Por Jessica Rosso Crepaldi - jessica.rosso@engeplus.com.br
Em 25/10/2024 às 17:35Outubro foi um mês difícil e conturbado para Josiane Vieira Oscar, 35 anos. Ela é mãe da Cecília Oscar Leonor de três meses, que sofreu nesse período com coqueluche. Cecília é o primeiro caso oficial deste ano em Criciúma, e foi registrado nesta semana no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
Além da infecção respiratória, causada pela bactéria Bordetella pertussis, a menina teve, ao mesmo tempo, bronquiolite, uma infecção viral que causa inflamação nas vias aéreas que levam o oxigênio aos pulmões.
Josiane relatou que foram quatro idas na emergência do Hospital Materno Infantil Santa Catarina (HMISC), sendo atendida por quatro médicos diferentes, e só na quarta vez, com dois documentos assinados pela pediatra da menina e por uma médica do posto de saúde do Cristo Redentor, é que Cecília foi internada.
A bebê de três meses começou a ter sintomas no dia 3 de outubro deste ano. No dia 6 ela teve um pico de febre, e a mãe juntamente com o pai resolveram ir pela primeira vez ao hospital. “A médica disse que eram sintomas gripais, e que ela ainda era muito novinha para tomar antibiótico. Foi medicada com paracetamol para baixar a febre e mandou para casa”, relembrou.
Após uma semana, a bebê começou a ter uma ter crises de tosse seca. “Achávamos que era devido à gripe. Na semana do dia 13 até o dia 17, foi a semana do pico, quando a crise ficou mais forte”, comentou. A mãe detalhou como a situação foi difícil. “Cecília não teve febre, mas tossia de uma maneira que ela se afogava, ela ficava cianótica e a tosse foi aumentando”, disse.
Entre idas e vindas ao hospital, a situação de Cecília foi piorando, a ponto da menina não conseguir dormir e não querer mais ser amamentada. “Dava crises de tosse e vomitava. Começamos a reparar que ela foi ficando esverdeada e azulada ao redor dos olhos. Ligamos para a minha sogra e ela disse para levarmos para o Hospital Santa Catarina de novo”, contou.
Desidratada e com bastante secreção, dessa vez a bebê recebeu bolsa de soro e passou por uma aspiração. A mãe relembrou que a menina chegou a vomitar com um pouco de sangue. “Uma judiaria. Eles mandaram a menina para casa com prednisona, um medicamento antialérgico, e mandaram fazer lavagem, com soro fisiológico de cinco a oito vezes por dia", pontuou.
As crises foram ficando mais fortes. “Ela tossia e gemia de dor”. No dia 15 de outubro a mãe conversou com um amigo que a orientou a levar a menina na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde realizou um raio-X. “A Cecília foi atendida na UPA como nunca tinha sido atendida no Hospital Santa Catarina. Já botaram ela para fazer a triagem e ela deu uma crie de tosse e eles nos acolheram, levaram a menina para dentro, e a médica logo atendeu”, relembrou.
Cecília passou por uma lavagem e a mãe recebeu o resultado do raio-X, como tendo um pouco de catarro no pulmão. “A médica da UPA receitou azitromicina, um antibiótico, e foi aí que ela começou a apresentar melhora”, afirmou a mãe.
No dia 17, a bebê foi avaliada pela pediatra que a atende mensalmente. A mesma avaliou a menina como tendo além de coqueluche, bronquiolite, e fez o encaminhamento ao posto do bairro de Cecília para fazer exame.
“Fomos no posto e a doutora Marina, também maravilhosa, avaliou a Cecília. Viu que a saturação estava baixa. Ambas as médicas encaminharam cartas para internação dela no hospital”, ressaltou. Precisando de oxigênio, a mãe retornou ao Hospital Materno Infantil Santa Catarina, com a filha tendo fortes crises. “Aí já botaram a pulseira amarela e já encaminharam para o médico. Ele olhou para minha cara e disse que o quadro da Cecília era de bronquiolite e coqueluche”, disse.
Cianótica, a menina foi internada e recebeu oxigênio por três dias, tendo permanecido no hospital por sete dias. A bebê recebeu alta na última quarta-feira, dia 23, mas ainda vai passar por fisioterapia. “Demorou para ser diagnosticada, poderia ter acontecido algo muito pior”, afirmou.
Josiane ressaltou que conhece outros setores do hospital. Ela enfatizou que a unidade sempre a atendeu bem quanto a maternidade, centro cirúrgico, obstetrícia, entre outros serviços, mas relatou sua preocupação quanto a emergência. “Eu tive meus dois filhos na maternidade, eu amo a maternidade. Eu acho que eles [os profissionais] são muito humanos, prestativos e capacitados. Eles dão muito suporte para a mãe, enquanto gestante. Mas a emergência não funciona”, finalizou.
Na quarta ida ao hospital, a bebê passou a ser tratada como um caso suspeito de coqueluche, e por isso a Vigilância Epidemiológica foi notificada e fez a coleta do material, encaminhado para a investigação laboratorial, que resultou em positivo após cinco dias. O resultado foi divulgado ontem pelo Portal Engeplus.
O que disse o Hospital Materno Infantil Santa Catarina?
Por meio da assessoria de imprensa, o representante do hospital falou sobre o caso. "O diagnóstico desta patologia se baseia na presunção clínica de sua presença, que é facilmente confundida com resfriado comum, ou qualquer afecção de vias aéreas superiores, que igualmente produz tosse tipo irritativa. Há que pensar na possibilidade com a manutenção dos sintomas e o eventual aparecimento de uma quinta coqueluchoide, uma tosse típica, que é eventual, para se pensar nesta afecção, plenamente justificando a demora no diagnóstico que pode ser confirmado laboratorialmente, uma vez que ocorra uma suspeita clínica", afirmou o diretor técnico do HMISC Alexandre Buffon.
Segundo caso foi positivado nesta sexta
Nesta sexta-feira, dia 25, a Vigilância Epidemiológica de Criciúma confirmou o segundo caso positivado de coqueluche. Trata-se de um bebê de 29 dias, que está hospitalizado.
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