como identificar a situação

Psicóloga Jéssica Pereira explica detalhes e consequências

Por Rafaela Custódio -

Em 24/01/2019 às 13:35
imagem da noticia
Foto: Divulgação

Relacionamento deveria ser um momento especial para todo casal. Mas muitas vezes não é assim que acontece. Não ter voz, ser julgado, se sentir inferior a outra pessoa, é desta maneira que muitos se encontram em uma relação. Caso isso esteja acontecendo é preciso cuidado.

De acordo com a psicóloga Jéssica Pereira, relacionamentos abusivos fazem com que a outra pessoa não tenha direitos, condições e é limitada a diversas ações. “Isto configura um relacionamento abusivo. Estas relações são também chamadas de tóxicas e podem envolver desde abuso de ordem psicológica, quanto financeira e sexual. Quando existe um indivíduo abusado dentro de uma relação, existe fundamentalmente um outro que se coloca no papel de abusador”, explica. 

Jéssica ainda conta que muitas vezes a vítima não percebe que está dentro de uma relação tóxica. “A vítima somente vai se dar conta quando começa a lidar com as agressões físicas que vivencia. Isto acontece porque ainda não é dado para o sofrimento psicológico a mesma importância que o sofrimento físico tem”, relata. “Outro fator que contribui para a dificuldade de se dar conta é o modelo machista que ainda se instala em muitas culturas. Assim, as mulheres acreditam que é papel delas a submissão e a passividade diante do autoritarismo dos homens, aceitando essas violências sem se darem conta dos seus direitos”, acrescenta.

Continua após anúncio
Fim do anúncio

A psicóloga ainda comenta que existem alguns sinais importantes que podem ajudar o indivíduo a se dar conta sobre estar dentro de um relacionamento abusivo, como a perda de autonomia, ciúme excessivo, manipulação, jogos psicológicos, comportamentos persecutórios e investigação do que a vítima está fazendo quando não está demonstrando que ama o/a parceiro (a).

“Geralmente, este formato de relação é cíclico: inicia com muitos carinhos, surpresas inusitadas, demonstrações de afeto, vai então para as restrições que envolvem ciúmes e controle sobre a vítima, se torna destrutivo implicando em grande sofrimento para a vítima que se fragiliza e, assim, o abusador volta para as demonstrações de afeto”, detalha.

Segundo Jéssica, o relacionamento abusivo é um formato de relação que pode acontecer quando um indivíduo com traços controladores e impulsivos, com baixa tolerância a frustração. “Não existe idade para que se desenvolva estes traços de personalidade. São as experiências, principalmente na infância, que foram calcadas na baixa tolerância a frustrações, na onipotência e no autoritarismo que contribuirão para o desenvolvimento das características abusivas e qualquer evento gatilho poderá ativá-las. Geralmente se percebe nestas relações uma figura controladora e uma outra passiva e que possui uma baixa autoestima para conseguir estabelecer limites para o outro”, afirma.  

Jéssica explica que quando o indivíduo perceber que está vivendo em uma relação abusiva, precisa procurar apoio psicológico para aprender a administrar o relacionamento e se proteger dos efeitos nocivos que traz. “Às vezes, o afastamento do parceiro é fundamental para que maiores danos não sejam causados. Este apoio pode ser encontrado através de atendimento psicoterapêutico particular ou pelo plano de saúde, através de profissionais voluntários que atendem na região e de programas oferecidos pelas clínicas da própria cidade. Conversar com alguém a respeito pode ajudar também na tomada de consciência dos riscos de viver dentro desta relação”, observa.

“O controle é uma forma de defesa contra possíveis frustrações. Então, quando existe o medo excessivo em torno de alguma perda o indivíduo poderá desenvolver o controle para evitar concretizar esta perda e, consequentemente, o seu sofrimento. Às vezes não se caracteriza dentro de um transtorno e embora o traço psicopático seja uma característica marcante dos abusadores, há abusadores que exercem o controle porque aprenderam que é assim que se relaciona, ou no caso do homem enquanto abusador, é isso que é ser homem”, finaliza Jéssica.

Leia Mais: 

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: UM CRIME SEM CLASSE SOCIAL, COR OU APARÊNCIA

Leia mais sobre:

Relacionamento abusivo.

Receba as principais notícias de
Criciúma e região em seu WhatsApp.
Participe do grupo!

Clique aqui

Confira mais de Saúde